terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

PARATI

Não acredite na fala dessa gente
que, infelizmente, se esquece de viver


sábado, 25 de fevereiro de 2012

SOQUINHO NA SANTINHA - Marianna Greca

Me engana que eu gosto.
Não vem com esse papinho de modernosa, livre e desencanada.
Você não passa é de uma boazinha. E das mais santinhas.
É praga da geração. As "boazinhas crônicas" são o mal do século.
E não adianta levantar a blusa pra ver se o garçom olha finalmente pra sua mesa. Não tenta me enganar. Tá pensando que eu nasci ontem?
Ok, deixa eu explicar.
Sabe aquela menina queridinha que finge não ter ficado decepcionada porque não ganhou do Papai-Noel um par de patins?
Sabe qual é a maior diferença entre você e ela?
A mesma entre seis e meia dúzia.
Porque você faz a mesma coisa que ela quando aceita um cara não te ligar no dia seguinte. E sai com ele quando o cidadão finalmente te convida um mês depois. Quer boazinha maior que essa?
Quero te dizer que cansei de falar sobre superação,fossa, crescimento. Já deu pra mim. Cansei de colocar a sua cabeça no meu colo e ficar fazendo carinho no seu cabelo, dizendo que você é uma mulher linda e independente e que, se ele faz tanta falta, alguma coisa muito maior que ele é que está faltando na sua vida, etc, etc.
Cansei. Porque você é uma traidora do próprio gênero.
Por isso hoje inaugurei um movimento. E sigo com ele com a mesma obstinação de depiladora no último dia do inverno.
É o movimento "soquinho na santinha". Porque toda santa tem o demônio que merece.
Sabe quando você diz que reconhece que as mulheres lutaram muito para conquistar seu espaço no mercado de trabalho, para se relacionarem com quem quiserem, e aquele blá-blá-blá todo?
Vou te dizer uma coisa, princesinha. Você nega. Mas é tão submissa quanto todas as gerações anteriores juntas.
Você procura entender quando te dizem que não querem compromisso  por enquanto. Você acha natural um cara fazer questão de partir pros "finalmentes" antes de finalmente te pedir em namoro. Você diz que não reparou que ele chegou atrasado - nada como duas horas de introspecção, não?
Você se sente culpada por ter sido muito recatada no primeiro encontro. Você se sente mais culpada ainda por não ter sido tão SOQUINHO NA SANTINHArecatada quanto talvez devesse. Você se policia para não cobrar nada e respeitar a liberdade dele.
Não faz cara de ciúmes, não pergunta o que ele fez na noite passada, finge achar engraçada uma piada terrível que só bêbado é capaz de fazer, fica insegura sobre estar usando a roupa que transmita a mensagem certa - enquanto ele vai te ver com a mesma camiseta que usa pra lavar o carro -, deixa de comer chocolate com medo de ele te achar gorda, não vai na festa dos seus amigos porque ele não está afim de sair - mas deixou claro que é melhor você ficar em casa.
Bando de boazinhas. Vocês realmente são as noras que essas sogras pediram a Deus. Quanta doçura e condescendência. Essa aí, São Pedro manda direto pra área VIP do paraíso.
Mas calma lá. Não tão rápido.
Deixa eu deixar o meu recado antes.
Vocês estão condenadas.
Não por esse cidadão. Para esse aí vocês estão se vacinando aos poucos, não é? É igual fazer baliza.
Uma hora acostuma.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Tenho sim, e daí?

Publiquei este texto há algum tempo e, pela quantidade de comentários, muita gente achou legal. Daí esta semana o cantor Wando fez a "viagem" dele, senti vontade de publicá-lo novamente.
Sejamos eternamente bregas se é isto que nos faz feliz.


Tem algumas coisas que todo mundo tem, mas cisma em negar.
Não tô falando de celulite ou calcinha com elástico largo: isso a gente tem e pronto. Eu, pelo menos, tenho e nunca tive vergonha. É diferente de já ter lido mais de um livro do Paulo Coelho: nego até a morte, porque pega mal pra cacete.

Mas tem umas coisinhas que queimam o filme mas não dá pra gente renegar. Meu lado brega, por exemplo. Ele é breguíssimo mas não consigo dizer que ele não existe só pra manter a pose. Deve ser breguice visceral isso. Não vislumbro cura.

Minha primeira paixão neste estilo foi Sidney Magal. Sim, o "Cigano" Sidney Magal. Já dancei muito me imaginando ser a Cigana Sandra Rosa Madalena. Eu tinha uns três ou quatro anos, mas foi uma paixão marcante. Verdadeira. Não deboche, portanto.

Outra paixão foi pelo Renato Gaúcho, quando ele jogava no Flamengo. Aquele cabelinho à lá Chitãozinho e Xororó era tudo de mais maravilhoso na minha vida. Teve também a época que eu ia me casar com o Ray, do Menudo. Difícil de acreditar, né? Mas é verdade: essa alma aqui cheia de pose já amou um Menudo. Aliás, essa alma pseudo-fashion está ouvindo uma música que ai, ai, ai... Fez transbordar toda minha breguice latente: Fogo e Paixão, do Wando. Gente, "Você é luz, é raio, estrela e luar/ Manhã de sol, meu Iaiá, meu Ioiô" deveria constar nos livros de literatura. É poesia pura, é delícia total: quando tão louca me beija na boca/ me ama no chão. Onde estão os teóricos da literatura que ainda não fizeram um tratado sobre esses versos, onde?

Parei meu trabalho burocrático e sem graça e corri pra escrever sobre isso. Estou me segurando pra não cantar em voz alta.

Se no dia a dia sou séria e me deixo sufocar pelos compromissos, quando paro e escuto meu lado brega, sinto uma alegria, uma vontade de ser feliz.

Viva meu lado brega!



CRIANÇA DIZ CADA COISA...


Acabei de ler um texto lindinho (clica aqui)da queridona Heloísa e me lembrei de um momento bem típico de "criança diz cada coisa", bem à la Pedro Bloch, sabe?

Minha sobrinha (a afilhada e amor da minha vida) Lara tinha cinco anos quando a Vovó Cininha "virou estrela" e,  por ter sido a primeira experiência de perda na vidinha dela, marcou muito, claro. Durante algumas semanas a Larinha falava muito sobre a Bisa, perguntava para onde ela foi, até que fez a clássica pergunta "Por que a Bisa morreu, mamãe?". Minha irmã explicou que ela já estava bem velhinha e que isso acontece com todo mundo e... A Lara saiu correndo. 
Chegou correndo na casa da minha mãe, que estava assistindo TV, deu-lhe  um grande abraço e pediu em tom irresistível "Vovó, promete que você nunca vai parar de pintar o cabelo?".  Minha mãe não entendeu o pedido e perguntou o motivo. Lara, porém, só se explicou depois de ouvir o esperado "Sim, a Vovó promete. Mas por quê?" ao que a garotinha esperta e apaixonada respondeu : Pra você não ter nunca cabelos brancos, não ficar velhinha e nunca, mas nunca mesmo, morrer, Vovó.