segunda-feira, 30 de julho de 2012

SOBRE TEMPORAIS E PROTEÇÕES



Tem sido difícil sair de casa nestes dias de tempestade. Chove em muitas ruas da minha vida. Outro dia tentei me abrigar numa longa capa de chuva mas me senti sufocada. Depois, experimentei o guarda-chuva. Molharam-se meus pés e pernas.
Olhei para o céu de manhã havia muitas nuvens negras, carregadas. Mas era preciso sair de casa porque a opção era trancar-me em mim mesma, e isso é inútil, às vezes.
Saí sem capa e sem guarda-chuva, totalmente sem proteção. A chuva veio - eu a esperava ansiosa. Foi libertador me molhar daquele jeito. A boa e velha coragem me abraçou e disse baixinho ao meu ouvido "saudade de você". Segurei em suas mãos. Não largo mais.
Agora não consulto mais a meteorologia: quero banhar-me de toda chuva que vier
E entre um temporal e outro, cito Frida Kahlo: PRA QUE PERNAS, SE POSSO VOAR?

sexta-feira, 20 de julho de 2012

O QUE FAZ VOCÊ FELIZ?


Fala-se muito em FELICIDADE. Tem gente que escreve livro pra ensinar o outro a ser feliz, tem um monte de gente que compra livro na esperança de aprender a ser feliz. Tem gente que vai à igreja, que medita, que paga, que compra, que come, que para de comer.

Quanto blablablá: vá por aqui, siga pelo caminho do meio, faça assim, pense desse jeito...

Olha bem, a felicidade pode estar por aí, disfarçada de flor, por exemplo.


sábado, 14 de julho de 2012

QUEM QUER SER UM HERÓI?

Aconteceu um episódio comigo que me fez (re)pensar a vida e nas surpresas que ela nos apresenta. Surpresas boas e outras nem tanto. E é sobre as "nem tão boas" que tenho me concentrado. Não que esteja em algum momento ruim, negativo ou a fim de me fazer de vítima.
É comum, num bate papo com amigos, ouvir alguém falar numa grande perda e vir com aquele discurso “sofri e dei a volta por cima". Geralmente quem "deu a volta por cima" não fala mais sobre isso.
Em muitos casos, quando uma tragédia se abate na nossa vida, a vontade é ficar em casa e nunca, mas nunquinha mesmo, sair dali. E isso adianta? Vai por mim: não adianta porra nenhuma. Mas é necessário sofrer um pouquinho, seja a sequela de um acidente, seja a perda de um amor ou até mesmo a morte de alguém querido. Passado o momento do "luto", o lance é continuar a viver. Do jeito que dá.
Se você é uma pessoa que sabe que a vida não é feita só de momentos felizes, que não entra numas de achar que a vida do vizinho é mais fácil do que a sua, você vai certamente seguir adiante, sem lamentações.
A vida é assim: leva embora um jovem saudável num acidente de carro, te sacaneia com um namorado infiel, te surpreende com uma demissão... Mas e aí? Vai ficar em casa chorando? Vai querer sair na porrada com o destino? Tudo perda de tempo.
Quem entra nessa de se revoltar não sai do lugar. Perde coisa pra caramba e nem se dá conta.
Várias vezes vi algo acontecendo com alguém e pensei "eu não aguentaria". Bobagem: a gente aguenta muito mais do que pensa. O que não dá é ficar pensando em coisas do tipo "por que comigo?". Quando olho atentamente para minha própria história de vida, vejo que também tenho meu quinhão de dor e sofrimento. E da mesma forma como recebo muito bem minhas vitórias, acho que tenho de aceitar meus tombos. E vou em frente, machucada, às vezes, mas se eu parar, passam por cima de mim.
Não me sinto nenhuma heroína por superar meus problemas. Acho isso uma bobeira danada. Não sou diferente de você, do meu amigo, da minha prima, do desconheciddo que se senta ao meu lado no metrô.
Outro dia li uma entrevista com um rapaz que ficou paraplégico há 4 anos, quando tinha 32 anos. Ele falou várias vezes que odeia quando o único assunto que puxam com ele é sobre as limitações: será que não dá pra conversar com uma pessoa legal, só isso? Por que a necessidade de ficar falando sobre um momento da vida dele? Ele tem vários momentos, e sua personalidade é formada por todos eles. O cara tem uma história de vida diferente da minha, mas certamente uma vida como a de todos nós: com grandes alegrias e algumas dores. Ele não é herói e achei o maior barato quando disse que não suporta quando chegam pra ele dizendo que ele vai superar, que é um guerreiro. Não! Ele não é nem quer ser. Não quer ser tratado como coitadinho assim como não quer ser modelo de nada pra ninguém. Quer ser feliz, aprendendo a viver com as limitações que a vida lhe impôs.
Essa história de "exemplo de superação" é coisa pra Globo Repórter, a vida é muito mais prática: ou você segue em frente, ou perde a sensibilidade e nunca mais aproveita a delícia que é olhar uma Lua linda no céu. Perder a sensibilidade das pernas é uma coisa. Devastador de verdade é perder a sensibilidade da alma.

terça-feira, 10 de julho de 2012

AO ANIVERSARIANTE DO DIA. COM O MEU CARINHO

O presente (Affonso Romando de Sant´Anna)

O que te dar neste dia?
O que te daria ontem
quando não te conhecia?
E amanhã,
se hoje não dei o que devia?

O que dou é apenas
sombra do que queria:
dou-te prosa
e o desejo era dar-te poesia.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

SOBRE A BROCHANTE ARTE DO EXCESSO




Há alguns dias estava com um grupo de amigas e amigas de amigas. Falamos sobre o que um grupo de mulheres fala: não sei quem pôs silicone; fulana se separou; aquela outra viajou; uma está de dieta; a outra não beija na boca há dois meses. Quando começamos a falar sobre relacionamentos, o assunto rendeu.


É claro que eu falei (eu falo pra caramba!) mas também prestei atenção e depois fiquei pensando sobre tudo o que foi falado ali. Dá pra resumir assim: homens e mulheres, que já deixaram de falar a mesma língua há um tempão, agora também estão morando em planetas diferentes. É sério: havia umas 8 mulheres ali e ninguém estava se entendendo com o parceiro. E isso me chamou muita atenção, porque eu tinha umas teorias e vi muitas delas se desfarelando.


Uma das minhas teorias era :mulher bonita (muito bonita, sabe?) tem sempre um namorado (marido, ficante) muito apaixonado. Pois naquele grupinho estava uma das mulheres mais gatas que conheço (e conheço há muito tempo, portanto sei que além de linda, é gente boa, inteligente) e eu sempre achei que os caras eram doidos por ela. Aí ela falou uma meia dúzia de grosserias que um ex fez com ela nos 2 anos de namoro e eu pensei "esse homem é louco! Tinha de rastejar aos pés dela.". E a teoria nº 1 foi pras cucuias de vez quando ela disse que não tem dado sorte com os caras e que eles somem depois do 3º ou 4º encontro. Ou depois de transar, o que vier primeiro.


Teoria nº 2: mulher da minha geração não cai mais naquelas coisas antigas, do tipo "tenho de me fazer de difícil ou ele vai me achar uma galinha" ou "tenho certeza de que ele vai se separar da mulher e ficar comigo". Pois eu ouvi essas e outras pérolas em pouco mais de 2 horas de conversa com mulheres mais ou menos da minha idade, com roupas da moda e todas com nível superior completíssimo - algumas até com MBA. Fiquei com vontade de ligar para todos os jornais e fazer um anúncio: É TUDO MENTIRA ESSE PAPO DE EMANCIPAÇÃO FEMININA. AS MULHERES DE HOJE PENSAM IGUALZINHO PENSAVAM AS DE 30, 40, 50 ANOS ATRÁS! E quanto mais eu penso em tudo o que falamos naquele dia, mais eu tenho certeza de que não existe essa porra de "mulher independente" de que tanto falam. Não existe sequer o papo de "direitos iguais". E isso porque elas próprias não aprenderam nada sobre a vida e continuam ouvindo os ecos do que diziam nossas avós.


Saí do restaurante meio desnorteada, a história da amiga linda e sem sorte me deixou desconsertada. Senti um misto de perplexidade e identificação: isso também acontece comigo. E finalmente pensei "bom, então a culpa não é minha, né?". Constatação redentora.


Comecei a me sentir mais leve depois de perceber que eles somem sempre, não importa se é comigo ou com a mulher mais gata do pedaço. Foi quando parei em frente a uma banca de revistas e levei um susto: para qualquer capa que eu olhasse, o assunto era sexo e relacionamento. E os títulos das matérias eram mais ou menos assim "Dicas para ele ligar no dia seguinte"; "Sexo quentíssimo sempre"; "O segredo de uma superpaqueradora para fisgar o gato". Fui pra casa achando que o mundo está muito complicado.


Não resisti e fui para o site de uma das revistas. Aí é que o bicho pegou mesmo! Eram tantos "truques", tantas dicas, tanto manual... Esquece tudo: eu tenho sorte no amor, sim. Afinal, nunca precisei fazer nada daquilo pra ter um namorado legal ao meu lado. Ainda bem, pois não sei o que seria de mim se tivesse de passar azeite trufado como perfume para chamar atenção de um cara que gosta de cozinhar. Verdade! Tá lá na matérias sobre "superpaqueradoras".


Se mais cedo eu já estava indignada com as mulheres por ainda acreditarem nos discursos de nossas avós, dessa vez fiquei foi muito puta da vida: havia uma enquete (com as respostas) "O que eu fiz para surpreender meu homem". Pô! cair no papo de que o cara vai se separar da mulher com quem está casado há anos é burrice e o amor - se é mesmo amor - faz a gente ficar burra mesmo. Mas vem cá, precisa ficar ridícula? Dá uma olhada nos testemunhos das leitoras: "Amarrei amor com a corda da academia na cama durante a noite. Quando acordou, passou o dia fazendo todas as minhas vontades em troca da liberdade" ; "Preparei um autêntico Ceviche, um prato peruano, e me vesti de deusa inca, com cocar e mantos coloridos. Por baixo da fantasia nadinha"; "Copiei uma cena do filme Cidade de Deus: banana quente nela." Ui.


Fico pensando se essas coisas são verdade ou se é invenção de quem está lá na redação sendo pressionado pelo chefe e tendo de fechar a matéria dentro do prazo. E será que quem escreve isso dá risada? Ou será que acredita? E quem lê? Será que tenta imitar ou acha tudo uma palhaçada sem fim? Gente, será que alguém tenta imitar? Será que existe gente que acha que é de uma corda de academia que precisa pra ser "boa de cama"?


Bom, felizmente nunca fui (ou desejei ser) uma "superpaqueradora", nunca tentei fazer nada parecido com as dicas dessas revistas e também acho que o Kama Sutra é útil lá para os indianos (mas eu não preciso). Agora só resta torcer para não começarem a escrever essas baboseiras para os homens. E se escreverem, que nunca nenhum tente fazer nada parecido comigo. Excitante mesmo é um bom beijo na boca cheio de desejo.

domingo, 8 de julho de 2012

SANTO ANTONIO E A FLIP

Por causa deste texto do Xico Sá, aquele fofo, fiz uma brincadeira no Twitter: pedi sua mão em casamento. Ele, obviamente, foi gentil e disse que eu era uma boa candidata (e ainda por cima me chamou de linda!). Educado o cabra, hein? 


E não é que hoje, em plena FLIP, o vi passando na porta da minha loja? Dei um grito, daqueles que damos quando vemos um grande e querido amigo "Xico Sá!".  Falei que era a moça que o tinha pedido em casamento via Twitter. Gente, ganhei um abraço tão carinhoso que, mesmo sem ter visto nenhuma palestra da grande Festa da Literatura, minha alma se encheu de poesia.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

10 ANOS DE FLIP - E VIVA DRUMMOND!

E chegamos à 10a. edição da grande festa literária que acontece em Paraty.
Não tenho nenhum ingresso para nenhuma palestra, mas sempre dá para aproveitar alguma coisa na Tenda da Matriz. 
Vou tentar, como nos anos anteriores, fazer registros interessantes e postar aqui, mas adianto que vou trabalhar bastante (se Deus quiser!!!) e não terei tempo de fazer nada em "tempo real".
Desejo à Casa Azul muito sucesso. Quem curte Paraty e tem a literatura na alma (eu!!!!!) sabe o valor deste encontro com gente bamba.


A programação está aqui mas você também pode ler aqui e geralmente o UOL transmite ao vivo algumas mesas. 


PS: Àqueles que não rotulavam a FLIP como "coisa de intelectual" e que não teria fôlego para passar da 2a ou 3a edição, sugiro trocar a pilha da bola de cristal.