quinta-feira, 1 de novembro de 2012

QUATRO MULHERES

Tá, uma vida inteira reclamando que não conhecia ninguém interessante, alguém que fizesse o coração dela bater mais forte e todas essas coisas tão comuns no que se refere à vida amorosa, principalmente, das mulheres da casa dos 30. Essa legião de mulheres inteligentes, mais ou menos bem resolvida, com carreira definida, bom emprego, alguma bagagem cultural, vaidosas, que sabe-se lá o motivo, continuam sozinhas. Bem, continuam sozinhas aquelas que não aceitam "qualquer um" só pra não dizer que está sem namorado. Parece coisa do século passado, mas ainda existe mulher que se envolve com o primeiro tranqueira que aparece só pra poder dizer "o meu namorado".
Até que um dia aconteceu: um cara legal, bonito, inteligente, educado e interessado nela. Um cidadão com um Currículo impecável. Era só correr pro abraço.
Conversas longas no msn, recadinhos no Orkut, saídas agradáveis, telefonemas diários. Mas e aí? O coração dela continua lá, daquele mesmo jeito: no piloto automático.
Reclamar que o cara liga o dia todo não pode, porque já reclamou muito de cara que não liga nunca. Dizer que não houve "química" não cola também porque o beijo dos dois se encaixou. É... o problema não é com ele. É com ela, que apesar de ter encontrado um cara legal, não se empolgou com ele. Fazer o quê?
Reunião urgente com as amigas mais próximas, aquelas que sabem os segredos mais cabeludos da outra.
Desabafo : meninas, o cara é gente boa demais, tem tudo o que eu gosto, mas eu tô aqui, sem a menor vontade de vê-lo de novo.
Mulher não consegue escutar um desabafo desses e ficar quieta: tem que palpitar. E palpite de amiga é melhor do que consulta com cartomante. Palpite de amiga leva em consideração nossa personalidade, nossas chatices, nossas carências. E mais: sabe nosso passado. O que conta muitos, muitos pontos na hora de dar um conselho.
Algumas taças de vinho ajudam ainda mais a clarividência de nossas queridas companheiras. "E então, gente, por que eu não gosto do cara que é tudo o que eu queria? Eu devia estar feliz da vida, apaixonadona. Mas tô aqui, comendo pizza, tomando vinho e daqui a 2 minutos vou reclamar que não tenho sorte no amor. O que eu faço?".
As opiniões foram contraditórias: uma falou que ela tem de insistir, o famoso "dar uma chance", quem sabe assim ela não se empolga? É muito melhor ir gostando aos poucos. A outra foi categórica: não balançou o coração no primeiro encontro, não balança mais. Sai fora, vira a página!
Enquanto ela ouvia os argumentos de cada uma, pois ambas tinham suas opiniões embasadas, tentava organizar os pensamentos dentro da cabeça. Até uma espécie "exercício" ela fez: lembrou-se daquela noite que ele não ligou e tentou lembrar se ela sentiu saudade. Mas as amigas falavam todas ao mesmo tempo e não dava pra se concentrar.
De repente, elas notaram que uma delas não abrira a boca em nenhum momento. Que estranho: logo aquela lá? A que fala até do que não conhece, logo ela tava lá quietona, com o olhar perdido?
- O que você acha? Ela deve dar uma segunda chance pro Sr. Perfeitinho ou mandá-lo passear?
- Desculpa gente, não prestei atenção na conversa.
E continuou com os olhos colados ao celular, esperando o carinha do final de semana retrasado ligar.
Naquela sala havia 4 mulheres: duas com opiniões diferentes e duas com situações totalmente opostas.
Parodiando Caetano: e quem há de negar que o problema de uma é superior?