sábado, 21 de fevereiro de 2015

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Sushi

Meu carnaval!

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Para você, que me tira do eixo, somente um poeta que me desestabiliza

Eu amo-te sem saber como, 
ou quando, ou a partir de onde.
Eu simplesmente amo-te, 
sem problemas ou orgulho:
amo-te desta maneira porque não conheço
qualquer outra forma de amar sem ser esta, 
onde não existe eu ou tu, 
Tão intimamente 
que a tua mão sobre o meu peito é a minha mão,
tão intimamente que quando adormeço os teus olhos fecham-se.

Pablo Neruda

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Mar Sonoro - Sophia de Mello Breyner Andresen


O seu baseado

Aquele baseadinho que você fumou, bem despretensiosamente, ajudou a comprar a arma que matou o Marco.


segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Odoiá, Yemanjá

             Ela mora no mar
             Ela brinca na areia
             No balanço das ondas
             A paz ela semeia.

Obrigada, Yemanjá!




domingo, 1 de fevereiro de 2015

A Bunda da Paolla Oliveira e a Mulher Insegura


Qualquer ser humano que não esteve em coma esta semana ouviu (os mais sortudos viram) a repercussão da cena da bunda da Paolla Oliveira. Não foi mais uma bunda na TV. Não foi só uma bunda na TV. Foi a bunda mais deslumbrante que já se viu na TV. Foi espetacular, um evento. Eu adorei. A torcida do Flamengo também. Aliás, quem não gostou? Bem, houve, sim, gente que torceu o nariz. Sei disso por causa da minha "pesquisa informal" (um nome bonitinho que dei à mania de prestar atenção à conversa dos outros. Acontece geralmente assim: no restaurante ou no ônibus, por exemplo, abro um livro e finjo estar concentrada, mas estou mesmo é ouvindo conversas e confissões alheias. Um monte de gente faz isso. Uns se assumem fofoqueiros, outros - meu caso - dizem que estão observando o comportamento. A diferença é o que fazem com a informação. Os fofoqueiros espalham os segredos; eu, muitas vezes, escrevo sobre. Por isso, se eu fosse você, não levaria tão a sério tudo o que conto aqui em 1a pessoa: nem tudo é sobre mim). Voltando: segundo minha pesquisa informal, inúmeras mulheres não gostaram nadinha da tal cena. E mais: quase metade das descontentes é feia.


Para uma Mulher Feia, aquele "derrière" na telinha foi um tapa na cara. Compreensível: já não basta a coitada ser feia, ainda precisam mostrar, em cadeia nacional, o que é lindo?! Eu ficaria irada, se feia fosse.


Outras tantas são mulheres machistas. Dessas eu não falo. São amargas demais, detestam os homens demais e se permitem prazeres de menos.


O restante do grupo que de-tes-tou ver tanta beleza numa única bunda é composto por mulher insegura ela. Os comentários da Mulher Insegura são, em suma, estes:


a) Foi a luz que favoreceu;

b) Mas ela tem celulite que eu vi, eu vi!;

c) Agora entendi porque ela está na Globo;

d) Só pode ser Photoshop;

d) Homem é tudo bobo mesmo, não pode ver uma bunda.

A Mulher Insegura não conseguiu dormir aquela noite. A visão de uma Bunda (você há de concorda que aquela lá merece ser um substantivo próprio, merece uma letra maiúscula) redonda na medida certa, no tamanho exato, tão perfeita que parecia milimetricamente desenhada e -fantasia das fantasias - coberta/descoberta por uma calcinha mínima mexeu muito com a auto-estima da Mulher Insegura. No dia seguinte, ela dobrou as séries para o bumbum na academia. Malhou furiosamente, pediu aos deuses para serem justos e fazerem valer cada pingo de suor.Desde terça-feira passada a Mulher Insegura tem como objetivo de vida ter aquela Bunda.

Ao contrário da Mulher Feia, a Mulher Insegura ainda vai ficar muito mal, péssima mesmo, enquanto falarem da bunda da Paolla Oliveira. É que a Mulher Feia já está acostumada, resignada, a ser feia. E por isso aprendeu, ao longo da vida, a valorizar algo em si mesma que não seja tão horrendo. Nos casos de feiura extrema, todos sabemos, há ainda a opção de se destacar pelo humor, pelo intelecto.

A Mulher Insegura, não. Para ela, ser bonitinha, charmosinha, não vale: ela precisa ser linda. A Mulher Insegura, aliás, nem é feia. E sabe disso: ela olha para o espelho e vê um corpo bonito, um rosto bem feito, os cabelos bem cuidados. O problema é que ela precisa que o namorado/ marido também a ache linda. Precisa que a amiga a ache linda. Que a irmã, a vizinha, a mãe, o ex, a atual do ex (bem, esta principalmente) a achem linda.

Mas ela sabe que depois de verem a bunda da Paolla Oliveira, ninguém nunca mais vai achá-la, ao menos, bonitinha. E sem a aprovação do outro, a Mulher Insegura vale o quê?

E, ciente de tão pouco valor físico, acaba desprezando também seus outros atributos: não é culta o suficiente; não fez todas as viagens que planejou; seu emprego é sem graça. A Mulher Insegura é, sem dúvida, a derrota em pessoa. 

Mas ela é persistente: dobrou sua série na academia e vai - ela tem fé! - ter uma bunda igualzinha àquela que você viu na TV e ficou babando. Afinal, ela não tinha cintura e a lipoaspiração resolveu isso. Não tinha peito mas o silicone resolveu isso. Não tinha cabelo liso e a escova progressiva resolveu isso. 

A Mulher Insegura não desiste e corre atrás de seu sonho: se tornar igualzinha àquelas tantas mulheres das capas de revista, tão diferentes do que ela é.