terça-feira, 23 de julho de 2013

terça-feira, 9 de julho de 2013

MEDO DE (A)MAR



Outro dia escrevi sobre o mar e o fascínio que ele exerce sobre mim. Aí a Lisa deixou um comentário falando de um filme, MAR ADENTRO . Na hora não me lembrei se já tinha visto, mas dias depois uma pessoa me fez lembrar do filme. Embora a condição seja parecida, felizmente o desejo dele não é igual ao do protagonista. Fiquei com as lembranças do filme, que vi há algum tempo, o fato de a Lisa tê-lo mencionado, enfim, um monte de assunto martelando na cabeça. SÃO TANTOS OS MISTÉRIOS DESSA VIDA, né?


A Lisa falou também que tem medo de morrer afogada e por isso prefere contemplar o mar de longe. Outra curiosidade: desde criancinha eu tinha um pesadelo que envolvia o mar. Um pesadelo recorrente, daqueles que Freud deve explicar direitinho. Eram ondas e mais ondas destruindo a praia em que eu estava com minha família ou amigos.

Um dia, estava numa locadora com um namorado e apontei para um DVD, Mar em fúria. Ele fez uma cara séria e falou "esse não".

Filminho, pipoca, vinho e uns beijinhos depois, ele disse que queria me falar uma coisa. Disse que desde criança tinha pesadelos horríveis com ondas gigantes que destruíam a praia onde ele estava. Pra ele foi uma confissão, um desabafo, já que nunca falara sobre isso com ninguém (e só estava me falando porque só de olhar para a capa do DVD ele se lembrou da sensação de medo que sentia quando tinha os tais sonhos). Pra mim foi uma baita surpresa, afinal, eu também tinha isso e detalhamos um para o outro o cenário e a sensação.

Demos risada, pois geralmente os casais constroem os sonhos juntos. Com a gente foi diferente: a gente compartilhava um pesadelo, desde a infância.

A carinha linda dele ficou ainda mais espantada quando expliquei como dei fim àquela sensação chata: fui ver o filme Mar em fúria, pois sabia que ia ter muita onda gigante, muita tempestade. Ou eu não aguentaria e sairia no primeiro relâmpago, ou ficaria "curada". Me chamou de louca, claro. Quando o filme estava em cartaz, o "namorido" também me achou louca, pois era testemunha das inúmeras noites em que eu acordava falando "aquele pesadelo de novo".

Bem, pra resumir a história, foi uma terapia de choque mas deu resultado.

Hoje em dia tenho medo da violência, medo de que aconteça algo ruim com aqueles que amo, enfim, medos "normais". Tenho também um pouquinho de amar e não ser amada. Medo do mar? Nem em sonho eu tolero.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

SOBRE FINGIMENTOS E MACHISMOS

Amiga,

tenho imenso respeito por você, mas fiquei meio chocada com aquele seu papo de ontem. Quanto machismo, menina moderna e carioca! Jura que você acredita que toda mulher tem de se fazer de frágil e dependente para manter um homem ao lado? Você acha fácil deixar de ter opinião própria e jogar as responsabilidades na mão dele?
Dessa vez eu não vou seguir seu conselho. Imagine você, logo eu que vivo te perguntando as coisas! Mas desta vez não vai dar. Pra mim, cada pessoa tem um dom diferente: umas gostam de matemática, outras adoram trabalhar com vendas, outras preferem trabalhar sozinhas. Umas optam por viver sob as asas dos pais, outras querem ganhar o mundo. Vovô Gouvêa dizia sempre: existe muita qualidade de gente por aí.
Ouvindo você defender com tanto afinco sua vida de esposa-mãe-dona de casa, percebi que seus conselhos são muito bons, mas para quem pretende ter filhos e viver da mesada do marido. Não é meu caso, já que tenho carteira assinada e diploma.
Ser esposa exemplar ou ter uma profissão não é mérito e nem demérito, é apenas questão de escolhas. E há de se respeitá-las, pois toda escolha demanda em consequências e cobra um preço. Você sabe disso. Eu também pago um preço por não ter sido uma esposa mais dedicada. É que aquilo não era pra mim e não consegui fingir mais do que 3 dias. Por mais que eu quisesse tentar, não dava pra esconder minhas frustrações. Eu sempre fui assim, minhas infelicidades sempre foram sardas em minha pele branca.
Ontem, mesmo que eu não falasse nada, você perceberia minha fisionomia de horror enquanto você provava, quase cientificamente, que o homem gosta de mulher submissa e fútil. Mulher que pensa, segundo sua teoria, dá trabalho demais e assusta os homens.
Amiga, tive uma vontade louca de te matar. Ou de me matar, porque naquela hora tive certeza de que vou morrer sem nunca mais ouvir um homem dizer que me ama.
Em relação àquele comentário sobre mim, tenho uma correção a fazer: não preciso fazer de conta, deixar o homem achar que sou frágil. Sabe por quê? Porque sou mesmo a pessoa mais frágil do mundo. E se você fosse um dos homens com quem me relacionei, veria que isso assusta muito mais do a tendência a ser indepedente que já nasceu comigo. Você ficaria espantada em saber como minhas fragilidades e carências são infinitas. Curiosamente elas não me fazem acreditar que minha felicidade está na mão do outro.
Não dá pra julgar nossas escolhas ou objetivos, por isso me sinto obrigada a repetir TENHO IMENSO RESPEITO POR VOCÊ. Mesmo estando ainda meio atordoada por ver tanto machismo no seu estilo de vida, que eu considerava o melhor way of life do mundo.
Nunca, nem naquele momento extremamente delicado que passei uns 5 anos atrás, me envolvi com um cara só para falar "o meu namorado". Não sei se isso é graças ao meu medo de homens machistas ou à terapia. Só sei que sempre evitei homens que preferiam meus peitos às minhas conversas. Claro que adoro que meu homem me ache gostosa, mas ele também tem que me admirar. Não viveria bem com um cara que pensasse que sou tão fragilzinha a ponto de não saber tomar decisões. Odeio quem me subestima.
Fico curiosa: você vive numa boa assim? Não lhe parece meio constrangedor saber que seu marido não confia no seu intelecto? E, mais importante, não rola uma dose de culpa por ser mais um dos ítens com que ele precisa se preocupar?
Eu tenho um grande medo de ser um motivo a mais de preocupação para meu companheiro. Talvez fale sobre isso na terapia hoje à noite.
Outra correção a meu respeito: não estou por aí beijando várias bocas procurando o cara certo. Estou, sim, disponível para viver uma paixão. Acredite: eu procuro um grande amor. Marido já tive.

1 beijo imenso da sua amiga,