terça-feira, 31 de janeiro de 2012

UM TEXTO SUPER ATRASADO



Em geral, quando Dezembro dá as caras, gosto de fazer um balanço de como foi meu ano. Em geral, me dá ânsia de vômito fazer isso, mas eu faço. Não fiz este sobre 2011 porque 2011 foi muito "punk", hardcore total e eu não tive tempo e nem paciência. Também não fiz sobre 2010 porque aquele foi um ano que nem devia ter começado. 
Só que hoje me deu vontade de falar de 2011. Talvez uma necessidade de falar "2011, seu puto, você passou. Eu estou aqui". Parece tardio um texto com clima de final de ano em pleno Janeiro, mas sou assim mesmo e vivo, na maioria das vezes, na contramão de tudo. 
O ano que acabou há exatos 30 dias foi de um mau gosto terrível, de um descaso comigo total. Fui derrubada 332 vezes por dia em quase todos os dias. Voltei à estaca zero com uma mão na frente e outra atrás. Mas não perdi totalmente a capacidade de raciocinar, o que é tão comum em cidade pequena (de alma e grande de hipocrisia). Fui em frente com um sorriso meio falso, meio orgulhoso e bem metido à besta. 
Engoli uns sapos mega indigestos, chorei sozinha à noite (e de dia também), pedi (e recebi) colo de mãe inúmeras vezes e vi a personagem fodona que construí ao longo de 20 anos se estrepar lindamente. Quem não gosta de mim teve motivo suficiente para ficar feliz no ano que passou. E falar sobre isso me dá a noção do quão ficaram intactas minha autocrueldade e minha sinceridade.
Como já era de se esperar (2010 foi um cu, já mencionei isto), nenhuma das "promessinhas de ano novo", feitas no início de 2011, foram levadas a sério. Aliás, nem me lembro de ter feito promessa alguma. Mas aquelas tradicionalíssimas, que todo mundo faz todo ano, aconteceram ao contrário. Do tipo "tem mas acabou". Engordei. Briguei com amigos antigos. Continuei depressiva. Não parei de fumar. Não voltei a estudar. A maior vitória que tive em 2011 deve ter sido naquela partida de Mau-Mau (é assim que escreve?) que joguei com minha sobrinha de cinco anos. Perdi meu tio tão querido (e esta foi a dor mais forte que senti nos últimos anos). Quase perdi a fé em 2011.
Não escrevi nenhum texto legal, daqueles totalmente inventados e que os (poucos) leitores se inflamam de ternura por mim, deixam mil recadinhos fofos. 2011 foi um ano fraquíssimo em termos de "fazer algo legal", não só aqui no blog. Não me lembro de ter me divertido num final de semana sequer. 
E se você já conhece o blog, deve ter visto que no final do ano eu publicava uma listinha com os livros que li. Acertou se disse "aposto que não fez também". É, não fiz mesmo. E sabe por quê? Porque não devo ter lido nem um livro em 2011. Ao contrário, vendi minha mini biblioteca. Assim como tive de vender o laptop. Os livros vendi porque tava sem grana e ia me mudar pra um lugar que não tinha espaço. O notebook vendi porque deu defeito. E 2011 foi bem isso: deu defeito o tempo todo.
Houve vários momentos que me perguntei "cadê a Aline que sempre viveu aqui?" e esta pergunta ecoa ainda hoje, 31 dias depois de 2012 começar. Mas eu desejo, de coração, que esse tempo imenso que fiquei fora do ar (e fora de mim) não tenha sido o suficiente para você (você mesmo, que parou para ler esse monte de lamentação sobre o leite que já até coalhou de tanto tempo faz que foi derramado) esquecer que mais do que uma pessoa que tá tentando reconstruir a vida, quem escreve aqui é uma eterna carente menina. 
Fica aqui meu sonoro "2011, seu puto, você passou e eu fiquei". Fica também meu mais sincero desejo que em 2012 eu escreva pra caralho aqui. E que você (você mesmo) seja muito, mas muito feliz. 

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

UM POST SOBRE NADA

Ando sumida daqui, eu sei. Os últimos textos foram "reedições" ou do tipo baixo-astral-até-o-último-fio-de-cabelo. Mas continuo quase firme e quase forte. Continuo com vontade de escrever, continuo sem saber escrever, continuo falando muito quando deveria só ouvir, continuo me calando quando era hora de gritar. Continuo toda errada. E talvez nesta conclusão estejam os dois grandes motivos, além da falta de tempo, de eu estar há tanto tempo sem escrever: minha vida está toda errada e tudo continua, nada muda. Mesmo que o cenário seja bem diferente, o enredo tá igualzinho.  
Fiz aniversário por estes dias e isto significa repensar a vida, fazer uma espécie de inventário de mim mesma. Depressão, sai do meu pé, por gentileza. 
Daí eu começo a escrever um pouquinho e já fico imaginando um monte de gente (paranoia, o nome disso é paranoia eu sei) falando "deixa disso", "você vai sair dessa". Então penso que nem vale a pena escrever porra nenhuma, afinal,  tá tudo igual, é mentira que vou sair dessa e tenho mais o que fazer com meu tempo. Fazer o quê?
Aí eu me lembro que um dia já quis ser escritora, já fiz planos de mudar o mundo e também acreditei em amor eterno. E estas lembranças não passam de carrascas que servem apenas para eu constatar que nunca trabalhei nem perto da área que gostaria, que não mudei nem minha alimentação e que hoje em dia já não acredito nem mesmo em amor. E esta constatação me faz sentir uma raiva danada de mim mesma porque um dia eu jurei que jamais iria deixar meu coração endurecer. 
Sinto saudade de quando eu achava que as coisas seriam fáceis para mim só porque eu era uma pessoa legal e que não guardava ódio no coração. Sinto saudade de quando guardava cartas antigas, cartões postais  e papeis de bala. E também de quando sempre havia uma festa para eu ir. 
Faz um tempão que não me convidam para festas. E quando convidam eu não vou. Continuo sem muito rancor no coração, mas já não sustento minha posição contrária. Mudo de discurso ao menor sinal de desagrado alheio. Talvez seja maturidade essa coisa de não discutir. Talvez seja preguiça pura.
Tenho medo de envelhecer cheia de manias que nem uma prima mal amada que eu tenho. 
Hoje nem amo e nem odeio com todas as minhas forças. Sou só um pouco sarcástica com quem não me dá muito ibope. Parei com a terapia e sinto pavor de enlouquecer de vez. 
São muito diferentes a Aline que sou e aquela que sempre soube que seria. Qual delas é mais legal e viável eu não sei. Mas qual é a mais feliz, pode apostar que não é esta aqui. Isso não.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

LET´S PLAY THAT (TORQUATO NETO)

quando eu nasci
um anjo louco
muito louco
veio ler a minha mão
não era um anjo barroco
era um anjo muito louco,torto
com asas de avião
eis que esse anjo me disse
apertando minha mão
com um sorriso entre dentes
vai bicho desafinar
o coro dos contentes
vai bicho desafinar
o coro dos contentes
let's play that


Vale a pena dar uma olhadinha em outras poesia do ótimo Torquato Neto, esse poeta tropicalista.

Hoje é dia 04 de Janeiro, meu aniversário. E este é um poema que tem a minha cara.