quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

VOCÊ TEM 1 NOVA MENSAGEM


Mensagem nova na caixa de e-mails. Se pensamento positivo atrai o que a gente quer, foi você quem mandou.
Pensar positivo vale a pena e atrai o que eu mais desejei nestes últimos tempos: é sua a mensagem. Uma dica de livro. Mas é um livro de autoajuda. Detesto livros deste tipo, mas vindo de você não tem como não ler. 
Você lembrou de mim porque era um destes best sellers babacas que falam sobre o quanto as “mulheres de trinta e pouco anos” perderam a feminilidade e lá eles dão todas as dicas de como devemos nos lembrar de nossas mães, sempre tão amáveis, sempre tão submissas aos nossos pais mantêm casamentos longos e felizes. 
Eu preciso me feminilizar. Eu preciso deixar de ser metida a besta e parar com aquela mania de achar que sou independente e poderosa. Eu preciso de um casamento feliz. É isso que você tem a me dizer. É isso que você pensa sobre mim.  
Faz 14 meses que não nos vemos. Há 14 meses eu sonho com você, mas sou cabeça dura demais pra te procurar e viver nossa história à distância. Eu tenho medo da distância que já existia quando morávamos naquele conjugado sem privacidade.
Minha memória para datas te assusta e te faz pensar que sou racional demais. Mas não tenho nada de cartesiana: se eu me lembro qual foi exatamente o dia que nos vimos pela última vez é porque não consigo isolar um fato do restante do cenário. Descartes nunca foi meu filósofo predileto. Não vou muito com a cara dos franceses.
Você sabe que sou emoção no estado mais puro e que tenho coração até no meio das pernas. E isto também te assusta.
Há 15 meses te deixei apavorado porque soltei um “eu te amo”, assim do nada. Depois de uma crise de risos – destes, sim, não me lembro o motivo.
No dia seguinte você veio com aquele papo bem coisa de homem: não quero te fazer sofrer, acho que não estou preparado para te amar.
Ninguém está, meu caro. Todo mundo diz que quer encontrar o grande amor mas não quer, não. No fundo sabem que é uma espécie de bungee jump do qual não se volta inteiro.
Dias depois, você chegou com um jantar surpresa e me derreteu toda. Fingi que não havíamos combinado que haveria carinho, mas nunca amor. Te amei como nunca naquela noite. Mais até do lá em Penedo, naquela pousada gelada que nos obrigava a passar horas abraçados debaixo do cobertor. Naquele dia eu te amei muito, mas acho que era mais pelo sexo. O cenário convidava.
E 14 meses depois do último beijo eu ainda te amo e te desejo e espero e-mails seus.
Esta seria só mais uma história de amor do cara que descartou a gata e da gata que não esqueceu o gato. Milhões de histórias são assim. Milhões de vezes eu vivi isso. No entanto, meu Tsunami, parei de lutar contra este babaca coração e deixei a coisa rolar. Desisti de te esquecer e partir para outra beijando um aqui e outro ali. Não que não tenha beijado alguns carinhas, é claro. Só parei de fingir que aquilo lá importava.
Desisti de te esquecer porque assim consigo ainda sentir o gostinho bom de, mesmo num momento tão caótico e extremo, gostar de um cara que se apresentou como de bem com a vida e bem resolvido – e se mostrou tão assustado quanto eu diante de um sentimento-ventania que balançou nossos alicerces.
Por ainda gostar de você, deveria produzir muito. Escrever milhões de páginas. Mas como dá pra notar, até este texto ficou bem babaquinha.
Quase tão babaquinha quanto qualquer um dos trechos do livro que você indicou. Eu nunca gostei de você por causa de suas histórias engraçadas, do seu senso de humor e muito menos pelo seu “carioca way of life”.  
Não havia nada mais prazeroso do que esperar você dormir de bruços só pra olhar suas costas peludas. Eu amava até seu medo idiota de eu repetir “te amo” em tão pouco tempo.
Eu gostava de você por nada e isso é coisa de quem gosta muito.