segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Rota/ AG

Aquele barco que parte
leva um mundo.
E deixa a impressão
de que o mundo é bem menor
do que minhas dores.
Aquele barco segue a rota.
Eu sigo meio tonto,
sem rumo,
nessa embriagada busca de mim.

Eu vou tirar você de mim

Eu vou tirar do dicionário
A palavra você
Vou trocar-lá em miúdos
Mudar meu vocabulário
e no seu lugar
vou colocar outro absurdo
Eu vou tirar suas impressões digitais
da minha pele
Tirar seu cheiro
dos meus lençóis
O seu rosto do meu gosto
Eu vou tirar você de letra
nem que tenha que inventar
outra gramática
Eu vou tirar você de mim
Assim que descobrir
com quantos "nãos" se faz um sim
Eu vou tirar o sentimento
do meu pensamento
sua imagem e semelhança
Vou parar o movimento
a qualquer momento
Procurar outra lembrança
Eu vou tirar, vou limar de vez sua voz
dos meus ouvidos
Eu vou tirar você e eu de nós
o dito pelo não tido
Eu vou tirar você de letra
nem que tenha que inventar
outra gramática
Eu vou tirar você de mim
Assim que descobrir
com quantos "nãos" se faz um sim
(Zélia Duncan)

sábado, 26 de dezembro de 2009

ME ADORA

Tantas decepções eu já vivi
Aquela foi de longe a mais cruel
Um silêncio profundo e declarei:
“Só não desonre o meu nome”

Você que nem me ouve até o fim
Injustamente julga por prazer
Cuidado quando for falar de mim
E não desonre o meu nome

Será que eu já posso enlouquecer?
Ou devo apenas sorrir?
Não sei mais o que eu tenho que fazer
Pra você admitir

Que você me adora
Que me acha foda
Não espere eu ir embora pra perceber
Que você me adora
Que me acha foda

Não espere eu ir embora pra perceber
Perceba que não tem como saber
São só os seus palpites na sua mão
Sou mais do que o seu olho pode ver
Então não desonre o meu nome

Não importa se eu não sou o que você quer
Não é minha culpa a sua projeção
Aceito a apatia, se vier
Mas não desonre o meu nome

Será que eu já posso enlouquecer?
Ou devo apenas sorrir?
Não sei mais o que eu tenho que fazer
Pra você admitir

Que você me adora
Que me acha foda


Não espere eu ir embora pra perceber
Que você me adora
Que me acha foda

Não espere eu ir embora pra perceber

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Regrinhas:

Recebi um selhinho da Bianca, do Estilo, Loucuras e Futilidades. A D O R E I

Tem um mini questionário para responder e aqui vai:


- Meu pior defeito é... UMA LONGA LISTA
- O que mais gosto de mim é... MINHA ETERNA MANIA DE ACHAR QUE TUDO É PRA SEMPRE E DEPOIS NÃO SOFRER QUANDO DESCUBRO QUE NADA É PRA SEMPRE
- Meu sorriso é sincero quando... SORRIO
- Sinto medo de... ALGUÉM AMADO ADOECER
- Sinto ódio de... O QUE É ÓDIO MESMO?
- Quando sinto vontade de destruir o mundo... EU ESCREVO
- Minha paixão eterna... LARA, LIV, MEUS PAIS, MINHA IRMÃ E O MENGÃO, CLARO!
- Serei feliz quando... NASCI FELIZ
- Meu pior erro cometido foi... HÁ 5 MIN
- Nas piores horas eu lembro... DA LIV E DA LARA
- Nas horas vagas eu... LEIO E ESCREVO.
- Nas noites sem sono... EU LEIO E ESCREVO
- Chamam-me de louca... DESDE QUE NASCI
- Uma palavra que me define... LOUCA

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

ALGUMAS COISAS QUE EU QUERO PEDIR PRA VOCÊ

Deixei a porta aberta e você entrou. Sua falta de jeito com a delicadeza era parecida com a minha e achei tão bonitinho isso. Nem grosso demais e nem polido demais, porque pisar em ovos é um saco.
Não te pedi nada, só que me tratasse bem. Até hoje não te cobro e nem peço nada que seja esquisito demais ou dê muito trabalho. Coisas comuns o que pedi: não grite comigo porque eu também sou pavio curto. Respeite minha preguiça matutina e eu entro no seu ritmo também preguiçoso. Conte suas novidades, faça massagens nos meus pés e não tenha medo de quem toma Rivotril pra dormir.
Viu? Virei presa fácil, barata até, você se esforçará pouco para me ter para sempre. Acredite quando eu digo que é melhor com você. Não duvide do que eu digo mas prometo que se a verdade for chata, feia e boba, eu escondo. Não me conte as suas tristezas porque eu também disfarço as minhas. Prometo segurar o choro, mas se ele vier, fica do meu lado, segura a minha mão. Tem hora, que nem hoje, que eu só preciso que você segure na minha mão.
Não tente me agradar porque eu odeio gente boazinha. Seja mais inteligente do que os outros e diga as coisas de que gosto de ouvir. Vou te achar o máximo. Não se vista tão bem... gosto de camisa para fora da calça, gosto de braços, gosto de pernas e muito de pescoço. Leia, escolha seus próprios livros, releia-os. Odeie a mesmice, xingue a vida doméstica e também os agitos noturnos. Seja um pouco caseiro e um pouco da vida, não de boate que isto é coisa de gente triste. Não seja escravo da televisão, nem xiita contra. Nem escravo meu, nem filho meu, nem meu pai. Escolha um papel para você que ainda não tenha sido preenchido e o invente muitas vezes. Me enlouqueça não ligando de vez em quando. Mas me faça uma louca boa, uma louca que ache graça em tudo que rime com louca: loba, boba, rouca, boca ... Goste de música e de sexo. Goste de um esporte não muito banal. Não invente de querer filhos, me carregar pra a missa, apresentar sua familia... isso a gente vê depois ... Nunca deixe eu dirigir o seu carro, diga que não confia, só pra eu ficar meia hora com raiva de você. Seja só um pouquinho canalha e olhe para outras mulheres, tenha amigos e digam muitas bobagens juntos.
Me trate como uma rameira, mas só quando estivermos deitados. De resto, deixa rolar. E enquanto isso me beije sempre daquele jeito que eu adoro.

domingo, 13 de dezembro de 2009

"ANIVERSÁRIO" DE ACIDENTE


Há exatos 5 anos, tive um dia como tantos outros: trabalhei, paguei contas, li o jornal, vi uns roteiros de viagem, mandei beijo para o namorado, falei com um ou outro amigo. Os dias, por mais que a gente não perceba, são quase sempre quase iguais. 
Na saída do trabalho, dei alguns "até amanhã" para quem estava perto e segui para a academia.

Os dias, porém, por mais que pareçam ser sempre iguais, vez ou outra mudam um pouco. Sim, Drummond estava certo: existem pedras no meio do caminho. 
Naquele dia, no meio do meu caminho apareceu uma pedra e não deu tempo de desviar. Sofri um acidente com minha moto, uma Tornado (pra quem não sabe, é uma moto bem pesadinha, viu?), me estatelei na Av. Epitácio Pessoa, na Lagoa. Beijo no asfalto.
Numa hora dessas, não há o menor clima para poesia e o que me veio à cabeça foi um sonoro "puta que pariu!".

Os bombeiros chegaram bem rápido e foram muito atenciosos: dentro da ambulância, percebendo que eu chorava de dor, um deles segurou minha mão e disse que tudo ia ficar bem. Fui levada ao Hospital Miguel Couto (em acidentes de trânsito, o primeiro atendimento deve ser em um hospital público. Vai entender). Antes, porém, liguei para dois "anjos da guarda": um grande amigo policial (é que a PM apareceu pra fazer o registro e achei melhor me orientar com um policial de confiança) e o ex marido, que foi imediatamente me dar assistência.

No dia seguinte fui a um hospital "de verdade", um particular onde fui bem atendida. O prognóstico médico, porém, não foi dos mais agradáveis: pelo menos 3 meses de molho. Quando ouvi isso, me bateu uma ansiedade, um medo de este tempo se arrastar e uma sensação de que eu ia perder um tempão da minha vida até ficar boa de novo. Passaria Natal, Reveillon, meu aniversário e Carnaval em casa, de perninha pra cima. Levando em conta que neste meu amado Rio, o Verão só é agradável pra quem gosta de sofrer, saquei logo que aquelas férias forçadas não seriam muito agradáveis.

Felizmente minha mãe me ensinou que "tudo acontece com todo mundo". Cresci ouvindo isso dela - que perdeu a mãe aos 15 anos mas nunca se fez de coitadinha, nunca reclamou da vida. Ela conta que chegou do cemitério e falou "Pai, vamos chorar tudo hoje porque amanhã a gente tem de tocar a vida". Quando ouvi isso pela primeira vez falei "Mãe, você não sofreu? Retomou a vida assim, tão fácil?". Sua resposta foi uma lição que trago como uma das lições mais verdadeiras do mundo: Filha, mamãe já tinha morrido e eu não podia fazer mais nada por ela. Não ia adiantar sentar e chorar. Papai estava devastado, minhas suas tias - elas tinham 13 e 16 anos - então, nem se fala. Alguém tinha de reagir. Se eu me entregasse, o sofrimento ia durar para sempre". Minha irmã e eu tentamos sempre colocar essa lição em prática.
Cheguei em casa e combinei duas coisas comigo mesma: a 1a foi não fazer aquela clássica pergunta "Por que eu?". Já que "tudo acontece com todo mundo, não fazia sentido me lamentar, me fazer de vítima e sofrer. Sem contar que entendo que quando perguntamos coisas do tipo "logo comigo?" é como se falássemos "Pô! Sou tão boazinha, é injusto! Aquele fulano, sim, merecia um acidente desses". É uma baita falta de humildade. A 2a decisão foi fazer que nem naqueles programas tipo AA: "SÓ POR HOJE" e assim não ficar fazendo uma contagem regressiva para o dia que voltaria a andar sem muletas e pudesse levar minha vida normalmente.

Essas duas posturas me deram uma serenidade danada (e vou contar uma coisa pra vocês: serenidade é uma coisa que experimentei pouquíssimas vezes na vida) e me ajudaram bastante. 

Minha condição de "dodói" me trouxe várias descobertas. Vi que eu dependo, sim, de muita gente: pra tomar banho, pra levantar da cama, pra me levar ao médico. Eu, que sempre tentei fazer tudo sozinha, tive de acionar várias pessoas para me ajudar nas tarefas mais simples, desde fazer um curativo na imensa ferida que o asfalto quente abriu, até comprar um chocolate quando a vontade batia.

Os primeiros pedidos de ajuda foram difíceis de fazer. E foi um soco no estômago descobrir na terapia que isso se devia ao fato de eu ser muito controladora e achar que não precisava de ajuda pra nada. Aliás, minha prepotência me fazia acreditar que o outros é quem precisavam de minha ajuda. Eu? Ah, eu era boa o suficiente para dar conta de mim. O acidente me mostrou que não é bem assim. Foi bom aprender a pedir colo, principalmente à minha família.

Outro grande aprendizado foi perceber que a mesma pessoa que te fez um dia sofrer muito pode ser aquela que te dá a mão numa hora extrema. Não dá pra definir o caráter de uma pessoa ou o seu sentimento por ela (e o dela por você) em situações isoladas, é preciso nunca se esquecer do contexto. Há pessoas que são seu céu e seu inferno. E isso é só uma constatação, não um sentimento.

Fiquei emocionada algumas vezes quando o telefone tocava e era um colega de trabalho que nem era tão íntimo meu e mesmo assim se colocava à disposição para uma possível ajuda. Da mesma forma, alguns que eu julgava serem companheiros, não se deram ao trabalho de saber como eu estava. Ótima oportunidade para reciclar as amizades.

Durante o longo tempo que fiquei afastada daquilo que julgava ser a vida real (a mesma vida que eu achava que estaria deixando de viver enquanto me recuperava) percebi que vida é vida. Esteja eu trabalhando, doente em casa ou de mal com o mundo. As coisas não param e sou eu quem devo me adaptar ao ritmo desta dança. As coisas continuam, esteja eu lá ou não.

Meses depois voltei a trabalhar ainda com alguma dificuldade para andar e tinha sempre alguém para me ajudar. Achava tão fofo receber este tipo de carinho. Algumas pessoas me perguntavam se era muito difícil me olhar no espelho e ver minhas pernas tão diferentes uma da outra: enquanto a esquerda estava grossa e malhada, a direita estava fina, sem firmeza, feia mesmo. Respondia apenas "Estou andando, né? Isto basta". Quando você passa pelo que eu passei, fica caída numa autopista tão movimentada em pleno horário de "rush", é socorrida por bombeiros, se depara com a emergência de um hospital público, ah, meu filho, quando você passa por isso, começa a olhar a vida com olhos menos críticos as prioridades mudam.
Aquele acidente era meu, era eu quem devia ter passado por tudo aquilo. E foi legal ver na prática que somente a mim cabia a decisão de ficar meses de repouso apenas ou refletir sobre minhas condutas, minhas prioridades e, sobretudo, sobre a fragilidade da vida.

E fui uma felizarda por aprender tanta coisa boa com uma situação tão difícil e perigosa.
Hoje as pernas já estão com a mesma medida, ando normalmente e tenho uma pequena cicatriz no joelho. O engraçado é que sou super vaidosa, tenho mil cremes, adoro uma novidade da cosmética mas NUNCA usei nenhum creme para tirar essa marca. Gosto dela. É que todas as vezes que olho para ela me lembro de como sou forte.

Tombos, por mais violentos que sejam, não vencem os fortes, os decididos. De lá pra cá, já levei outros vários tombos. Alguns deles me pareciam ser o derradeiro. Que nada! De um jeito ou de outro, acabei me levantando.

Por tudo isso adoro cada uma das cicatrizes que trago - no corpo ou na alma.

domingo, 6 de dezembro de 2009

UMA NAÇÃO EM FESTA


Hoje há 35 milhões de apaixonados festejando a conquista do 6o Título de Campeão Brasileiro. Há mil coisas que eu gostaria de escrever, mas estou ainda em estado de êxtase e ainda não tenho condições de dizer nada. Só consigo agradecer a Deus por ser Rubro-Negra.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

BLOGUEIRA GOSTOSA AVISA:


Minha estada no SPA Gamela chegou ao fim, depois de 12 dias de alimentação frugal, muitas caminhadas e corridinhas e bastante massagem (ninguém é de ferro, pô!). Eliminei 5,6ookg e (modéstia às favas) estou um filé. Filé tostadinho, porque peguei bastante sol e depois de muitos anos uma marquinha de biquine apareceu.