"Decido eu mesma engendrar lendas e episódios que me são atribuídos. Sempre tendo como desculpa a condição de escritora, a quem é dado o privilégio de inventar sem sofrer sanções morais". - Nélida Pinon
domingo, 23 de maio de 2010
QUEM PRECISA SER A MULHER MARAVILHA? OU POR QUE A GENTE SE COBRA TANTO?
Esta semana, como fazemos ao menos 1 vez por mês, duas queridas amigas e eu saímos pra bater papo. E tomar nosso chopinho sagrado, claro. Colocamos em dia nossas fofoquinhas, lamentamos nossas mazelas, e falamos muito, muito sobre a maneira como nós nos deixamos em segundo plano várias vezes.
Eu, que sou a "psicóloga fajuta" da turma, fui encumbida de "desenvolver o assunto". E então lancei a pergunta "Como você se relaciona com você mesma?" Vixe! Foi um festival de críticas às celulites, aos cabelos que teimam em não serem lindos, ao jeans que não fecha mais.
Em questão de minutos, deixamos de ser 3 alegres garotas descoladas, que moram sozinhas, falam outras línguas, têm cultura, para sermos as rainhas da baixa autoestima. Quem ouvisse a gente pensava "Três dragões que não devem saber o que é um homem há muito tempo". O detalhe: somos bonitinhas, cada uma tem um charme especial e uma agenda com vários rapazes interessantes. Encalhada é sua avó, tá?
Mas e daí? Simplesmente esquecemos de tudo que já conquistamos, das oportunidades que sempre pintam e nos levam adiante na vida profissional. Esquecemos, sobretudo, os elogios que recebemos dos tais rapazes interessantes. Tudo porque o jeans não fecha, porque a celulite não nos abandona ou porque justamente o carinha mais interessante não sabe de nossa existência.
Enquanto o papo fluia, eu tentava chegar à alguma conclusão. Não que isso fosse acabar com nossas neuras, e sim porque ali estava um excelente assunto para um post. Mas alguém consegue imaginar uma criatura que pensa que sabe tudo sobre psicologia, que já bebeu "alguns" chopps e ainda cisma em analisar o papo? Dá pra levar a séria alguma conclusão desta pessoa? Mas aqui estão algumas. E muitas fazem sentido. Se não fizer pra você, experimente ler depois de um vinhozinho. De preferência com outras amigas por perto.
Primeira conclusão : Mulher é tudo Igual. Tremendo clichê, eu sei, mas quero ver alguém desmentir isso. Todas nós temos os mesmos dilemas, as mesmas inseguranças ("eu sou bonita?","o que você vê em mim?","você me ama mesmo eu sendo gorda?").
Segunda conclusão: que nessidade absurda temos de um olhar aprovador do outro?
Por que a gente é assim? Por que eu preciso tanto da aprovação do outro pra me gostar? De onde vem essa necessidade latente de ser aceita (principalmente esteticamente) por alguém para, só então, eu me gostar? Que carência é essa que se faz maior do que eu mesma?
Racionalmente, eu e minhas amigas, e as amigas delas (e você, e sua amiga) temos mil argumentos para gostarmos de nós mesmas antes de qualquer outra pessoa, mas por que é tão difícil colocar isso em prática?
Alguma coisa está muito errada quando precisamos ouvir de alguém que somos bonitas. E por que essa ânsia em ter de ser bonita?
Quem, mais do que nós mesmas, sabemos o quanto já vencemos obstáculos, de quantos buracos já saímos? Cada uma de nós sabe quantos leões precisamos matar para estarmos aqui, vivas e cheias de garra. Por que precisamos que alguém faça um elogio para só então nos sentirmos felizes?
Por que é mais fácil acreditar no carinha babaca de ontem à noite - que jurou que ia ligar - do que no reflexo do espelho?
As respostas à minha pergunta foram mais ou menos essas:
*Quantas armadilhas eu teria evitado se prestasse mais atenção em mim;
*Quantas gargalhadas sonoras eu teria dado se não me importasse tanto com o que pensam de mim;
*Quantos amores eu teria vivido se não tivesse me precipitado e dito pra mim mesma "cai fora, ele é muito bonito pra você"...
Resumo: a gente perde tempo pra cacete por pura insegurança.
Claro que ninguém saiu daquele barzinho resolvida, ninguém virou a Mulher Maravilha, mas certamente passamos a nos policiar um pouco em relação às críticas que fazemos diariamente a nós mesmas.
Sei lá, mas desconfio de que nossos encontros devem deixar de ser mensais para serem semanais. Quem sabe não é o primeiro passo para sairmos dessa armadilha que é tentar ser perfeitinha e passar a curtir a vida como mulheres lindas que somos?
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Concordo com tudo!!!
ResponderExcluirPsicologia é isso aí!!!
Posso ser convidada para a próxima mesa redonda de debates super pertinentes a vida alheia?
Nada como uma discussão dessas para ampliar nossos horizontes!
Olá, Aline!!
ResponderExcluirVou conhecer a sua terra, vou passar o fim de semana em Paraty. Vou para assistir o Festival de música, que começa hoje.
Se cuida!!
Beijos, Ju.
Aline
ResponderExcluirE vom ter amiga para bater aquele papo!
com carinho Monica
ALine, tenho um texto sobre isso aqui ó:
ResponderExcluirhttp://blog8.ovale.com.br/
chama-se "A menininha que mora em mim"
espero que goste!
beijos e parabéns pelo blog