sexta-feira, 30 de abril de 2010

SOBRE DESPEDIDAS E O QUE LEVAMOS NO CORAÇÃO

Hoje termino um ciclo em minha vida profissional e certamente outro, tão bem sucedido, terá início em breve.
Há exatos 4 anos tomei uma decisão séria: pedi demissão de uma empresa onde trabalhei por 10 anos. À época, muitos colegas de trabalho me chamaram de "louca", "inconsequente" e coisas do gênero. Os argumentos eram que eu estava me desligando de uma empresa que praticamente nunca demitiu ninguém, que eu já estava habituada às funções, que gozava de excelente reputação junto aos meus superiores e muito mais.
O problema é que eu estava insatisfeita: 10 anos fazendo as mesmas coisas e, embora viajasse constantemente por todo o país, sentia-me presa, limitada. É claro que foram 10 anos de muito aprendizado e saí de lá com a sensação de missão cumprida. Mas precisava de algo mais, ampliar conhecimentos e todos aqueles clichês tão verdadeiros relacionados à vida profissional da gente.
Tenho algum tipo de "estrela" que sempre me levou a ter chefes com os quais me dei muito bem. Nos últimos 3 anos e meio trabalhei com um executivo conceituado, extremamente inteligente, de grande visão e muito respeitado no mercado. Sabe aquele profissional que tem tudo para ser o "chefe mandão", indiferente aos subordinados? Pois é, essas características passaram longe, muito longe dele. Nem dá pra falar sobre as qualidades dele, mas uma expressão o resume bem : a gentileza em pessoa, a quem sou muito grata por toda confiança que sempre depositou em mim. E se não bastasse, ainda é pai da Bruna, responsável pela minha pele sempre tão elogiada.
Além dele, convivi com outros colegas também nota 10. Fiz parte de um time de pessoas honestas, centradas em suas funções e solidárias umas com as outras. Não me lembro de ter ouvido um "bom dia" da boca pra fora ou um "obrigado" só por formalidade.
Sentirei saudade da boa vontade do Rodrigo (de quem sinto muito orgulho por ter ouvido meu conselho e começado a estudar Inglês. Adoro vê-lo fazendo o "homework"): sempre pronto para atender um pedido meu, fosse relacionado ao trabalho ou particular. A Mariana, menina competente, séria e engraçada ao mesmo tempo, me passou confiança desde o dia da entrevista para ser nossa recepcionista. A Margarete, com suas histórias pra lá de inusitadas e engraçadas (até na sogra a criatura já deu uma surra), apesar das dificuldades que enfrenta.
O Gui é o verdadeiro carioca: bom de papo e profissional sério nas horas certas. Ah! e inventa os roteiros de férias mais invejáveis que já vi. O tímido Kleber, paulistano, são paulino, sempre querendo nos convencer que São Paulo é o melhor lugar do mundo. Fala sério, meu!
Teve também o Gê, sério, exigente e gente boa toda vida. Com o simpático Jorge não tive tempo de conviver, mas deve ser do mesmo nipe da galera, porque parece que na Mitel é imprescindível ser "do bem".
Um friozinho no estômago se instalou em mim, afinal, não sei o que vem pela frente. Mas sei que boas coisas me aguardam.
Vai ser difícil dizer "tchau" logo mais, e eu bem que gostaria de sair à francesa. Mas tem como não dar um abraço em cada uma dessas pessoas lindas?


quinta-feira, 29 de abril de 2010

Como é bom saber tocar um instrumento

Tem uma música do Caetano que fala assim "como é bom poder tocar um instrumento ...". Na letra, o cara conhece uma mulher muito bonita e quando chega em casa, corre para o violão para fazer uma música pra ela: como é bom poder tocar um instrumento.
O meu instrumento é a escrita. É através dela que registro momentos, desabafo, divido histórias e tal.
Talvez quem não tenha essa necessidade de expressar-se através da escrita, ou da música ou qualquer outro tipo de arte, não entenda como é bom, como é vital conseguir fazer isso, ter um meio para fazer isso.
Claro que tem dia que a gente não sente tanta vontade assim de escrever, até porque escrever é dolorido. Como disse o poeta Antunes Lobo "ESCREVER É MUITO DIFÍCIL E A CADA VEZ TORNA-SE MAIS DIFÍCIL FAZÊ-LO" (tem mais sobre o Antunes Lobo no post "A última do português" .
Muitas vezes ao escrever a gente mexe com sentimentos que estão lá escondinhos, sabe aquela mágoa que você achou que já tinha passado? Pois é, muitas vezes ela sai do esconderijo na hora que estamos trabalhando um texto. Também aquele assunto proibido, que a gente mesma se proibe de falar pra ver se ele passa não existir mais, é... também ele ganha forma de repente, bem quando estamos digitando. É que escrever mexe com sentimentos. O resultado pode até ser uma porcaria, mas vamos combinar que escrever é, sim, arte, e uma das características da arte é essa: incomodar a gente, cutucar a gente. Ninguém sai ileso de uma exposição de quadros, por exemplo. Ou de uma peça de teatro, ou sei lá de onde mais.
Bom, agora que você já sabe que eu acho difícil pra caramba escrever, vou ao motivo deste texto: tal qual na canção, eu quis registrar um momento que me marcou. Na verdade, que me marca sempre: comentários que eu recebo. É tão bom ter um retorno do trabalho que a gente faz. É tão bom saber que, como diz a Bela, de vez em quando eu "traduzo" um sentimento que alguém tá sentindo.
Puxa, você sabia que a Mônica reza todas as noites por mim? Falando nisso, Mônica, você se lembrou de rezar pro Santo que arruma namorado? (ela me disse que não é Santo Antônio). Tô precisando.
Tem a Juliana, que não entende minha tristeza e queria segurar minha mão pra me alegrar. Falando nela, vou transcrever um pedaço de um depoimento dela aqui: "(...) resolvi te falar algumas coisas que sinto em relação ao blog, eu sinto prazer em ler o que você escreve seja alegre ou triste, a forma que você escreve me faz querer ler mais. Tem blogs em que quando os textos são grandes, eles perdem o sentido no meio ou então simplesmente ficam chatos. Você não, você consegue dar sentindo ao post do inicio ao fim e ainda ficar com gostinho de quero mais. Tanto que a primeira coisa que faço quando chego no trabalho é entrar no seu blog p/ ver as novidades.
Outra coisa que vim te contar, minha mãe adora internet, está sempre no orkut ou baixando músicas, mas ao contrário de mim, ela não gosta muito de ler. Essa semana estava contando para ela sobre o seu blog, falei com ela que eu entro várias vezes ao dia, pq você está sempre atualizando e blá blá blá. Nisso entrei no blog p/ mostrar a ela e você tinha atualizado com esse texto: Sobre exigências, preguiças e o que não sei fazer. Eu li para ela, e ela adorou e se identificou com o texto. Pediu p/ eu colocar o seu blog nos favoritos do computador que ela usa, lá em casa (...)" .
Tem a Marilia que divulga os textos pras amigas que não gostam de acompanhar blogs, tem também aqueles que dão uma olhadinha mas não comentam por falta de tempo ou costume. E, claro, tem aqueles que acharam tudo isso aqui um lixo e nunca mais voltou.
Eu queria dizer que todos vocês são parte essenciais da história da minha vida.
Sabe aquela coisa que acontece enquanto a gente tá fazendo um monte de outra coisa? Então, aquilo é a história da nossa vida. Enquanto me concentro nos cálculos e planilhas financeiras, ou arrumo a casa, ou apenas olho a Lua pela janela, enquanto eu faço "nada demais", minha história de vida tá acontecendo. E o barato de ter esse cantinho aqui é perceber que tem gente sendo tocado por um texto meu. Tem gente me achando fútil por causa de alguma coisa que escrevi. Tem gente amaldiçoando quem inventou os blogs, pois eles possibilitam uma "qualquer uma" como eu escrever as desordens que me passam pela cabeça. Aceito tudo isso, assim eu tô fazendo valer um desejo de muitos: não viver a vida à toa, sem fazer diferença pra ninguém, sem provocar reações em ninguém.
A escrita é o instrumento que tento aprender desde novinha. Mas o que escrevo não é rascunho, é meu jeito torto de fazer Literatura.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Cântico Negro - José Regio

‘Vem por aqui» — dizem-me alguns com olhos doces,

Estendendo-me os braços, e seguros

De que seria bom que eu os ouvisse

Quando me dizem: «vem por aqui»!

Eu olho-os com olhos lassos,

(Há, nos meus olhos, ironias e cansaços)

E cruzo os braços,

E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:

Criar desumanidade!

Não acompanhar ninguém.

Que eu vivo com o mesmo sem-vontade

Com que rasguei o ventre a minha Mãe.

Não, não vou por ai! Só vou por onde Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde,

Por que me repetis: «vem por aqui»?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,

Redemoinhar aos ventos,

Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,

A ir por aí...

Se vim ao mundo, fdi

Só para desflorar florestas virgens,

E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada! O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós

Que me dareis impulsos, ferramentas, e coragem

Para eu derrubar os meus obstáculos?...

Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,

E vós amais o que é fácil!

Eu amo o Longe e a Miragem,

Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! tendes estradas,

Tendes jardins, tendes canteiros,

Tendes pátrias, tendes tectos,

E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.

Eu tenho a minha Loucura!

Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,

E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.

Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;

Mas eu, que nunca principio nem acabo,

Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!

Ninguém me peça definições!

Ninguém me diga: <(vem por aqui»!

A minha vida é um vendaval que se soltou.

É uma onda que se alevantou.

É um átomo a mais que se animou...

Não sei por onde vou,

Não sei para onde vou,

- Sei que não vou por aí!

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ANTOLOGIA POÉTICA

José Régio – Edições Quasi - Lisboa – Portugal - 2001

quarta-feira, 21 de abril de 2010

"Por que você escreve essas coisas?" ou PARA A MÔNICA, COM CARINHO

Um dia me perguntaram o que me levou a escrever um blog. Não soube responder, confesso.
Aí pensei que era só mais uma das coisas estranhas que faço todo dia, a vida toda. Mais uma esquisitice minha.
Meu senso crítico feroz sugeriu que eu parasse de escrever e de perder tempo. Meu lado que não tá nem aí para o que pensam falou que, se eu já perco tempo com tanta coisa, por que não perder com uma coisa que me dá prazer?
Escrevo desde muito novinha, desde que fui alfabetizada. Escrevia estorinha em quadrinhos, bilhetinhos para meus pais, redações na escola. Depois passei a participar de todo e qualquer concurso de redação ou frases. Fosse sobre o que fosse. Lembro até de ter mandado uma frase para a Revista Capricho sobre o filme "Dicky Trace" . Ganhei LP do filme, meia com a personagem do filme, adesivo do filme, enfim, uma festa. Foi a premiação que mais marcou, afinal, eu não vi o filme. Mas eu sempre ganhava alguma coisinha nos concursos.
Depois que eu cresci, fiquei muito mais crítica comigo e, embora saiba que escrevo de um jeito legal, tenho consciência de que não sou nada excepcional. Só que isso não me tira o gosto. Claro que eu adoraria ser uma escritora ótima, acrescentar algo à nossa literatura que anda tão pobre. Mas honestamente falando, o que eu escrevo é o que a maioria das mulheres da minha idade gostariam de escrever. Ou seja, não há nada de novo em meus textos. E não vejo contribuição literária neste aspecto. Sim, sou exigente pra caramba comigo mesma.
Hoje eu responderia à tal pergunta "Por que você escreve essas coisas?" com duas respostas. A primeira é "Porque eu gosto de escrever". A segunda resposta seria "de que outra maneira eu tocaria tão fundo o coração de uma pessoa senão através da escrita? De que outra forma eu receberia um carinho tão grande senão através da escrita?".
Exagero? Juro que eu também achava que meu texto nunca tocaria o coração de ninguém. Pois a Mônica Paiva foi bem mais sensível.
Eis o que ela escreveu pra mim.

"Aline,
Voce é o meu intervalo das leituras dos livros. Agora estou uma comilona de livros (...)
Eu sempre adorei escrever: respondia e escrevia para 50 ex amigas, na epoca de Natal. Fazia curso , passeava de excursão e assim que tinha uma brecha escrevia. E era uma decepção porque em 50 tinha resposta de tres. Mas não desanimava e no outro Natal fazia a mesma coisa.
(...)
Seu blog me encantou. É como se voce fosse a minha outra irmãzinha. Tenho quatro encantadoras irmãs. Torço por voce como torço pela felicidade delas. (...)

Internet é descoberta de um ano. E voce me respodendo é a melhor coisa do mundo.São as cartas que me eram devolvidas e que agora as recebo aos montes atraves de seus textos.

Desculpe as vezes que não entendo mas escrevo assim mesmo, só para ter o gostinho de saber que será lido.

Voce é minha amiga. E nos meus terços já a acrescento (...) Pois rezo o terço todo dia e em cada ave maria coloco uma de minha familia. Começo pelo meus irmãos, sobrinhos, cunhadas e cunhados. Voce já está incluida como uma cunhadinha, mesmo não tendo outro irmão para casá-la.
Depois é que vem minhas primas.
Desculpe ter escrito tanto.
Com carinho, Monica"

terça-feira, 20 de abril de 2010

SOBRE PREGUIÇAS E TÉDIOS

Quase todo dia eu sinto muita preguiça. E nem estou falando das “preguiças básicas”, daquelas que são que nem item original de carro, sabe? Tipo acordar cedo, arrumar meu quarto ou passar roupa.

Estou falando do tanto de regra que inventaram pra gente.

A vida virou uma grande lista de “não podes”:
Fumar não pode porque faz mal à saúde; comer muito não pode porque engorda; ser gorda não pode é feio; gostar do Dourado do Big Brother não pode porque ele é preconceituoso.

Pra relaxar um pouquinho pensei em namorar aquele carinha que tem me ligado direto. Até que ele faz meu tipo.

Putz! Mas como é trabalhoso início de relacionamento. Já percebeu como é complicado iniciar uma história com alguém?

Não pode ligar todo dia senão ele saca que você tá super a fim e te esnoba. Nem pense em ficar muitos dias sem dar notícias, senão ele te acha uma esnobe de primeiríssima e aí só Deus sabe o que o sujeito vai fazer. Não permita que ele saiba como você realmente se sente quando lê aquele recado todo meloso que uma amiga dele deixou no orkut. Disfarce seus ciúmes e principalmente sua imensa carência.

Hoje a gente pode dormir junto, gozar junto e até dizer qual é a posição preferida. Só não pode é deixá-lo sacar que você não é nem tão moderninha como ele acha e nem tão santinha quanto fingiu ser.

Melhor desistir de namorar. O lance é ficar com vários pra não “apostar todas as fichas” . Mas ai eu tenho que ser super legal, inteligente e, claro, ter uma aparência boa. Legal eu acho que sou. Mas pra ele saber que sou inteligente, tenho de me preparar. E se o rapazinho resolve falar sobre o embargo comercial da China? Conhecimentos gerais é importantíssimo. Mas não basta ler o jornal todinho de manhã, é preciso acompanhar as atualizações pela internet o dia todo. Em tempo real, se possível.

Só legal e inteligente não garante nada. Tenho ainda de ser bonita. Aí é o quesito mais desgastante. Experimenta parar em frente a uma banca de revistas e dar uma olhada. Todas as revistas dizem que tal dieta vai te emagrecer 5 kg em meia hora, tem sempre um produto pra te deixar durinha...

Aí eu capricho na musculação, no pilates e na drenagem linfática. Fico gostosa que só vendo: braços redondinhos, bumbum durinho, coxão que é uma coisa! E o que acontece? Chego em casa cansada, exausta mesmo. Cadê disposição pra namorar?
No sábado vou pra praia pegar uma corzinha, porque meus gens europeus não me largam e cadê sensualidade numa mulher que tem cara de gringa? Filtro solar fator 30. Não, 30,não, é fraco. 60. Foi o que minha dermatologista me falou.

O mar tá sujo, a areia poluída, mas eu tenho de descolar um bronze. Ih!Não pode: bronzear-se dá câncer de pele. Melhor aceitar meu estilo Branca de Neve e não arriscar a pegar uma micose.

Alguém me diz como sair desse tédio?

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Você jamais faria sexo virtual - Tati Bernardi

Domingo, uma da manhã. A gente nunca combinou ou comentou a coincidência de sempre se encontrar nesse horário. Mas um sempre soube que o outro estaria lá. E de fato sempre estava. E ele dizendo o quanto queria me ver de novo. Mas a vida é complicada. E eu dizendo o quanto queria que ele realmente quisesse me ver de novo. Mas ele é complicado. E ele colocava a camerazinha e me mostrava. Olha! Uma Coca-Cola! E eu colocava a camerazinha e mostrava. Olha como eu fico brega dentro de casa. Posso ir pegar outra Coca? E ele levantava só de cueca. E eu achava aquilo bizarro mas me tranqüilizava pensando “eu jamais faria sexo virtual”. Muito menos ele. Cara, essa roupa não ta ridícula? E ele concordava. Aquele era como um encontro e eu não poderia estar tão mal vestida. Lá ia eu botar um vestido pra ele. Enquanto botava, eu me tranqüilizava. Eu sou batizada e tenho pós-graduação. Eu jamais faria sexo virtual. Muito menos ele. E ele acendia um cigarro e soltava os cabelos. E eu botava a perna em cima da mesa. Abria a janela. Como está quente aqui. E ele me conta que encontrou aquela atriz gatíssima que dizem que é bissexual. E eu comento que nunca experimentei mas, com ela...nossa, com ela até que não seria má idéia. E ele me diz que também nunca quis saber de duas ao mesmo tempo. Mas nós duas? Nossa, até que não seria má idéia. E ele coça o saco, pensa que eu não vejo. Será que ele ta mesmo coçando? E eu, nossa, eu to com muito calor. Ele não vai ver se eu tirar essa calça jeans mega apertada. Não tenho culpa que o mundo está aquecendo. Eu e os ursos polares não temos culpa de sofrer assim. A camerazinha só me pega dos ombros pra cima. Logo, se eu tirar as calças ele não vai ver! Mas eu estou de vestido. Caramba, então por que essa vontade de tirar as calças? Não sei de nada, só sei que ele é um cara bonito, interessante, pegador. Não precisa trepar com mulher pelo messenger. E eu, bom, eu tenho aí uns dois ou três amigos que me visitam nos períodos de “entre safra”. Nunca fiquei a perigo ao ponto de precisar trepar com uma camerazinha e umas frases com carinhas felizes e amarelas. Ele me mostra suas havaianas. Eu mostro minhas unhas pintadas de vermelho pra ele. Mas ele quer voltar no assunto do sexo a três, com a atriz gata e bissexual. E eu digo, assim, na brincadeira, juro, que eu adoraria experimentar o gosto dela. E ele pára de falar comigo alguns segundos, acende um cigarro. E então ele volta e fala que adoraria ver eu, assim, na brincadeira, ele jura, experimentando o gosto dela. E eu fico assustada, sabe? Poxa, sexo pela internet é coisa desses caras meio doentes, não? E dessas garotas feias. É coisa de gente que não tem capacidade pra fazer a coisa ao vivo. Ou de nerd, sei lá. E ele é um puta escritor. Não é nerd. E eu sou maior legal. To longe de ser nerd. E ele passa a mão pelos cabelos e me manda um beijo. E eu piro naqueles cabelos e naquela boca. Mas já são três da manhã e ele nem mora em São Paulo. A coisa que eu mais queria era estar lá com ele, tomando Coca, fumando cigarro, passando a mão naqueles cabelos dele, mordendo aquela boca. Nossa, impressionante como essa calça jeans ta me incomodando. Mesmo eu estando de vestido. E então, sem aviso prévio ou pedido de desculpas, ele escreve “enquanto você sente o gosto dela, eu sinto o seu gosto”. E eu, não sei exatamente o motivo, respondo “mas eu sinto o gosto dela com a boca, o que significa que minhas mãos estão livres para você”. Depois disso a coisa piora muito. Corredor, parede, pia de banheiro, elevador. A gente transa em basicamente todos os lugares possíveis. Nós e a atriz gata bissexual. Eu, que nunca tinha feito sexo virtual e muito menos a três, quando vi estava fazendo os dois ao mesmo tempo. Lembrei do filme Closer, depois lembrei daquele filme Felicidade. Os personagens que fazem isso nunca são normais. Mas tudo bem. Agora eu estava na pia da cozinha, ou melhor, em cima do tanque. Não era a hora pra pensar em cinema. No final das contas ele brochou. Ou melhor: a sua conexão caiu. E no dia seguinte, ele fez o que todo homem faz com uma mulher que já comeu: desapareceu. Ou melhor: me bloqueou no messenger. Engraçado como até a maneira de fazer sexo evoluiu mas o machismo continua firme e forte desde o homem das cavernas.

terça-feira, 13 de abril de 2010

UMA FRASE DA TATI BERNARDI

"Eu não preciso de você nem pra andar e nem pra ser feliz, mas como seria bom andar e ser feliz ao seu lado"

segunda-feira, 12 de abril de 2010

O MEGA HAIR E EU




Sábado meia-noite. Estava em casa sem nada pra fazer, no maior tédio. Cenário perfeito para se fazer as coisas mais absurdas e non sense. Dito e feito: resolvi que não queria mais cabelo comprido. Ou, para ser mais específica e direta: cansei do Mega hair.

Pesquisa básica na web pra saber como se faz pra soltar aquelas mechinhas grudadas com cola de queratina. Claro que existe uma técnica pra descolar aquilo e a profissional que colocou retiraria em dois minutos. Mas aí eu teria de esperar até 2a-feira, marcar horário e tal e eu queria acabar com aquilo já. Pesquisa aqui e lá e, bingo!, álcool substitui o tal produto específico.

O profissional usa também um alicate especial pra "quebrar" a queratina, mas a garota que indicou o álcool disse que serve qualquer tipo de alicate. Fui procurar um alicate de unha, mas lembrei q não sei nem tirar esmalte sozinha, imagine tirar cutículas? Então, pra evitar que eu fique cutucando a unha e acabe perdendo um dedo, prefiro não ter essas coisas em casa. Sou daquelas que consegue fazer misérias com uma singela pinça: cutuco um pelinho encravado, puxo a pele do dedão... Enfim, quanto menos objetos perigosos desses ao meu alcance, mais segura eu estou.

Bem, voltando ao assunto: tinha álcool mas não tinha alicate de unha. Porém, sempre há uma esperança e nem tudo estava perdido: moro sozinha e não gosto de depender do tiozinho da loja pra consertar as coisas. Tenho minha própria maleta dessas coisas que não sei usar, como martelo, prego e... ALICATE.
Não tinha algodão também. Eu devia ter enxergado a falta de tudo como um sinal divino, tipo “Aline, aqui quem fala é o Pai Todo Poderoso. Eu tudo posso e tudo vejo. E to vendo que você tá arrumando sarna pra se coçar. Vai dormir, filha”. Mas eu sou teimosa e nem dei confiança. Substituir virou o verbo da noite. Sei lá porque, tinha uma caixa de Carefree (digo "sei lá porque" porque eu não menstruo. Então não sei como aquilo foi aparecer na minha gaveta).
Pronto, álcool, alicate e carefree: arsenal improvisado somado à minha vontade... comecei com uma mecha e saiu fácil. Falei "beleza!". Fui passando álcool em cada uma das mechinhas de cabelo, bem na emenda da cola de queratina (o objetivo era amolecer a danada), depois com o alicate, dava uma apertada, para soltar um pedacinho dela e depois era só puxar a mecha inteira. Fácil,né?
Mas essa facilidade toda só rolou com 3 ou 4 mechas. As outras deram um trabalho desgraçado. Como tudo na vida, aquela foi uma prova de que quando você NÃO quer que uma coisa aconteça, ela acontece e se repete. Quando eu tava usando o mega hair, não era para nenhuma mecha cair, mas caíam várias, várias vezes por dia. Naquela hora que eu queria tirar tudo, foi um parto de camelo conseguir tirar umazinha que fosse.
Duas da manhã eu estava lá, firme e forte, xingando minha ideia de fazer isso sozinha (por que não esperei até 2a-feira?), mas aí já era tarde: tinha tirado uma quantidade considerável de cabelo e não dava pra sair por aí daquele jeito. Levantei, peguei uma cerveja, e continuei minha tiração de cabelo.

Às 4 da manhã eu xinguei todos os meus antepassados árabes, por terem me deixado de herança tanto cabelo. Tinha a impressão de estar enxugando gelo: não ia parar de fazer aquilo nunca mais na vida.
O sono me venceu e resolvi tomar banho. Comecei a rir quando me vi no espelho: havia algumas poucas (olhando parecia pouca, mas constatei no dia seguinte que eram ainda umas 1.500 ) mechas no alto da cabeça, mais do lado direito do que do esquerdo. Se não estivesse com tanto sono teria feito uma foto. Tomei um banhão, bem gostoso, usei muito xampu pra tirar o álcool do cabelo e fui dormir. A 2a parte da missão ficaria para o dia seguinte.
Acordei e vi que tinha um monte de recado de amigos, do tipo "vamos almoçar?", "vamos ao cinema à tarde?". Só porque eu não tinha a menor condição de sair de casa com o cabelo daquele jeito, todos os amigos, conhecidos, amigos de amigos, enfim, pessoas com quem nem mantenho contato direito, resolveram me convidar pra fazer alguma coisa. Recusei todos, afinal tenho uma fama a zelar. Imagine alguém me ver com aqueles cabelos espalhados no alto da cabeça? Deus me livre! Era praticamente como assinar meu atestado de insanidade, né? Fulano ia me olhar e pensar na hora "ela nunca me enganou". Eu tava com cara de maluca mesmo.
Meu arsenal para arrancamento de mega hair estava ao lado do sofá. Me posicionei novamente e dei continuidade àquela coisa louca que começara na véspera. Quanto menos mechas faltavam, mais elas pareciam estar coladas com cimento. Foram mais 3 horas aproximadamente de trabalho.

Eu já estava exausta, meus braços doíam muito. Decidi: vou cortar essas últimas. Peguei a tesoura e fui pra frente do espelho. Um raio de bom senso me atingiu e fez eu perceber que elas estavam bem na frente, em lugar muito visível. Qualquer loucura que eu fizesse ali seria difícil de esconder. Resolvi voltar para o álcool, carefree e alicate.
Quando tirei a última mecha de cabelo, quase chorei. De emoção e por ver como estavam minhas mãos; mais de 5 horas no álcool, elas estavam esbranquiçadas, dois dedos tinham bolhas por causa do alicate, e o esmalte estava borrado. Mas valeu a pena.

Que delícia lavar a cabeça sem aqueles nozinhos chatos do aplique. Que delícia usar pouco xampu e, principalmente, que alegria me olhar no espelho e me reconhecer. Porque aquele cabelão com que desfilei por aí nos últimos 6 meses não tinha nada a ver comigo.
Agora estou aqui, me olhando a cada 5 minutos no espelho, me achando linda. Já passei numa lojinha e comprei um 32 tipos de enfeites para o cabelo (tiara, grampinhos, faixas)...

Adoro meu curtinho. E se eu não fosse tão volúvel, até diria que nunca mais uso mega hair na vida.








domingo, 11 de abril de 2010

FIOS CURTOS, LONGOS ELOGIOS

Encontrei o texto abaixo no blog Rascunhando e ele diz praticamente tudo o que ouço nos últimos 5 anos, desde que adotei os cabelos curtinhos.
Sempre tive cabelos cheios e bem tratados. O sonho da maioria das mulheres, mas cabelão não faz meu tipo, não combina comigo. Quando cortei (e foi um curto radical, saca "Elis Regina"? Sem franjinha nem nada?) ouvi de muitas pessoas "nossa, você ficou linda", "olha, geralmente não gosto de mulher de cabelo curto, mas em você ficou ótimo", "cabelo curto é pra quem pode, né? E você pode, tem tudo a ver com você" e por aí vai.
Modéstia às favas, é preciso, sim, de um rosto bonito e, claro, estilo para não precisar de lindos fios longos para ficar bonita.

“Gosto de mulheres que ousam cortar os cabelos e usá-los curtíssimos. Não é por causa da nuca à mostra ou do colo insinuante. Quer dizer, isso conta sim, mas apenas as mulheres realmente belas podem cortar seus cabelos. Aquelas que insistem em nunca diminuir os longos fios na verdade utilizam as mechas para emoldurar uma beleza falsa em torno do rosto, criando nuances para uma delicadeza que talvez nunca tenha existido, camuflando orelhas de abano e expressões grotescas. Longos cabelos podem deleitar certos hom
ens, denotar uma feminilidade óbvia, criar entrelaçamentos entre dedos e aroma de xampu, mas apenas as damas que se atrevem a eliminar todo aquele nylon podem ser denominadas honestamente formosas, genuinamente dignas de exibir seus rostos nus e sua feição pura. Adoro mulheres que, em algum momento da vida ousam tosar os cabelos. Estas sim são belas de verdade.”
- Autor desconhecido -





MULHER É BICHO ESQUISITO

Dizem que mulher é um bicho complicado, que nada é suficiente para agradar e nunca está satisfeita com o corpo/cabelo/relacionamento. E é verdade. Mas muitas vezes uma coisinha boba, simples, faz a gente ficar bem.
Basta um corte diferente no cabelo e um mundo novo, lindo e colorido se descortina.
E como eu ando num período cheio de decisões novas para tomar, resolvi dar uma mudada (adivinhe!) no visual: cortei o cabelo.
Pronto. Agora tenho cabelos curtinhos, charmosérrimos e sou a pessoa mais bonita e feliz do mundo. Pelo menos nos próximos 15 minutos. Porque, sabe como é, mulher é bicho complicado.











quinta-feira, 1 de abril de 2010

ESTOU TÃO ULTRAPASSADA...



Não sou, em absoluto, puritana ou moralista. Mas tem hora que me assusto com algumas coisas, em especial no que se refere a sexo.

Repetindo: não sou puritana ou moralista. Assim como não sou hipócrita: adoro sexo! Acho a maior bobagem certos tabus e acho que se todos se permitissem viver sua sexualidade mais plenamente, haveria muito menos gente chata no mundo. Gente chata e infeliz.

Ah! Acho importante registrar que não me atreveria a escrever sobre este tema com freqüência, pois certamente, do jeito que sou faladeira, ia acabar falando sobre mim mesma e aí seria uma exposição danada. Aliás, é essa exposição que me intriga, que me assusta até.

Mas deixa eu começar do começo: visitava há pouco um site com uma listagem imensa de blogs e cliquei na opção "mais acessados". Dentre alguns bem interessantes, havia o de uma ex-garota de programa que virou escritora (!). Nadinha contra as putas: cada um faz o que quer/precisa/gosta pra sobreviver. Ela lançou 3 livros e dá palestras sobre o tema. Recentemente participou da Feira do Livro Peruana, em Lima, onde lançou o livro "CIEN SECRETOS DE UNA DAMA DE COMPANIA". E teve palestra também. O tema foi "Sexo sem fronteiras".

"Do que eu falei? Sobre sexo sem fronteiras, oras...rsrsrs

Sim, falei sobre o fato das pessoas experiênciarem o sexo de uma forma não limitada. Não digo de uma forma libertina, mas com certo liberalismo, quebrando os preceitos sem faltar com o respeito e com a segurança.

1 hora de palestra.

Mas a conversa iria longe: relacionamentos, sexo á três, bi sexualismo, homossexualismo, casas de swing, o que os homens querem, o que as mulheres desejam profissão do sexo, inversão de papéis, inúmeras dicas de sexo, enfim, haveria assunto para uma noite inteira, porque esse é um tema que todo mundo para para ouvir, muitas pessoas querem saber e sanar suas dúvidas.

O fato é que eu devo ter falado por cerca de 20 minutos sobre o que eu pensava do sexo na atualidade e de que forma podemos melhorar. (...)"

Para tudo! Deixa eu me recuperar do que li. Quer dizer que numa feira de livros, onde certamente havia vários escritores e palestrantes, 400 pessoas se amontoaram para ouvir dica de sexo? 400 pessoas se amontoaram para saber o que uma pessoa pensa sobre ser gay, sobre troca de casais e o que o parceiro quer? Ou eu sou muito realizada sexualmente ou então estou ultrapassadérrima neste assunto e preciso me reciclar.

É isso aí. Do jeito que fiquei espantada, acho que preciso me atualizar sobre o assunto. Vai ver aquele negócio lá de homem + mulher + tesão está fora de moda. Vai ver que aquilo que eu penso que é prazer é o maior tédio pro meu parceiro. E ele não fala pra mim pra não me magoar. Aliás, vai ver que ele ta torcendo pra eu ler o livro dessa moça e saber o que os homens querem. Será que ele já ta sabendo o que as mulheres desejam mas continua fazendo comigo aquelas coisinhas antigas? Sei lá, ele pode se sentir constrangido por perceber que sou tão medieval na cama.

Outro pedacinho do post da escritora- que- era- puta-agora-é-palestrante:

"(...) Mas o sucesso da palestra não se dá por mim, mas pelo público. Não só eu contava histórias e dava opinião, mas todos que estivessem dispostos a participar. Havia um micro fone disponível para quem quisesse interagir. O que mais foi questionado pelos homens foi a ereção. Imagiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiina se não ia ser isso, não? E eles foram os que mais participaram. (...)"

Você teve a mesma curiosidade que eu? Também ficou imaginando que tipo de perguntas os caras faziam sobre ereção? Vem cá, será que os carinhas por aí não sabem quando o pau ta duro? Ou será que inventaram algum outro tipo de ereção e a dinossaura aqui não ta sabendo? Vou mudar de tópico, porque posso acabar passando atestado de desinformada do ano.

"(...) As mulheres queriam saber porque eram traídas, o que fazer para melhorar a sexualidade quando não se tem um corpo segundo "as regras sociais", e também , é claro: "Los trucos, conte los trucos Vanessa."

Será que eu to errada quando penso que não existe um único motivo pra traição? Será que eu to viajando quando penso que cada casal tem suas particularidades e que não existe regra única para um relacionamento duradouro e fiel?

Vou dar um pulinho ali na Saraiva pra ver se consigo comprar esse livro. Sou fashion, né? Pega mal continuar achando que sexo é instintivo e espontâneo.