quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Frases de efeito bomba

Não gosto de rotina: fazer todo dia o mesmo trajeto pro trabalho, sair pra almoçar todos os dias no mesmo horário, no mesmo restaurante. Como não posso me dar ao luxo de mudar de emprego a cada 6 meses e assim conhecer um monte de gente nova, eu faço o que posso pra sair do piloto automático: tem dia que vou trabalhar de ônibus, tem dia que pego a praia e peço para passarmos pela praia. Em vez de almoçar, pego um livro pra ler e por aí vai... tento não repetir as coisas, acho que é pra não morrer de tédio.
Meus amigos também são ecléticos: tenho o melhor amigo para falar besteira, outro pra pedir conselho, uma amiga certinha pra ir à exposições, outra meio porra-louca pra ir pra Lapa. Assim, vou dando nuances diferentes pra minha vida não ser assim tão linear.
Só tem uma coisa que não muda: meu instinto eterno de acabar com as coisas antes que se tornem “sérias”, pra valer. To falando de relacionamentos, claro. Toda vez que a coisa parece estar no caminho certo, um bichinho auto-destrutivo ou super-protetor (depende do ponto de vista ou da linha de terapia de quem quiser analisar) dá um jeito de estragar tudo.
Adquiri um talento incrível para isso: estragar as coisas virou minha especialidade. Se por um lado parece coisa de gente doida (e não é?) ao mesmo tempo vejo como o melhor jeito de não sofrer. Faço isso pra enxergar logo qual é o tamanho do cérebro do cara e quão parecido ele é com todos os outros que já estiveram no meu caderninho de telefone.
Vou te falar uma coisa: chega a ser engraçado como os homens são mesmo todos iguais. Falo isso sem mágoa ou amargura. É quase científico: experimenta falar uma das minhas frases-kamikazes que você vai me dar razão. Sim, eu falo sempre as mesmas frases, mostrando assim que aprendi alguma coisa com o sexo oposto. Falo as mesmas frases para os mais diferentes caras. E a reação é sempre muito parecida: o sujeito vira praticamente um maratonista. Corre trocentos quilômetros e depois desaparece do mapa. Nem no Google eu o encontro mais.
As tais frases são, ao meu ver, ingênuas, mas produzem um efeito devastador. “A gente combina pra caramba”, “Minha mâe vai adorar te conhecer” ou “Lá é lindo. No feriado da semana que vem a gente podia ir lá”. Na maioria das vezes eu tenho certeza de que o cara (que é até gente boa e tem um papo legal) e eu somos totalmente diferentes e também jamais teria coragem de apresentar um “Zé-Ninguém-em-potencial-na-minha-vida-amorosa” para minha família. Mas eles sempre acreditam nisso e metem o pé.
Quando vejo que a figura não me liga há 3 dias, constato, numa felicidade amarga porém esnobe que eu estava certíssima. O cara não era nada daquilo que falava. Sinto um misto de alívio e preguiça, pois sei que vou ter de começar do zero com outro. E eu morro de preguiça de conhecer alguém, e contar as mesmas coisas sobre mim, e esconder as mesmas coisas sobre mim, e explicar que aquela não é minha prima de verdade, que é a gente é amiga há muitos anos e por isso se considera prima e... nossa! Quanta trabalheira para, depois da 1ª ou 2ª frase no estilo “Ou dá ou desce”, o cara odiar o dia que me conheceu.
Gostaria muito de conseguir mudar esse meu comportamento-padrão, mas é mais forte do que eu, é um vício, eu diria. A sensação de constatar que eu estava certa, que ele não merecia ouvir coisas tão íntimas como “passei a tarde toda pensando em você” , parece uma medalha. Acertei de novo: o alvo era a maior furada!
Tem uns que fingem que  não ouviram e insistem em continuar na história. Aí eu vejo que ele é mais vivido, deve pensar “vou empurrar com a barriga”. Já cheguei a pensar que esses que não desistiam da 1ª bateria de testes eram mais maduros ou, quem sabe, estavam mesmo a fim. Deve ser meu lado pisciano insistindo em dar as caras e me fazendo ter uns surtos românticos.
A 2ª bateria de testes consiste em dizer “estou com tanta saudade de você”, “passa aqui em casa hoje” ou “você ta virando muito especial pra mim”. Se não fosse eu a protagonista, acharia engraçado o desfecho e as conseqüências dessas frases tão meigas, tão carinhosas. Mas como sou eu que fico no “ora veja”, não acho lá muito engraçado: o cara ouve que estou com saudade e entende “eu quero casar com você”. Falo pra ele passar lá em casa e ele entende que é pra pedir a minha mão em casamento aos meus pais, que nem moram comigo.
Muitas vezes quem ta a fim de meter o pé sou eu mesma, e uso essas granadas faladas só pra ter a certeza de que ele nunca mais vai me ligar ou me atender. E que vai me bloquear no MSN. É o jeito que encontrei de me proteger de homem medroso ou machista. Porque eu acho que um sujeito que perde o interesse só porque sabe que ali a partida já ta ganha é um machista com cérebro de ervilha. E também acho que o cara que treme de pavor por saber que eu to ficando a fim dele é um medroso. “Ficar a fim” é ficar a fim de sair, de dormir junto, de sair pra jantar. Não é ficar a fim de escolher os padrinhos ou a Igreja.
Medroso ou machista, não importa, no fundo ele é um pretensioso. É muita pretensão achar que quero ter um filho dele só porque ele me despertou um sentimentozinho à toa. É um descaramento achar que tudo bem dormir na minha cama, fumar no meu quarto com a janela trancada, ler meu jornal antes de mim, mas andar de mãos dadas na orla requer mais intimidade. Vai se catar.
Com funciona a mente de uma criatura assim? Como ele pode me enxergar tão assustadora só porque falei que lembrei dele ontem à tarde? Caramba! É tão difícil sacar que eu também tenho vários medos, e o de me envolver demais é o maior deles? Será que ele não é inteligente o bastante pra sacar que mulher também tem medo de assumir compromisso? Acho uma sacanagem de incluir na lista daquelas que querem casar a todo custo: eu já cassei uma vez, não quero mais. Acho uma injustiça me ver como uma louca de “trinta e uns anos” cujo relógio biológico implora por um filho: eu não quero filho, cacete. Não percebeu?
E também não adianta você me perguntar o que eu quero. Não sei, droga. Não sei mesmo. Ta bom assim do jeito que ta, eu só queria que ficasse melhor. Mas e se não ficar? Será que a graça estar em não conviver? Ou é justamente o contrário: o convívio tira os medos e tudo fica mais gostoso ainda? Melhor parar por aqui, porque isso é o famoso “quem nasceu primeiro?”.
Quem sabe um dia eu aprendo a conviver bem com a rotina? Quem sabe um dia eu não pare de estragar tudo? Ou quem sabe aquele carinha que vive dando em cima de mim não é exatamente o que não tem medo de ouvir frases-kamikazes?

domingo, 6 de novembro de 2011

PARABÉNS

Hoje é aniversário de uma querida leitora, a Mônica. Jamais poderia deixar de deixar aqui meu abraço carinhoso a esta lindona.

Quinha, te adoro!!!!

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

VESTIR-SE DE ALTO ASTRAL

 Por mais que a gente queira se destacar, ser única, diferente, enfim, a grande verdade é que mulher é tudo igual. Que bom.
 Meu último texto foi sobre como ando meio pra baixo, desanimada (aproveito para beijar carinhosamente quem deixou recadinho de "força, Aline". Vocẽs são demais!). Tudo bem que os problemas não podem ser resolvidos assim, de uma hora para outra, mas na maioria das vezes dá pra gente dar uma amenizada. E nada melhor do que umas "comprinhas" para levantar o astral.
 Conheci uma loja, a Adelaide & Dagmar, que é uma fofura e com roupas que são a minha cara (mesmo que você não more aqui em Paraty, vale a visita ao site pois tem lojinha virtual). Comprei "umas coisinhas" que me fizeram me sentir linda. E nada melhor do que se sentir linda para ficar bem humorada, né? 
 Claro que sair por aí gastando não faz ninguém mais feliz e nem resolve os problemas. Mas quem é que não tem problema? 
 Outra coisa que me faz feliz é ler, seja um bom livro, uma revista ou uma poesia. E esta que reproduzi abaixo tem tudo a ver com o assunto.


 

A palavra é uma roupa que a gente veste.
Uns usam palavras curtas.
Outros usam roupa em excesso.
Existem os que jogam palavra fora.
Pior são os que usam em desalinho.

Uns usam palavras caras.
Poucos ostentam palavras raras.
Tem quem nunca troca.
Tem quem usa a dos outros.

A maioria não sabe o que veste.
Alguns sabem mas fingem que não.
E tem quem nunca
usa a roupa certa para a ocasião.

Tem os que se ajeitam bem
com poucas peças.
Outros se enrolam
em um vocabulário de muitas .
Tem gente que estraga tudo que usa.

E você, com quais palavras se veste?
Com quais palavras você se despe?

( A palavra é uma roupa /Viviane Mosé)