domingo, 27 de fevereiro de 2011

Prezada Mulherzinha... [Fernanda Young]

"Se existe alguém que pode falar o que vou falar para você, sou eu.
Então, por favor, tenha a humildade de admitir que sei o que estou falando.
Pois o que eu te direi é duro, mas poderá te fazer um bem enorme.
Chega.
Chega de se comportar assim.
Como se estivesse lutando pelo posto de rainha da bateria. De Miss Maravilha do Mundo.
Basta de ataques, dessa competitividade suburbana eu sou a melhor, eu sou a mais alta, eu sou a mais gostosa do pedaço.
Ninguém tá ligando a mínima se você corre 10 quilômetros ou se aplicou Botox nessa sua testa sem expressão.
Ou se você é assim porque ainda não passa de uma menininha que quer ser mais perfeita do que a mãe, conquistar o amor do pai e ser a primeira da classe.
Esse teu afã psicopata de vencer todas as paradas só te deixa ridícula.
E me faz querer usar um termo que odeio: coisa de mulherzinha.
Mulherzinha é que tem essa mania de estar sempre desconfiada das amigas, porque todas teriam inveja do seu corpão e do seu cabelão estilo falso-loiro-natural-cinco-tons.
Lamento informar, querida, que ninguém sente inveja de você.
Por isso, chega de dizer por aí que, para não atrair olho grande, é bom ficar de bico fechado sobre a tal possível promoção que você terá no trabalho.
Relaxa, ninguém está a fim de ser você.
Tente, portanto, ser você com mais leveza.
E lembre-se: esse negócio de dizer que não se pode confiar em mulheres só comprova que você é uma pessoa maliciosa.
Sendo que isso está longe de ser porque você é fêmea.
Quando vejo você tagarelando sobre seus feitos sexuais, sinto-me num filme ruim sobre ginasianas americanas. Todas fanhas e excitadas.
Chega, tá?
De azucrinar os outros com essa sua boca-genital lambuzada de gloss, cuspindo baixos-clichês, simulando uma modernidade que você não tem.
Nunca mais caia no ridículo de fazer "sexo casual" com nenhum tipo de homem, mais velho ou mais novo, casado ou solteiro, porque todo mundo já sabe que você finge tudo. Que goza, que não se sente fácil, que não liga quando os caras não telefonam no dia seguinte.
Seja honesta uma vez na vida: confesse.
Que você não é nada tão wild quanto se vende.
Que não sabe falar tão bem inglês assim.
Que fez escova progressiva.
Que tem dermatite.
E enfim você terá alguma paz, pois se reconhece humana, e não a barbie boba que você procura ser.
Acredite: idiotice só te faz charmosa para os cafajestes.
Se continuar assim, nunca vai aparecer aquele cara bacana que você gostaria que aparecesse; para lutar por você, até te conquistar, e destruir essa tua linda silhueta com uma gestação de 15 quilos.
É triste, amiga Mulherzinha, mas você terá que abrir mão da máscara de rímel que cobre a sua verdade."

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

SE VOCÊ QUER SER MEU NAMORADO, LEIA ATENTAMENTE

Escancarei a porta do meu coração e deixei você entrar sem bater. Não peça licença, vá entrando e fique à vontade. Não seja nem grosso demais e nem polido demais, porque pisar em ovos é um saco.
Não te faço exigências, mas há coisas das quais não abro mão: trate bem de mim. Cuide bem de nós. E prometa que também vai cuidar bem de você.
O que tenho a pedir são coisas comuns, simples: não grite comigo porque eu também sou pavio curto. Respeite minha preguiça matutina e eu entro no seu ritmo também preguiçoso. 
Conte suas novidades, seus sonhos, faça massagens nos meus pés e não tenha medo de quem toma Rivotril pra dormir.
Viu? Sou presa fácil, barata até, você se esforçará pouco para me ter para sempre. Duas ou três taças de vinho me deixam facinha, facinha. Fica a dica.
Acredite quando eu disser que é melhor com você. Não duvide do que eu digo mas fique tranquilo: se a verdade for chata, feia e boba, eu escondo. 
Conte-me as suas tristezas porque eu também te contarei as minhas. Mas só de vez em quando. Prometo segurar o choro, mas se ele vier, fica do meu lado, segura a minha mão.
Não tente me agradar porque eu odeio gente boazinha. Seja mais inteligente do que os outros e diga as coisas de que gosto de ouvir. Vou te achar o máximo.
Não se vista tão bem... gosto de camisa para fora da calça, chinelo havaianas. E de braços me abrançando forte.
Leia, escolha seus próprios livros, comente-os comigo.
Odeie a mesmice, xingue a vida doméstica e também os agitos noturnos. Seja um pouco caseiro e um pouco da vida, não de boate que isto é coisa de gente triste. 
Não seja escravo da televisão, nem xiita contra. Não tente fazer o papel de pai, muito menos o de filho. 
Escolha um papel para você que ainda não tenha sido preenchido e o invente muitas vezes. 
Me enlouqueça não ligando de vez em quando. Depois peça desculpas com uma Nhá Benta da Kopenhagen.
Goste de música e de sexo. Pratique um esporte não muito banal. Não invente de querer filhos, de me carregar pra a missa, apresentar sua familia... isso a gente vê depois. Mas quando chegar a hora, tenha certeza de que vou gostar muito dela. 
Nunca deixe eu dirigir o seu carro, diga que não confia, só pra eu ficar meia hora com raiva de você. Seja só um pouquinho canalha e olhe para outras mulheres. Depois diga que sou muito mais gostosa do que elas. Falando nisso, fique atento: não deixe de elogiar minha bunda mas também fale o quanto você me acha inteligente. 
Tenha amigos e digam muitas bobagens juntos. Não fale de nossas intimidades, mas preste atenção no que os amigos falam. E experimente comigo.
Me trate como uma rameira, mas só quando estivermos deitados. De resto, deixa rolar. E lembre-se sempre de me beijar como se fosse a primeira vez.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

HOMEM NÃO É REMÉDIO

Não discuta a relação
Andrea Pavlovitsch

"Homem não é remédio" (Luis Gasparetto)

Esta frase do Gasparetto inspirou meu texto hoje. Isso porque tenho visto o quanto as mulheres usam seus relacionamentos amorosos como bálsamo e motivação para uma vida feliz. E o quanto isso é extremamente perigoso.

As mulheres acreditam em cremes anti-rugas, drenagem linfática e que homens são as soluções de seus problemas. Homens acreditam que seu time é o melhor do mundo, cerveja tem que ser gelada e no poder de ter dinheiro para poder comprar estas coisas. Ué, e onde ficamos nós, as mulheres?

É sabido que os homens não dão a mesma importância para os relacionamentos que nós. Quer dizer, deixem-me explicar, eles dão importância, mas as suas prioridades são outras. Não é incomum encontrar um homem que prefira uma noitada com os amigos a uma noite romântica com a mulher ideal. Já o contrário é quase impossível de acontecer.

As mulheres são seus relacionamentos amorosos! Se estiverem acompanhadas são felizes. Se estiverem solteiras são infelizes. Mulheres têm homens como tem bolsa, sapato, maquiagem e não, muitas vezes, como um compartilhar de algo. Um construir de algo. E eu escuto muitas e muitas histórias que me comprovam isso.

Imagine aquela amiga que está num relacionamento ruim há anos. Sabe, aquela, todo mundo conhece uma. Ela liga e chora na sua orelha o quanto ela é infeliz, o quanto ele é um desgraçado, um otário que não é como ela quer. Você escuta, concorda (afinal, ela é sua amiga) e diz que ela tem que se separar, pintar os cabelos e partir para outra. Daí ela fica umas duas semanas sem ligar. E quando liga é pra contar o fim de semana maravilhoso que teve com ele nas montanhas. E você quer morrer porque meteu a colher onde não deveria!

Pois é, é difícil para uma mulher apaixonada enxergar o óbvio. O mesmo não acontece com os homens. Eles são mais simples, sim, neste quesito. A importância que eles dão ao relacionamento é a mesma que dão a qualquer outra coisa no mundo e as mulheres não entendem isso. Acham que ele precisa ficar o dia todo atrás de você dizendo o quanto ele te ama. E, querida, ninguém aguenta isso, porque isso é carência e não amor.

Então, o que fazer para não usar um homem como remédio? Se colocar como seu próprio remédio!

Sim, você é quem está com você 24 horas por dia. Quando está nos momentos de maior prazer e de pior dor é você quem está lá. Por mais que seu amor te ame, ele não pode passar por algumas coisas que é você quem tem que passar e é aí que você precisa estar ciente. Ciente de que ele é um companheiro de jornada e não a solução dos seus problemas.

Carência é a falta de si. E sem você mesma fica difícil de seguir adiante. Então, antes de começar aquela DR (discussão de relação) em pauta por causa do futebol dele de quarta-feira, pare e pense! Será que eu estou sendo justa tirando dele algo que é importante? Será que eu não só estou usando isso para que me sinta melhor? Isso não é amor. Amor é entender o outro, amor é compreensão, amor é saber que o outro tem a sua cabeça e a sua sentença. Saber que o outro tem defeitos e qualidade e coisas com as quais ele convive bem e outras com as quais convive mal. Se você não tiver isso com você, não terá com o outro.
Então, que tal discutir isso com você antes? Nada de discutir a relação enquanto você não souber exatamente o que quer de verdade. Ok?

DÁ A RECEITA?


Depois ensina pra mim como me fazer feliz assim, tão rápido?

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Um amor meio cafoninha

No meio da conversa, sem mais nem menos, falei "acho que nunca amei ninguém desse jeito". E todo mundo ficou com aquela cara de espanto, como se ouvissem uma coisa de outro mundo. Acho que ninguém esperava me ouvir falando de você assim.
Mas é isso mesmo e por mais que eu quisesse negar pra eles, não ia conseguir negar pra mim. É isso aí, apesar de tudo, eu amo você. Acho que amo desde o dia que te vi pela 1a.vez, lá na casa da Sílvia. Eu sei que não existe jeito de medir o tamanho ou o peso de um amor, mas o que eu sinto por você é maior do que eu já senti por alguém. Minha tão famosa incapacidade de amar foi a nocaute.
Você também não acredita,né? Tudo bem, eu também duvidei, mas naquele dia que fui dormir na sua casa porque perdi minhas chaves, tive certeza de tudo isso que tô falando. Fiquei brigando com meu sono só pra ficar te olhando, que nem na música do Cazuza: perder noites de sono só pra te ver dormir. Que prazer mais egoísta é o de gostar de outro ser.
E quanto mais eu penso nesse prazer besta e egoísta, mais eu vejo que te amo com uma verdade, com uma intensidade. Eu te amo pra mim mesma, não te pediria amor em troca.
Depois que aceitei você dentro de mim, alguma coisa mudou. Sei lá se isso é bom ou se é a maior cilada do mundo. Não dá pra pensar em nada que não seja bom, coisas mesquinhas não combinam com esse sentimento. Tudo bem que ele me aperta o peito de vez em quando, mas e daí? Quando suas mãos apertam meus peitos eu também sorrio assim. Quando sua boca encosta nos meus peitos, eu te amo até me perder.
Não quero te provar nada. Nada mudaria em mim se você me amasse. Talvez eu pudesse te falar, em vez de escrever, mas pouca coisa mudaria. Porque o amor que eu sinto, por mais que tenha adereços, enfeites e licenças-poéticas, é aquele amor cafoninha que todo mundo ama. Deixo de ser fashion pra poder te amar mais e mais e mais.
Amo quando você chega. Seja na minha casa, seja na sua, seja naquele motel horroroso que a gente foi semana passada. Amo quando você chega e, de certa forma, também quando você vai embora e deixa em mim só o seu cheiro. E algumas marcas.
E se fosse falar das marcas que você deixou em mim, ficaria horas escrevendo. Mas agora preciso me concentrar no amor que sinto quando você vai embora, porque eu acho que você está mais perto da porta de saída do que da minha cama.
Eu te amo até quando você não vai mais chegar.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

TERESA - MANUEL BANDEIRA

Teresa, Aline, se algum sujeito bancar o sentimental em cima de você
E te jurar uma paixão do tamanho de um bonde
Se ele chorar
Se ele se ajoelhar
Se ele se rasgar todo
Não acredita não Teresa
É lágrima de cinema
É tapeação
Mentira
CAI FORA.

(Manuel Bandeira)

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011