quinta-feira, 1 de novembro de 2012

QUATRO MULHERES

Tá, uma vida inteira reclamando que não conhecia ninguém interessante, alguém que fizesse o coração dela bater mais forte e todas essas coisas tão comuns no que se refere à vida amorosa, principalmente, das mulheres da casa dos 30. Essa legião de mulheres inteligentes, mais ou menos bem resolvida, com carreira definida, bom emprego, alguma bagagem cultural, vaidosas, que sabe-se lá o motivo, continuam sozinhas. Bem, continuam sozinhas aquelas que não aceitam "qualquer um" só pra não dizer que está sem namorado. Parece coisa do século passado, mas ainda existe mulher que se envolve com o primeiro tranqueira que aparece só pra poder dizer "o meu namorado".
Até que um dia aconteceu: um cara legal, bonito, inteligente, educado e interessado nela. Um cidadão com um Currículo impecável. Era só correr pro abraço.
Conversas longas no msn, recadinhos no Orkut, saídas agradáveis, telefonemas diários. Mas e aí? O coração dela continua lá, daquele mesmo jeito: no piloto automático.
Reclamar que o cara liga o dia todo não pode, porque já reclamou muito de cara que não liga nunca. Dizer que não houve "química" não cola também porque o beijo dos dois se encaixou. É... o problema não é com ele. É com ela, que apesar de ter encontrado um cara legal, não se empolgou com ele. Fazer o quê?
Reunião urgente com as amigas mais próximas, aquelas que sabem os segredos mais cabeludos da outra.
Desabafo : meninas, o cara é gente boa demais, tem tudo o que eu gosto, mas eu tô aqui, sem a menor vontade de vê-lo de novo.
Mulher não consegue escutar um desabafo desses e ficar quieta: tem que palpitar. E palpite de amiga é melhor do que consulta com cartomante. Palpite de amiga leva em consideração nossa personalidade, nossas chatices, nossas carências. E mais: sabe nosso passado. O que conta muitos, muitos pontos na hora de dar um conselho.
Algumas taças de vinho ajudam ainda mais a clarividência de nossas queridas companheiras. "E então, gente, por que eu não gosto do cara que é tudo o que eu queria? Eu devia estar feliz da vida, apaixonadona. Mas tô aqui, comendo pizza, tomando vinho e daqui a 2 minutos vou reclamar que não tenho sorte no amor. O que eu faço?".
As opiniões foram contraditórias: uma falou que ela tem de insistir, o famoso "dar uma chance", quem sabe assim ela não se empolga? É muito melhor ir gostando aos poucos. A outra foi categórica: não balançou o coração no primeiro encontro, não balança mais. Sai fora, vira a página!
Enquanto ela ouvia os argumentos de cada uma, pois ambas tinham suas opiniões embasadas, tentava organizar os pensamentos dentro da cabeça. Até uma espécie "exercício" ela fez: lembrou-se daquela noite que ele não ligou e tentou lembrar se ela sentiu saudade. Mas as amigas falavam todas ao mesmo tempo e não dava pra se concentrar.
De repente, elas notaram que uma delas não abrira a boca em nenhum momento. Que estranho: logo aquela lá? A que fala até do que não conhece, logo ela tava lá quietona, com o olhar perdido?
- O que você acha? Ela deve dar uma segunda chance pro Sr. Perfeitinho ou mandá-lo passear?
- Desculpa gente, não prestei atenção na conversa.
E continuou com os olhos colados ao celular, esperando o carinha do final de semana retrasado ligar.
Naquela sala havia 4 mulheres: duas com opiniões diferentes e duas com situações totalmente opostas.
Parodiando Caetano: e quem há de negar que o problema de uma é superior?

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

A BUNDA, QUE ENGRAÇADA - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE


A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.
Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora – murmura a bunda – esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.
A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.
A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.
Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na carícia de ser e balançar
Esferas harmoniosas sobre o caos.
A bunda é a bunda
redunda.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Dia do Mestre

Hoje meu coração está em festa: passarei o dia inteirinho mandando beijos aos meus eternos professores.
Fica registrada aqui minha admiração e gratidão à Tia Marina e Tereza (Literatura), Adélia (Português), Maurício (Inglês), Marita e Copinho (História) e Pedro Macário (Oficina de texto). E também àqueles que não me deram aula mas me ensinaram muito: minha avó Cininha e a querida leitora Mônica.Sou uma eterna apaixonada pelo assunto EDUCAÇÃO e por isso valorizo tanto estes Mestres que passaram por meu caminho e me fizeram uma pessoa um pouco mais culta.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

SOLTEIRO, SEDENTÁRIO E HUMILHADO NO RIO DE JANEIRO


UM TEXTO DO XICO SÁ

Nada mais humilhante para um boêmio sedentário ou semi-sedentário do que acordar no Rio de Janeiro.
É abrir a janela, com aquela amada ressaquinha tão familiar e íntima, e quase ter um infarto de tanto ver os cariocas se bulirem.
O abdominal, assim como a vírgula, não nasceu para humilhar ninguém, amigo, mas confesso que me faz um mal tremendo ver essa gente sarada mostrando seu valor.
Ô brava gente que não para quieta.
Parece que a cidade toda está chacoalhando o esqueleto.
Que saúde. Que hora esse povo dormiu?, minha linda e enxuta sexagenária que passa aqui abaixo da janela a mil por hora!
A esta altura somente este cronista, o ator Otávio Augusto e o Jorge Kajuru, que sempre me dão a honra de um pileque na Cobal do Humaitá, estamos parados, paradíssimos, contemplando a academia de ginástica a céu aberto.
Uns pedalam, outros puxam ferro, minha gostosa Tereza, bote gostosa nisso, já se encontra no Arpoador a essa altura, até o Cristo faz exercícios para o endurecer o eternamente exposto “músculo do tchauzinho”.
Uma beleza.
Será que o Zeca Pagodinho também tá nessa?
O Chico Buarque vai passar daqui a pouco. Mas não exageremos. Só lá pelas 11, 11 e tanto. O poeta cuida das melopeias e do corpinho.
O aterro do Flamengo está repleto de gente saudável, Botafogo idem, em volta da Lagoa nem se fala, em Ipanena gatinhas jogam futevôlei, no  Leblon até os rosados bebês fazem alongamento para o encanto das belas mamães saídas da costela do novelista Manoel Carlos.
Deixa quieto.
A situação me faz lembrar aquela diálogo de Vinícius de Moraes e o genial Antônio Maria –“ninguém me ama, ninguém me quer…”- na saída de uma boate de Copacabana, lá pelas seis da manhã, óbvio.
Saem do inferninho e testemunham um grupo de homens, homens maduros, fazendo ginástica na praia. “Lamentável”, dizem, em uníssono.
— Vamos fazer um pacto, sugeriu Maria, em tom grave.
— Juramos neste momento que jamais participaremos de uma calhordice como a desses sujeitos. Jamais faremos qualquer esforço físico desnecessário. Topa?
Firmam o pacto e gritam, às gargalhadas, para os tiozinhos:
— Seus calhordas! Seus calhordas!
É o que li no ótimo “Um Homem chamado Maria” (Ed.Objetiva), de Joaquim Ferreira dos Santos .
Em tempos mais corretos e saudáveis, confesso, covardemente, não tenho coragem de repetir esse grito de independência.
Sofro calado a humilhação dessa gente toda que se bole, se mexe. Dou toda força, amigos cariocas, até sinto uma certa inveja por não conseguir tal gana apolínea. Parece que não nasci mesmo para morrer com tanta saúde.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

DIA DE FESTA



Hoje é aniversário de uma daquelas pessoas que eu nem sei definir se é amiga, irmã ou se é parte de mim mesma: SABRINA.
Sabe quando você tem certeza absoluta de que sua vida seria menos alegre se esta pessoa não fizesse parte dela? Pois é.
Sá,
eu e Guigui fizemos esta foto com tanto carinho que ficamos até emocionada na hora. É só mais uma das muitas provas de que você está sempre nos nossos corações.
Que sua vida seja tão bonita quanto esse sorrisão que conquista todo mundo. Te amo.

Você é minha amiga de fé, minha irmã camarada,
amiga de tantos caminhos
de tantas jornadas
Cabeça de mulher mas um coração de menina,
aquela que está ao meu lado
em qualquer caminhada

O seu coração é uma casa de portas abertas,
Amiga, você é a mais certa das horas incertas.
Às vezes em certos momentos difíceis da vida,
em que precisamosde alguém para ajudar na saída
A sua palavra de força, de fé e de carinho,
me dá a certeza de que eu nunca estive sozinha.

Não preciso nem dizer, tudo isso que eu lhe digo,
mas é muito bom saber que você é minha amiga

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Rota


























Aquele barco que parte
leva um mundo.
E deixa a impressão
de que o mundo é bem menor
do que minhas dores.

Aquele barco segue a rota.

Eu sigo
meio tonto,
sem rumo
nessa embriagada busca
de mim.

     (Foto: Alexandre Camerini)

segunda-feira, 30 de julho de 2012

SOBRE TEMPORAIS E PROTEÇÕES



Tem sido difícil sair de casa nestes dias de tempestade. Chove em muitas ruas da minha vida. Outro dia tentei me abrigar numa longa capa de chuva mas me senti sufocada. Depois, experimentei o guarda-chuva. Molharam-se meus pés e pernas.
Olhei para o céu de manhã havia muitas nuvens negras, carregadas. Mas era preciso sair de casa porque a opção era trancar-me em mim mesma, e isso é inútil, às vezes.
Saí sem capa e sem guarda-chuva, totalmente sem proteção. A chuva veio - eu a esperava ansiosa. Foi libertador me molhar daquele jeito. A boa e velha coragem me abraçou e disse baixinho ao meu ouvido "saudade de você". Segurei em suas mãos. Não largo mais.
Agora não consulto mais a meteorologia: quero banhar-me de toda chuva que vier
E entre um temporal e outro, cito Frida Kahlo: PRA QUE PERNAS, SE POSSO VOAR?

sexta-feira, 20 de julho de 2012

O QUE FAZ VOCÊ FELIZ?


Fala-se muito em FELICIDADE. Tem gente que escreve livro pra ensinar o outro a ser feliz, tem um monte de gente que compra livro na esperança de aprender a ser feliz. Tem gente que vai à igreja, que medita, que paga, que compra, que come, que para de comer.

Quanto blablablá: vá por aqui, siga pelo caminho do meio, faça assim, pense desse jeito...

Olha bem, a felicidade pode estar por aí, disfarçada de flor, por exemplo.


sábado, 14 de julho de 2012

QUEM QUER SER UM HERÓI?

Aconteceu um episódio comigo que me fez (re)pensar a vida e nas surpresas que ela nos apresenta. Surpresas boas e outras nem tanto. E é sobre as "nem tão boas" que tenho me concentrado. Não que esteja em algum momento ruim, negativo ou a fim de me fazer de vítima.
É comum, num bate papo com amigos, ouvir alguém falar numa grande perda e vir com aquele discurso “sofri e dei a volta por cima". Geralmente quem "deu a volta por cima" não fala mais sobre isso.
Em muitos casos, quando uma tragédia se abate na nossa vida, a vontade é ficar em casa e nunca, mas nunquinha mesmo, sair dali. E isso adianta? Vai por mim: não adianta porra nenhuma. Mas é necessário sofrer um pouquinho, seja a sequela de um acidente, seja a perda de um amor ou até mesmo a morte de alguém querido. Passado o momento do "luto", o lance é continuar a viver. Do jeito que dá.
Se você é uma pessoa que sabe que a vida não é feita só de momentos felizes, que não entra numas de achar que a vida do vizinho é mais fácil do que a sua, você vai certamente seguir adiante, sem lamentações.
A vida é assim: leva embora um jovem saudável num acidente de carro, te sacaneia com um namorado infiel, te surpreende com uma demissão... Mas e aí? Vai ficar em casa chorando? Vai querer sair na porrada com o destino? Tudo perda de tempo.
Quem entra nessa de se revoltar não sai do lugar. Perde coisa pra caramba e nem se dá conta.
Várias vezes vi algo acontecendo com alguém e pensei "eu não aguentaria". Bobagem: a gente aguenta muito mais do que pensa. O que não dá é ficar pensando em coisas do tipo "por que comigo?". Quando olho atentamente para minha própria história de vida, vejo que também tenho meu quinhão de dor e sofrimento. E da mesma forma como recebo muito bem minhas vitórias, acho que tenho de aceitar meus tombos. E vou em frente, machucada, às vezes, mas se eu parar, passam por cima de mim.
Não me sinto nenhuma heroína por superar meus problemas. Acho isso uma bobeira danada. Não sou diferente de você, do meu amigo, da minha prima, do desconheciddo que se senta ao meu lado no metrô.
Outro dia li uma entrevista com um rapaz que ficou paraplégico há 4 anos, quando tinha 32 anos. Ele falou várias vezes que odeia quando o único assunto que puxam com ele é sobre as limitações: será que não dá pra conversar com uma pessoa legal, só isso? Por que a necessidade de ficar falando sobre um momento da vida dele? Ele tem vários momentos, e sua personalidade é formada por todos eles. O cara tem uma história de vida diferente da minha, mas certamente uma vida como a de todos nós: com grandes alegrias e algumas dores. Ele não é herói e achei o maior barato quando disse que não suporta quando chegam pra ele dizendo que ele vai superar, que é um guerreiro. Não! Ele não é nem quer ser. Não quer ser tratado como coitadinho assim como não quer ser modelo de nada pra ninguém. Quer ser feliz, aprendendo a viver com as limitações que a vida lhe impôs.
Essa história de "exemplo de superação" é coisa pra Globo Repórter, a vida é muito mais prática: ou você segue em frente, ou perde a sensibilidade e nunca mais aproveita a delícia que é olhar uma Lua linda no céu. Perder a sensibilidade das pernas é uma coisa. Devastador de verdade é perder a sensibilidade da alma.

terça-feira, 10 de julho de 2012

AO ANIVERSARIANTE DO DIA. COM O MEU CARINHO

O presente (Affonso Romando de Sant´Anna)

O que te dar neste dia?
O que te daria ontem
quando não te conhecia?
E amanhã,
se hoje não dei o que devia?

O que dou é apenas
sombra do que queria:
dou-te prosa
e o desejo era dar-te poesia.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

SOBRE A BROCHANTE ARTE DO EXCESSO




Há alguns dias estava com um grupo de amigas e amigas de amigas. Falamos sobre o que um grupo de mulheres fala: não sei quem pôs silicone; fulana se separou; aquela outra viajou; uma está de dieta; a outra não beija na boca há dois meses. Quando começamos a falar sobre relacionamentos, o assunto rendeu.


É claro que eu falei (eu falo pra caramba!) mas também prestei atenção e depois fiquei pensando sobre tudo o que foi falado ali. Dá pra resumir assim: homens e mulheres, que já deixaram de falar a mesma língua há um tempão, agora também estão morando em planetas diferentes. É sério: havia umas 8 mulheres ali e ninguém estava se entendendo com o parceiro. E isso me chamou muita atenção, porque eu tinha umas teorias e vi muitas delas se desfarelando.


Uma das minhas teorias era :mulher bonita (muito bonita, sabe?) tem sempre um namorado (marido, ficante) muito apaixonado. Pois naquele grupinho estava uma das mulheres mais gatas que conheço (e conheço há muito tempo, portanto sei que além de linda, é gente boa, inteligente) e eu sempre achei que os caras eram doidos por ela. Aí ela falou uma meia dúzia de grosserias que um ex fez com ela nos 2 anos de namoro e eu pensei "esse homem é louco! Tinha de rastejar aos pés dela.". E a teoria nº 1 foi pras cucuias de vez quando ela disse que não tem dado sorte com os caras e que eles somem depois do 3º ou 4º encontro. Ou depois de transar, o que vier primeiro.


Teoria nº 2: mulher da minha geração não cai mais naquelas coisas antigas, do tipo "tenho de me fazer de difícil ou ele vai me achar uma galinha" ou "tenho certeza de que ele vai se separar da mulher e ficar comigo". Pois eu ouvi essas e outras pérolas em pouco mais de 2 horas de conversa com mulheres mais ou menos da minha idade, com roupas da moda e todas com nível superior completíssimo - algumas até com MBA. Fiquei com vontade de ligar para todos os jornais e fazer um anúncio: É TUDO MENTIRA ESSE PAPO DE EMANCIPAÇÃO FEMININA. AS MULHERES DE HOJE PENSAM IGUALZINHO PENSAVAM AS DE 30, 40, 50 ANOS ATRÁS! E quanto mais eu penso em tudo o que falamos naquele dia, mais eu tenho certeza de que não existe essa porra de "mulher independente" de que tanto falam. Não existe sequer o papo de "direitos iguais". E isso porque elas próprias não aprenderam nada sobre a vida e continuam ouvindo os ecos do que diziam nossas avós.


Saí do restaurante meio desnorteada, a história da amiga linda e sem sorte me deixou desconsertada. Senti um misto de perplexidade e identificação: isso também acontece comigo. E finalmente pensei "bom, então a culpa não é minha, né?". Constatação redentora.


Comecei a me sentir mais leve depois de perceber que eles somem sempre, não importa se é comigo ou com a mulher mais gata do pedaço. Foi quando parei em frente a uma banca de revistas e levei um susto: para qualquer capa que eu olhasse, o assunto era sexo e relacionamento. E os títulos das matérias eram mais ou menos assim "Dicas para ele ligar no dia seguinte"; "Sexo quentíssimo sempre"; "O segredo de uma superpaqueradora para fisgar o gato". Fui pra casa achando que o mundo está muito complicado.


Não resisti e fui para o site de uma das revistas. Aí é que o bicho pegou mesmo! Eram tantos "truques", tantas dicas, tanto manual... Esquece tudo: eu tenho sorte no amor, sim. Afinal, nunca precisei fazer nada daquilo pra ter um namorado legal ao meu lado. Ainda bem, pois não sei o que seria de mim se tivesse de passar azeite trufado como perfume para chamar atenção de um cara que gosta de cozinhar. Verdade! Tá lá na matérias sobre "superpaqueradoras".


Se mais cedo eu já estava indignada com as mulheres por ainda acreditarem nos discursos de nossas avós, dessa vez fiquei foi muito puta da vida: havia uma enquete (com as respostas) "O que eu fiz para surpreender meu homem". Pô! cair no papo de que o cara vai se separar da mulher com quem está casado há anos é burrice e o amor - se é mesmo amor - faz a gente ficar burra mesmo. Mas vem cá, precisa ficar ridícula? Dá uma olhada nos testemunhos das leitoras: "Amarrei amor com a corda da academia na cama durante a noite. Quando acordou, passou o dia fazendo todas as minhas vontades em troca da liberdade" ; "Preparei um autêntico Ceviche, um prato peruano, e me vesti de deusa inca, com cocar e mantos coloridos. Por baixo da fantasia nadinha"; "Copiei uma cena do filme Cidade de Deus: banana quente nela." Ui.


Fico pensando se essas coisas são verdade ou se é invenção de quem está lá na redação sendo pressionado pelo chefe e tendo de fechar a matéria dentro do prazo. E será que quem escreve isso dá risada? Ou será que acredita? E quem lê? Será que tenta imitar ou acha tudo uma palhaçada sem fim? Gente, será que alguém tenta imitar? Será que existe gente que acha que é de uma corda de academia que precisa pra ser "boa de cama"?


Bom, felizmente nunca fui (ou desejei ser) uma "superpaqueradora", nunca tentei fazer nada parecido com as dicas dessas revistas e também acho que o Kama Sutra é útil lá para os indianos (mas eu não preciso). Agora só resta torcer para não começarem a escrever essas baboseiras para os homens. E se escreverem, que nunca nenhum tente fazer nada parecido comigo. Excitante mesmo é um bom beijo na boca cheio de desejo.

domingo, 8 de julho de 2012

SANTO ANTONIO E A FLIP

Por causa deste texto do Xico Sá, aquele fofo, fiz uma brincadeira no Twitter: pedi sua mão em casamento. Ele, obviamente, foi gentil e disse que eu era uma boa candidata (e ainda por cima me chamou de linda!). Educado o cabra, hein? 


E não é que hoje, em plena FLIP, o vi passando na porta da minha loja? Dei um grito, daqueles que damos quando vemos um grande e querido amigo "Xico Sá!".  Falei que era a moça que o tinha pedido em casamento via Twitter. Gente, ganhei um abraço tão carinhoso que, mesmo sem ter visto nenhuma palestra da grande Festa da Literatura, minha alma se encheu de poesia.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

10 ANOS DE FLIP - E VIVA DRUMMOND!

E chegamos à 10a. edição da grande festa literária que acontece em Paraty.
Não tenho nenhum ingresso para nenhuma palestra, mas sempre dá para aproveitar alguma coisa na Tenda da Matriz. 
Vou tentar, como nos anos anteriores, fazer registros interessantes e postar aqui, mas adianto que vou trabalhar bastante (se Deus quiser!!!) e não terei tempo de fazer nada em "tempo real".
Desejo à Casa Azul muito sucesso. Quem curte Paraty e tem a literatura na alma (eu!!!!!) sabe o valor deste encontro com gente bamba.


A programação está aqui mas você também pode ler aqui e geralmente o UOL transmite ao vivo algumas mesas. 


PS: Àqueles que não rotulavam a FLIP como "coisa de intelectual" e que não teria fôlego para passar da 2a ou 3a edição, sugiro trocar a pilha da bola de cristal. 





quarta-feira, 27 de junho de 2012

EU SOU RICA


Fabuloso texto escrito por Catón, jornalista mexicano, que dedico aos meus amigos e leitores amados. E, claro, aos meus familiares. 
 

“Tenho a intenção de processar a revista "Fortune", porque fui vítima de uma omissão inexplicável. Ela publicou uma lista dos homens mais ricos do mundo, e nesta lista eu não apareço. Aparecem: o sultão de Brunei, os herdeiros de Sam Walton e Mori Takichiro. 
Incluem personalidades como a rainha Elizabeth da Inglaterra, Niarkos Stavros, e os mexicanos Carlos Slim e Emilio Azcarraga.
Mas eu não sou mencionado na revista.
E eu sou um homem rico, imensamente rico. Como não,  vou mostrar a vocês: Eu tenho vida, que eu recebi não sei porquê, e saúde, que conservo  não sei como.
Eu tenho uma família, esposa adorável, que ao me entregar sua vida me deu o melhor para a minha; meus filhos maravilhosos dos quais só recebi felicidades, netos com os quais pratico uma nova e boa paternidade.

Eu tenho irmãos que são como meus amigos, e amigos que são como meus irmãos.

Tenho pessoas que sinceramente me amam, apesar dos meus defeitos, e a quem amo apesar dos meus defeitos.

Tenho quatro leitores a cada dia para agradecer-lhes porque eles lêem o que eu mal escrevo.

Eu tenho uma casa, e nela muitos livros (minha esposa iria dizer que tenho muitos livros e entre eles uma casa).

Eu tenho um pouco do mundo na forma de um jardim, que todo ano me dá maçãs que iria reduzir ainda mais a presença de Adão e Eva no Paraíso.

Eu tenho um cachorro que não vai dormir até que eu chegue, e que me recebe como se eu fosse o dono dos céus e da terra.

Eu tenho olhos que vêem e ouvidos para ouvir, pés para andar e mãos que acariciam; cérebro que pensa coisas que já ocorreram a outros, mas que para mim não haviam ocorrido nunca.

Eu sou a herança comum dos homens: alegrias para apreciá-las e compaixão para irmanar-me aos irmãos que estão sofrendo.
E eu tenho fé em Deus que vale para mim amor infinito.

Pode haver riquezas maiores do que a minha?

Por que, então, a revista "Fortune" não me colocou na lista dos homens mais ricos do planeta? "

E você, como se considera? Rico ou pobre?

Há pessoas pobres, mas tão pobres, que é a única coisa que possuem é ... DINHEIRO.
 
Armando Fuentes Aguirre (Catón)
 

sábado, 16 de junho de 2012

SEM SENTIDO


Seu lugar não é aqui. Você é maior do que esta cidade. Qualquer um daria emprego para você, volta pra lá.
Ouço estas frases com uma periodicidade bem maior do que posso suportar. Ms finjo prestar atenção.
Fica lá o outro falando e eu fazendo de conta que tô muito da feliz da minha vida vivendo deste jeitinho bege.
Ou então só analiso e tento entender o porquê de tanto confete pra cima de mim. E tudo o que percebo é que isso tudo me faz lembrar que um dia eu já tive uma vida de verdade. Se eu sentisse alguma coisa, tenho certeza de que doeria pra caramba. Vinagre nas minhas chagas.
Então, não falo nada. Só peço aos céus para aquele blábláblá acabar logo.
– Cala essa sua boca porque você não tem a menor ideia do que tá falando.

E as palavras soam como um castigo por todo aquele tempo que eu enganei todo mundo fingindo ser uma profissional super competente, uma garota alegre e de bem com a vida.
- Dá pra calar a boca, cacete? Enganei um monte de gente durante muitos anos e de repente eles descobriram e acabaram com minha festa. Será que só você não sacou isso?

Eu sou uma fraude. Uma ferida que não sangra. É como se eu usasse sandália rasteira porque é moda, mas uso porque não sei andar de salto alto. Eu engano o tempo todo.
Nem escrever, que era mais um jeito que inventei de manter a personagem competente-sensível-cult, eu consigo mais. Fraude. Sou uma fraude que deu certo por um tempão e só você e meia dúzia ainda não percebeu.

Dá vontade de gritar, de pedir pra não reparar bem em mim e perceber que a pele bonitinha é maquiagem. Dá vontade de ligar pra minha melhor amiga e falar “preciso de colo. Tô na merda”. Mas você acha que eu faço isso?
Se nem chorar sozinha eu consigo, imagina abrir o jogo e tirar o blush pra mostrar meu rosto pálido e sem graça, que nem a minha vida.

Ficar triste era coisa que eu fazia no passado, quando eu enganava as pessoas e até a vida. Ficar triste era transitório. Hoje é rotina, normalzão isso. Se eu achasse que valeria a pena ter sentimentos, diria que ando muito triste. Mas eu não sinto necessidade de falar isso. Eu não sinto.

Poderia aproveitar que escrevo direitinho e extravasar todo este vazio aqui do meu peito. Podia inventar estórias dramáticas e ser a mocinha que sempre é salva pelo bondoso e belo mocinho. Ou então ser aquela irônica que transforma as merdas da vida em textos cheios de efeito e muita graça. Mas se eu fizesse isso, se eu me dispusesse a me expressar através da escrita, teria de me defrontar muitas vezes comigo e isto seria o caminho mais curto para um belo surto psicótico e depressivo. Seria também um jeito babaca de fazer poesia, o jeito mais escroto de poesia e eu jamais faria isso: combinar palavras certas e cheias de significado para falar sobre meu vazio e minha solidão. Eu tocaria o coração das pessoas com isso. E daria continuidade ao grande teatro que construí nos últimos anos. Não tenho mais saco pra isso.

Nem falar mais com você eu tenho vontade. E não é falta de amor, é medo. Porque eu já perdi tanta coisa que constatar que também perdi você seria uma dor muito mais forte do que eu poderia sentir.  

E para conseguir levar esta vidinha de passados, precisei parar de sentir. 

terça-feira, 12 de junho de 2012

ATUALIZAÇÃO DE STATUS - CARLOS EMILIO FARACO

PARA UM NAMORADO ALEGRE

Hoje eu te pego
Micheltelonianamente
E te mostro
Coisas do arco
E
Da velha.
Do arco, para tu entenderes
Quem dobra quem.
Da velha,
Para tu entenderes
Como as coisas são
Desde sempre.
Mas o que eu quero mesmo
Te dar
É um arco
Que está dentro da minha íris,
Para, juntos,
Montarmos um cenário-paris
De puro champanhe:
Arco-íris.

sábado, 12 de maio de 2012

QUANDO O FILME ACABA SOBRA O QUÊ?


Faz séculos que não passo por aqui. Nem para escrever, muito menos para ler. Não tenho vontade de escrever uma linha sequer. Assunto até que tem, mas falta iniciativa, vontade mesmo, sabe? Tem rolado uma preguiça soberana de pensar (sim, eu penso antes de escrever. Mesmo que não pareça). 
Ontem vi um filme e pensei "Vida, reparou que eu nunca fui a mocinha do final feliz?". O lógico era eu pensar que a vida me deve um "final feliz" e que ele me espera ali na esquina, mas sinto que não.O filme já acabou. Eu tô voltando do cinema mas nunca chego em casa. Eu to rebobinando a fita. Mas o filme já acabou.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

SAUDADE DE MIM

Ando com uma saudade tão grande de mim. Sinto falta do meu sorriso, da certeza de que coisas boas acontecem sempre. Saudade imensa de alguns amigos que ao me ver rolar ladeira abaixo, apagaram meu telefone de suas agendas. 
Houve um tempo em que eu não me sentia tão descartável. Disso eu sinto muita falta.
Ando com uma tristeza maior do que poderia escrever. Estas lágrimas descrevem isso bem melhor e com maior exatidão.

terça-feira, 20 de março de 2012

PÁGINA VIRADA. VÍCIOS INTACTOS.

Meses sem nada acontecer e, de repente, num domingo à noite, fim de feriado - momento ideal para continuar não acontecendo nada - dou de cara com você.  E você passa batido, finge que não me conhece e se mistura aos outros tantos turistas babacas que vieram encher minha terra de latinhas de cerveja e tirar os lojistas do sufoco. Seu olhar de "não te conheço" foi um tanto babaca, coisa de homem, sabe? De homem que não tem culhão e não suporta um confronto. 
Já eu, que tenho coração até nos meio das pernas e a cabeça cheia de traumas e discursos decorados, vivenciei aqueles segundos eternos com a dor típica dos desprezados. Todos os meus corações se partiram: o coração dos antigos amores (porque obviamente você estava acompanhado), o coração dos amores mal terminados, mas principalmente o coração dos amigos que foram importantes para mim.  
Segundos estranhos e muito confusos. De desprezo, rancor, suposições e perguntas. Tudo junto e misturado. O típico meu jeitão esquisito de ser e sentir. Sem lágrimas, por favor.
Que bom que não escutei o Dr.Drauzio e não larguei meu vício. Aliás, ele me ajudou a viver os minutos, as horas e os dias pós-"fingir que não me conhece".
E antes de comprar mais um maço, percebi que havia muito mais fumaça do que sentimento por você. E virei a página lindamente. E mudei meu número de telefone.

terça-feira, 13 de março de 2012

AMORES TEMOS DE MENOS. HIPOCRISIA JÁ TEMOS DEMAIS.

Aproveitanto esta vibe Cazuza que tô curtindo, mando meu desprezo para você que fala em Deus da boca para fora mas que não sabe amar seu semelhante. Você que caga regras de bom comportamento e tem a petulância de classificar as pessoas como "melhores" ou "piores" uma das outras.

"Como é estranha a natureza
morta dos que não tem dor.
Como é estéril a certeza                    de quem vive sem amor..."

Acredito muito mais nas verdades bárbaras que você falou para sua prima do que nas lágrimas pelo seu primo doente.

E se Cazuza é muito forte para sua hipocrisia pseudo-cristão, que Deus toque (de verdade) seu coração.

quinta-feira, 8 de março de 2012

DIA INTERNACIONAL DA MULHER DE VERDADE

Em homenagem ao Dia da Mulher, pensei em fazer um post sobre o "up grade" que minha autoestima ganhou depois de participar do DIA DE MODELO do blog MULHERÃO.
Mas é tanta coisa para falar (padrão de beleza, distúrbios alimentares, complexo de inferioridade, distorção da autoimagem...) que resolvi fazer um pequeno vídeo. Sabe como é, as imagens continuam falando mais do que mil palavras. E cada um tira sua própria conclusão.



CRÉDITOS: As fotos do início do vídeo foram retiradas daqui
Meus fotógrafos: Hilton Costa e Claudio Pompeu

domingo, 4 de março de 2012

EM UM RELACIONAMENTO "FALA SÉRIO" - XICO SÁ

Não custa nada fazer o alerta de novo.
Você amigo, você fofolete, acaba o casamento, o romance, a novela, o caso, o rolo, mas continuam acompanhando a vida do(a) ex no Orkut, no Facebook, no twitter, nas redes sociais mais intimistas.
Um desastre.
À guisa de alerta, a canção das antigas: “Risque meu nome do seu caderno/ Pois não suporto o inferno/Do nosso amor fracassado”.
Risque o meu nome do seu  Facebook…
Podendo evitar, meu caro, minha princesa, evitem. Salte fora, meu rapaz, corra, Lola, corra.
Aproveitem que os laços foram cortados no plano real e passem a régua também nas espumas da virtualidade.
O mais é sofrimento à toa, reacender a fogueira do ciúme, masoquismo, perversão, sacanagem. Um risco que não vale mesmo a pena.
Qualquer recado ou post, mesmo os mais inocentes ou sem propósito, viram um inferno na terra. Para completar, tem sempre alguém mais sacana ainda e entra no jogo, dando linha na pipa da maldade.
Prefira não, amigo, caia fora mesmo, Lola.
Não adianta nem tentar dizer que não liga, que é apenas virtual, que leva na buena, que acabou tudo bem e que é civilizadíssimo. Melhor evitar aperreios no juízo.
Você já prestou atenção, meu jovem, na fartura de tragédias amorosas que tiveram como espoleta da discórdia um simples comentário na Internet, uma foto sensual no Orkut, uma alteração no status do relacionamento?
E tem outra: precisa ser muito tranqüilo para não ficar fuçando a vida do(a) entidade chamada ex. Quem resiste ai levante o dedo.
Melhor evitar o brinquedo assassino chamado ciúme, esse satanás de chifre.
Sim, tem que ser forte para cair fora, para bloqueá-lo(a), para dar um tempo inclusive na amizade forçada –não há civilização no fim do amor, a barbárie e a selvageria sempre prevalecem.
Não basta o sofrimento mais do que real da ressaca amorosa? Basta.
Ninguém segura essa onda. Claro que só uma minoria maluca chega à violência, ao inconcebível.
A maioria, mesmo silenciosa, sofre horrores, se acaba, o velho pote até aqui de mágoa, como diria o xará Buarque, faça não, caia fora, faz bem para manter a sanidade.
Risque o meu nome do seu Facebook, não me siga no twitter,  eu não sou novela.
Mude o status amoroso, faça troça do brinquedo: estou em um relacionamento “fala sério”…


AMO O XICO SÁ. E SE VOCÊ QUISER LER MAIS TEXTOS GOSTOSOS DELE, É SÓ CLICAR AQUI  

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

PARATI

Não acredite na fala dessa gente
que, infelizmente, se esquece de viver


sábado, 25 de fevereiro de 2012

SOQUINHO NA SANTINHA - Marianna Greca

Me engana que eu gosto.
Não vem com esse papinho de modernosa, livre e desencanada.
Você não passa é de uma boazinha. E das mais santinhas.
É praga da geração. As "boazinhas crônicas" são o mal do século.
E não adianta levantar a blusa pra ver se o garçom olha finalmente pra sua mesa. Não tenta me enganar. Tá pensando que eu nasci ontem?
Ok, deixa eu explicar.
Sabe aquela menina queridinha que finge não ter ficado decepcionada porque não ganhou do Papai-Noel um par de patins?
Sabe qual é a maior diferença entre você e ela?
A mesma entre seis e meia dúzia.
Porque você faz a mesma coisa que ela quando aceita um cara não te ligar no dia seguinte. E sai com ele quando o cidadão finalmente te convida um mês depois. Quer boazinha maior que essa?
Quero te dizer que cansei de falar sobre superação,fossa, crescimento. Já deu pra mim. Cansei de colocar a sua cabeça no meu colo e ficar fazendo carinho no seu cabelo, dizendo que você é uma mulher linda e independente e que, se ele faz tanta falta, alguma coisa muito maior que ele é que está faltando na sua vida, etc, etc.
Cansei. Porque você é uma traidora do próprio gênero.
Por isso hoje inaugurei um movimento. E sigo com ele com a mesma obstinação de depiladora no último dia do inverno.
É o movimento "soquinho na santinha". Porque toda santa tem o demônio que merece.
Sabe quando você diz que reconhece que as mulheres lutaram muito para conquistar seu espaço no mercado de trabalho, para se relacionarem com quem quiserem, e aquele blá-blá-blá todo?
Vou te dizer uma coisa, princesinha. Você nega. Mas é tão submissa quanto todas as gerações anteriores juntas.
Você procura entender quando te dizem que não querem compromisso  por enquanto. Você acha natural um cara fazer questão de partir pros "finalmentes" antes de finalmente te pedir em namoro. Você diz que não reparou que ele chegou atrasado - nada como duas horas de introspecção, não?
Você se sente culpada por ter sido muito recatada no primeiro encontro. Você se sente mais culpada ainda por não ter sido tão SOQUINHO NA SANTINHArecatada quanto talvez devesse. Você se policia para não cobrar nada e respeitar a liberdade dele.
Não faz cara de ciúmes, não pergunta o que ele fez na noite passada, finge achar engraçada uma piada terrível que só bêbado é capaz de fazer, fica insegura sobre estar usando a roupa que transmita a mensagem certa - enquanto ele vai te ver com a mesma camiseta que usa pra lavar o carro -, deixa de comer chocolate com medo de ele te achar gorda, não vai na festa dos seus amigos porque ele não está afim de sair - mas deixou claro que é melhor você ficar em casa.
Bando de boazinhas. Vocês realmente são as noras que essas sogras pediram a Deus. Quanta doçura e condescendência. Essa aí, São Pedro manda direto pra área VIP do paraíso.
Mas calma lá. Não tão rápido.
Deixa eu deixar o meu recado antes.
Vocês estão condenadas.
Não por esse cidadão. Para esse aí vocês estão se vacinando aos poucos, não é? É igual fazer baliza.
Uma hora acostuma.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Tenho sim, e daí?

Publiquei este texto há algum tempo e, pela quantidade de comentários, muita gente achou legal. Daí esta semana o cantor Wando fez a "viagem" dele, senti vontade de publicá-lo novamente.
Sejamos eternamente bregas se é isto que nos faz feliz.


Tem algumas coisas que todo mundo tem, mas cisma em negar.
Não tô falando de celulite ou calcinha com elástico largo: isso a gente tem e pronto. Eu, pelo menos, tenho e nunca tive vergonha. É diferente de já ter lido mais de um livro do Paulo Coelho: nego até a morte, porque pega mal pra cacete.

Mas tem umas coisinhas que queimam o filme mas não dá pra gente renegar. Meu lado brega, por exemplo. Ele é breguíssimo mas não consigo dizer que ele não existe só pra manter a pose. Deve ser breguice visceral isso. Não vislumbro cura.

Minha primeira paixão neste estilo foi Sidney Magal. Sim, o "Cigano" Sidney Magal. Já dancei muito me imaginando ser a Cigana Sandra Rosa Madalena. Eu tinha uns três ou quatro anos, mas foi uma paixão marcante. Verdadeira. Não deboche, portanto.

Outra paixão foi pelo Renato Gaúcho, quando ele jogava no Flamengo. Aquele cabelinho à lá Chitãozinho e Xororó era tudo de mais maravilhoso na minha vida. Teve também a época que eu ia me casar com o Ray, do Menudo. Difícil de acreditar, né? Mas é verdade: essa alma aqui cheia de pose já amou um Menudo. Aliás, essa alma pseudo-fashion está ouvindo uma música que ai, ai, ai... Fez transbordar toda minha breguice latente: Fogo e Paixão, do Wando. Gente, "Você é luz, é raio, estrela e luar/ Manhã de sol, meu Iaiá, meu Ioiô" deveria constar nos livros de literatura. É poesia pura, é delícia total: quando tão louca me beija na boca/ me ama no chão. Onde estão os teóricos da literatura que ainda não fizeram um tratado sobre esses versos, onde?

Parei meu trabalho burocrático e sem graça e corri pra escrever sobre isso. Estou me segurando pra não cantar em voz alta.

Se no dia a dia sou séria e me deixo sufocar pelos compromissos, quando paro e escuto meu lado brega, sinto uma alegria, uma vontade de ser feliz.

Viva meu lado brega!



CRIANÇA DIZ CADA COISA...


Acabei de ler um texto lindinho (clica aqui)da queridona Heloísa e me lembrei de um momento bem típico de "criança diz cada coisa", bem à la Pedro Bloch, sabe?

Minha sobrinha (a afilhada e amor da minha vida) Lara tinha cinco anos quando a Vovó Cininha "virou estrela" e,  por ter sido a primeira experiência de perda na vidinha dela, marcou muito, claro. Durante algumas semanas a Larinha falava muito sobre a Bisa, perguntava para onde ela foi, até que fez a clássica pergunta "Por que a Bisa morreu, mamãe?". Minha irmã explicou que ela já estava bem velhinha e que isso acontece com todo mundo e... A Lara saiu correndo. 
Chegou correndo na casa da minha mãe, que estava assistindo TV, deu-lhe  um grande abraço e pediu em tom irresistível "Vovó, promete que você nunca vai parar de pintar o cabelo?".  Minha mãe não entendeu o pedido e perguntou o motivo. Lara, porém, só se explicou depois de ouvir o esperado "Sim, a Vovó promete. Mas por quê?" ao que a garotinha esperta e apaixonada respondeu : Pra você não ter nunca cabelos brancos, não ficar velhinha e nunca, mas nunca mesmo, morrer, Vovó.

 





terça-feira, 31 de janeiro de 2012

UM TEXTO SUPER ATRASADO



Em geral, quando Dezembro dá as caras, gosto de fazer um balanço de como foi meu ano. Em geral, me dá ânsia de vômito fazer isso, mas eu faço. Não fiz este sobre 2011 porque 2011 foi muito "punk", hardcore total e eu não tive tempo e nem paciência. Também não fiz sobre 2010 porque aquele foi um ano que nem devia ter começado. 
Só que hoje me deu vontade de falar de 2011. Talvez uma necessidade de falar "2011, seu puto, você passou. Eu estou aqui". Parece tardio um texto com clima de final de ano em pleno Janeiro, mas sou assim mesmo e vivo, na maioria das vezes, na contramão de tudo. 
O ano que acabou há exatos 30 dias foi de um mau gosto terrível, de um descaso comigo total. Fui derrubada 332 vezes por dia em quase todos os dias. Voltei à estaca zero com uma mão na frente e outra atrás. Mas não perdi totalmente a capacidade de raciocinar, o que é tão comum em cidade pequena (de alma e grande de hipocrisia). Fui em frente com um sorriso meio falso, meio orgulhoso e bem metido à besta. 
Engoli uns sapos mega indigestos, chorei sozinha à noite (e de dia também), pedi (e recebi) colo de mãe inúmeras vezes e vi a personagem fodona que construí ao longo de 20 anos se estrepar lindamente. Quem não gosta de mim teve motivo suficiente para ficar feliz no ano que passou. E falar sobre isso me dá a noção do quão ficaram intactas minha autocrueldade e minha sinceridade.
Como já era de se esperar (2010 foi um cu, já mencionei isto), nenhuma das "promessinhas de ano novo", feitas no início de 2011, foram levadas a sério. Aliás, nem me lembro de ter feito promessa alguma. Mas aquelas tradicionalíssimas, que todo mundo faz todo ano, aconteceram ao contrário. Do tipo "tem mas acabou". Engordei. Briguei com amigos antigos. Continuei depressiva. Não parei de fumar. Não voltei a estudar. A maior vitória que tive em 2011 deve ter sido naquela partida de Mau-Mau (é assim que escreve?) que joguei com minha sobrinha de cinco anos. Perdi meu tio tão querido (e esta foi a dor mais forte que senti nos últimos anos). Quase perdi a fé em 2011.
Não escrevi nenhum texto legal, daqueles totalmente inventados e que os (poucos) leitores se inflamam de ternura por mim, deixam mil recadinhos fofos. 2011 foi um ano fraquíssimo em termos de "fazer algo legal", não só aqui no blog. Não me lembro de ter me divertido num final de semana sequer. 
E se você já conhece o blog, deve ter visto que no final do ano eu publicava uma listinha com os livros que li. Acertou se disse "aposto que não fez também". É, não fiz mesmo. E sabe por quê? Porque não devo ter lido nem um livro em 2011. Ao contrário, vendi minha mini biblioteca. Assim como tive de vender o laptop. Os livros vendi porque tava sem grana e ia me mudar pra um lugar que não tinha espaço. O notebook vendi porque deu defeito. E 2011 foi bem isso: deu defeito o tempo todo.
Houve vários momentos que me perguntei "cadê a Aline que sempre viveu aqui?" e esta pergunta ecoa ainda hoje, 31 dias depois de 2012 começar. Mas eu desejo, de coração, que esse tempo imenso que fiquei fora do ar (e fora de mim) não tenha sido o suficiente para você (você mesmo, que parou para ler esse monte de lamentação sobre o leite que já até coalhou de tanto tempo faz que foi derramado) esquecer que mais do que uma pessoa que tá tentando reconstruir a vida, quem escreve aqui é uma eterna carente menina. 
Fica aqui meu sonoro "2011, seu puto, você passou e eu fiquei". Fica também meu mais sincero desejo que em 2012 eu escreva pra caralho aqui. E que você (você mesmo) seja muito, mas muito feliz. 

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

UM POST SOBRE NADA

Ando sumida daqui, eu sei. Os últimos textos foram "reedições" ou do tipo baixo-astral-até-o-último-fio-de-cabelo. Mas continuo quase firme e quase forte. Continuo com vontade de escrever, continuo sem saber escrever, continuo falando muito quando deveria só ouvir, continuo me calando quando era hora de gritar. Continuo toda errada. E talvez nesta conclusão estejam os dois grandes motivos, além da falta de tempo, de eu estar há tanto tempo sem escrever: minha vida está toda errada e tudo continua, nada muda. Mesmo que o cenário seja bem diferente, o enredo tá igualzinho.  
Fiz aniversário por estes dias e isto significa repensar a vida, fazer uma espécie de inventário de mim mesma. Depressão, sai do meu pé, por gentileza. 
Daí eu começo a escrever um pouquinho e já fico imaginando um monte de gente (paranoia, o nome disso é paranoia eu sei) falando "deixa disso", "você vai sair dessa". Então penso que nem vale a pena escrever porra nenhuma, afinal,  tá tudo igual, é mentira que vou sair dessa e tenho mais o que fazer com meu tempo. Fazer o quê?
Aí eu me lembro que um dia já quis ser escritora, já fiz planos de mudar o mundo e também acreditei em amor eterno. E estas lembranças não passam de carrascas que servem apenas para eu constatar que nunca trabalhei nem perto da área que gostaria, que não mudei nem minha alimentação e que hoje em dia já não acredito nem mesmo em amor. E esta constatação me faz sentir uma raiva danada de mim mesma porque um dia eu jurei que jamais iria deixar meu coração endurecer. 
Sinto saudade de quando eu achava que as coisas seriam fáceis para mim só porque eu era uma pessoa legal e que não guardava ódio no coração. Sinto saudade de quando guardava cartas antigas, cartões postais  e papeis de bala. E também de quando sempre havia uma festa para eu ir. 
Faz um tempão que não me convidam para festas. E quando convidam eu não vou. Continuo sem muito rancor no coração, mas já não sustento minha posição contrária. Mudo de discurso ao menor sinal de desagrado alheio. Talvez seja maturidade essa coisa de não discutir. Talvez seja preguiça pura.
Tenho medo de envelhecer cheia de manias que nem uma prima mal amada que eu tenho. 
Hoje nem amo e nem odeio com todas as minhas forças. Sou só um pouco sarcástica com quem não me dá muito ibope. Parei com a terapia e sinto pavor de enlouquecer de vez. 
São muito diferentes a Aline que sou e aquela que sempre soube que seria. Qual delas é mais legal e viável eu não sei. Mas qual é a mais feliz, pode apostar que não é esta aqui. Isso não.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

LET´S PLAY THAT (TORQUATO NETO)

quando eu nasci
um anjo louco
muito louco
veio ler a minha mão
não era um anjo barroco
era um anjo muito louco,torto
com asas de avião
eis que esse anjo me disse
apertando minha mão
com um sorriso entre dentes
vai bicho desafinar
o coro dos contentes
vai bicho desafinar
o coro dos contentes
let's play that


Vale a pena dar uma olhadinha em outras poesia do ótimo Torquato Neto, esse poeta tropicalista.

Hoje é dia 04 de Janeiro, meu aniversário. E este é um poema que tem a minha cara.