Há dias uma amiga me disse que eu deveria ser mais feminina. Na hora não soube o que responder e fiquei com aquela cara de "como assim?". Tudo bem que não sou o melhor exemplo de "dama", mas daí a ser chamada de "pouco feminina" existe uma imensa distância.
Toda vez que a gente ouve algo inesperado, a resposta foge, né? E a gente só lembra de 332 argumentos depois, geralmente bem depois. Só que dessa vez eu não tive respostas, tive perguntas. Duas, para ser mais exata: O que é ser feminina? O que é ser masculina?
Ser feminina é não ter uma profissão, sonhar em casar com um bom partido, usar laço no cabelo, sapatinho de cristal ou não ter renda própria?
Ser masculina é dividir as contas, morar sozinha e não precisar de ajuda pra trocar lâmpada?
Quem falou que as coisas são assim? Onde tá escrito isso?
Aliás, sabendo que há muita diferença entre homens e mulheres, costumo dizer que há "coisas de menina" (se lembrar da data que conheceu o gatinho, escolher uma música para ser o "tema de nós dois", se desesperar com meio quilo a mais na balança) e "coisa de meninos" (esquecer o aniversário da própria mãe, pegar a 1a camisa da gaveta, não perceber que cortamos o cabelo). Já sofri tanto por ele não se lembrar que em tal dia fazia 3 meses que nos conhecemos. Hoje em dia sei reconhecer que "coisas de meninas" nem sempre são importantes para os meninos. E "coisas de meninos" às vezes assustam as meninas.
E vamos combinar que esse assunto já encheu o saco há muito tempo. Eu, pelo menos, não aguento mais. Mas insistem nisso, fazer o quê?
Então, sigo reafirmando minhas idéias sobre ser feminina, que está muito além dos laços de fita ou da eterna dependência financeira. Ser feminina, ser mulher, está ligado ao que passa no coração.
Hoje em dia confunde-se muito "ser feminina" com "ser inútil" ou, pior ainda, com ser "pegadora".
A gente conquistou, a duras penas, muitos direitos e não me parece inteligente deixá-los todos escorrerem pelo ralo só pra não ter de colocar a mão na massa, não ter de fazer esforço. E muito menos deveríamos desvalorizar o que conquistamos agindo como se fôssemos homens. Não somos.
Tudo tem limite. Inclusive os tais frutos da liberdade. A mulher tem direito de chegar no cara que ela tá a fim? Claro que tem. Tem direito de transar com quantos estiver a fim (um de cada vez ou todos juntos, tanto faz)? Claro que sim.
Só que a maioria não aprendeu a fazer isso direito. Já reparou que a maioria diz que não se importa de o cara nunca mais ligar pra ela, mas na verdade sofre horrorres quando ele some?Outras se transformaram em devoradoras de homens e tem vários aos seus pés. Isso é ser feminina, é ser mulher? Pra mim isso é carência.
Não acredito nesse discurso de "eu pego mas não me apego". Pra mim, é tudo mentira: elas até se divertem um pouquinho mas tomam remédio pra dormir só pra não terem de pensar se aquilo as está fazendo feliz.
Tem muita mulher exagerando na dose, achando que aquilo a torna atraente, fatal, mulherão.
Ou, então, ao contrário: ainda tá esperando pelo príncipe encantado.
Continuo achando que a espontaneidade é fundamental. Por isso, não vou mudar: serei feminina pelo meu jeito de olhar o mundo, de amar meu homem e de me comover com a Lua linda que tá fazendo lá fora.
Os sapatinhos de cristal, as dependências emocionais ou financeiras, as inversões de papel, eu deixo pra quem ainda não descobriu como é bom ser você mesma.
Que pena que tem mulheres que não descobriram como é ser elas mesmas.
ResponderExcluirè isto que nos fazem ser femininas.
Concordo com louvor .
Com carinho Monica
Aline,
ResponderExcluiradorei seu post e estou com você!
"Ser feminina, ser mulher, está ligado ao que passa no coração".
Essa tua frase disse tudo!!
Tem uma reportagem da revista época que testa se o cérebro tem sexo femino ou masculino.Entra lá
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI65446-15224,00-QUAL+E+O+SEXO+DO+SEU+CEREBRO.html
e depois me conta o que deu!!
Beijos minha querida
Lembrei deste texto da Leila Ferreira:
ResponderExcluir"Uma vez perguntaram à feminista Gloria Steinen por que ela nunca tinha se casado. A resposta foi curta e grossa: “Porque não reproduzo em cativeiro”. Há mulheres um pouco mais complexas - aquelas que podem até reproduzir, mas não produzem em cativeiro. Sendo que cativeiro, aqui, nem sempre significa um relacionamento asfixiante e repressor. Às vezes, pelo simples fato de ter um namorado firme ou estarem casadas, algumas mulheres murcham e desbotam - perdem o viço e a cor. O marido pode ser ótimo, o namorado idem, mas elas se encolhem quando viram a metade de um casal.
Fazem programas só com Ele (com maiúscula, mesmo), se afastam das amigas, param de dançar porque Ele não gosta, não vêem mais seu tipo preferido de filme porque não coincide com os d’Ele, pensam três vezes antes de falar, não prestam suficiente atenção nos outros homens e vão virando mulheres apagadas e desinteressantes, mulheres “acasaladas” que não conseguem existir por inteiro. Aos poucos vão se esquecendo de como eram antes d’Ele: os lugares onde gostavam de ir, as músicas que ouviam, as risadas sonoras que davam, as viagens que faziam com as amigas e as opiniões que emitiam sem medo. Ao contrário das heroínas dos contos de fadas, essas mulheres só acordam quando o príncipe desaparece. Um final de namoro, uma viuvez, um divórcio e, depois da dor, elas renascem. Voltam a florescer e a produzir. Vão se lembrando aos poucos dos gestos que faziam antes d’Ele, do gosto que a vida tinha antes que Ele chegasse e reaprendem a viver sem ser pela metade. Voltam a ser mulheres interessantes.
Mas não são só elas, essas mulheres que se anulam, que parecem não funcionar muito bem no formato “casal”. Há também aquelas que simplesmente não gostam do tal formato. Não nasceram pro amor em forma de compromisso - aquele amor que costuma incluir prestação de contas, relógio de ponto, balancete e relatório anual. Amam, desejam, se apaixonam, mas não têm vocação pra ser casal. E que mal há nisso? Sempre achei que, da mesma forma que existem testes vocacionais pro trabalho, talvez devessem existir testes que avaliassem a vocação pro amor. Se nem todo mundo tem obrigação de ter vocação pra ser engenheiro ou analista de sistemas, por que se espera que todos nós - principalmente as mulheres - temos que carregar no DNA a vocação pro casamento nos moldes tradicionais? Por que não viver o amor de acordo com a vocação de cada um?
Hoje fiquei observando uma mulher de seus 35 ou 40 anos que renasceu depois de uma separação. Não, ela não está com outro, como costumamos dizer. Está só, mas tem se sentido muito bem com a própria companhia. Voltou a estudar, a sair com as amigas, a trabalhar com gosto. Aos poucos está se lembrando de como era antes do casamento e chegou à conclusão de que prefere ser daquele jeito. Há mulheres que são assim - ficam mais interessantes quando estão sós. Podem até estar amando, mas não fazem parte de um Casal (também com maiúscula). Quando o namoro ou o casamento vira cativeiro, ou porque você se deixa anular ou porque simplesmente não tem vocação pra coisa, talvez seja melhor tentar o lado B da vida. Quem disse que a felicidade tem que ser convencional? "