Há exatos 4 anos eu estava em Brasília, a trabalho. Num pequeno intervalo que tive, em vez de ir fazer um lanche, preferi ligar para minha irmã. Ela estava com 9 meses de gestação e esperávamos para qualquer momento a chegada de mais uma bonequinha.
Fiz mil perguntas ("Você está bem?", "Já arrumou a mala para levar pra maternidade?", "Escolheram, afinal, o nome?") e ela só respondeu "Minha irmã, ainda temos uns 10 dias pela frente. Para não ser (muito) chata, recomendei que deixasse tudo pronto, caso o bebê resolvesse se adiantar...
A sabedoria popular diz que intuição de mãe não falha. Mas já reparou que nunca mencionam as tias? Somos uma classe totalmente desprovidas de glamour, somos da Segunda Divisão. Mas isso é assunto para outro post.
Naquele momento em que falava com minha irmã, tinha certeza que minha nova sobrinha estava a caminho e não iria esperar os tais 10 dias. Como eu sabia? Intuição de tia. De tia apaixonada, é claro.
Não deu outra, umas 4 horas depois, quando eu estava no aeroporto fazendo o check in, minha Dinda ligou "A bolsa da Gi estourou". Comemorei como se fosse uma surpresa, mas a verdade é que eu já sabia. Intuição de tia não falha.
Entrei no avião rezando, pedindo a Deus para a hora passar rápido: eu precisava chegar ao Rio e tomar um ônibus para Paraty, onde mora grande parte da minha família. Pedi à Nossa Senhora Aparecida, de quem sou devota, para não sair do lado da minha irmã e deixar a equipe médica bem atenta. Já que eu não podia estar lá para falar (tentar) tranquilizar minha irmã, queria que Nossa Senhora o fizesse por mim.
Quando cheguei ao Rio, o bebê já tinha nascido, mas não tinha mais ônibus àquela hora. Bobagem dizer que não dormi naquela noite, tamanha a ansiedade. No dia seguinte fui trabalhar. Ao fim do expediente, em vez de ir pra casa, fui é pra rodoviária, claro!
Liguei para meu chefe e disse que eu acabara de instituir a Lei da "Licença de tia", e que ele não me esperasse aparecer no escritório nos próximos dois dias. De tão inusitado que foi meu telefonema, ele nem teve argumentos.
As quatro horas de viagem foram uma eternidade, daquelas bem eternas. Cheguei tarde à casa dos meus pais e no dia seguinte cedinho já estava pronta para buscar meu bebê cor de rosa. Tão linda, delicada, cabelos pretos ralinhos, olhinhos puxados.
Foi um momento mágico o instante em que entrei no quarto. Beijei minha irmã, peguei a Liv no colo (o nome foi escolhido depois que os pais viram o rostinho dela. Liv. Liv. Liv. Um nome curtinho, fácil, delicado, igualzinho àquele bebê que já era amado quando a barriga ainda nem aparecia).
O mundo parou e fiquei admirando suas feições, suas mãozinhas, cada uma das dobrinhas de seus braços. Decorei cada um dos detalhes daquele serzinho que transformou a palavra AMOR em substantivo concreto: 3.200kg, 47 cm e rostinho desenhado.
Sou completamente apaixonada pela minha mãe, pelo meu paizinho, pela minha irmã. É tanto amor que meu coração parecia já ter sua capacidade lotada. Mas alguns anos antes, quando nasceu a Lara, a primeira sobrinha, percebi que ainda cabia mais gente. E vou te contar uma coisa: ter o coração preenchido por amores tão viscerais é a melhor coisa do mundo.
No entanto, tinha dúvidas se eu seria capaz de amar com aquela intensidade uma outra pessoa. Várias vezes me perguntei "Será que vou amar o novo bebê? Será que sou capaz de amar tanto assim?".
Àquela época eu não sabia ainda, mas amor não é bem que se esgote... E meu coração recebeu a Liv com tanta naturalidade, como se já esperasse por ela. Desde sempre.
Fiquei um tempão fascinada com aquele presente que a vida me deu. Meu cunhado falou "Hei, dá pra deixar o pai segurar um pouquinho também? Você não é a única aqui". E só então percebi que havia outras pessoas no quarto. Passei, delicadamente, meu "pacotinho" ao pai, que sorria com a alma.
Segurei as mãos da minha irmã e falei apenas "Obrigada". Ela entendeu.
Durante o trajeto para casa, eu, que sou falante toda vida, me mantive calada por um bom tempo. Até que consegui organizar minhas emoções e elas se transformaram na frase "E eu que pensava que já era totalmente feliz...".
Hoje minha florzinha faz 4 anos e eu nem me lembro como era minha vida sem ela.
Um dia talvez ela leia este texto e se lembre da nossa frase predileta: TE AMO PRA SEMPRE E MAIS UM DIA.
PS: Sem querer me gabar, todos dizem que somos parecidas e sou a pessoa mais feliz do mundo quando ela diz que temos os olhos iguais, "olhos cor de mel".
Depois de tudo isto, a ansiedade e a emoção, como fica a vontade de ser mãe? Já existia? Aumentou?
ResponderExcluirQuerida,
ResponderExcluirvc exerceu, viveu sua maternidade com sua irmã e o faz cotidianamente com a Lara e a Liv.
Maternidade existe em varios níveis e intensidades...
Vc vive algumas delas.
Além de tudo é filha, que uma tipo de mãe ao contrário!
Eu vivo a maternidade literal, pari dois filhos homens lindoooss: Nicolas hj com 11, e o kevin com 8 anos, e foi a melhor de todas as coisas melhores que se pode acontecer na vida!
Meu "orgasmo nessa existência"!
E como tudo tem dois lados...
Eu não tenho a sagrada oportunidade de ter 'Laras', 'livs' e 'Gis' (como é mesmo o nome da sua irmã?).
Eu não tenho mãe, nem filha, nem irmã!
Deus me deu a homens! E me deu homens!!!
E cunhada grávida não é a mesma coisa...
E sobrinhas de cunhadas são como filhinhos de peixe! Peixinho é!
Ficam num aquário, vc sabe que tá lá, e vê as vezes no dia do aniversário, quando resolvem te convidar!
Assim como existem muitas receitas de bolo, cada um delicioso a suia maneira, existem várias formas de ser feliz!
E de ser mãe!
Feliz Dias da mães Tia Aline!!!
Quem sabe, num coração tão grande ainda cabe os filhos das "amigas" e um dia vc acabe adotando esses dois carinhas aqui??!!!
(clica em crianças lá no blog pra vc ver as figurassas!)
Beijos
Gi