Num dos muitos momentos de tédio durante o recesso entre o Natal e o Reveillon, li uma matéria da psicóloga Cláudya Toledo (cara, um nome cheio de "frufru" deve ser coisa de numerologia! Eu devia ter desconfiado disso e nem ter continuado a leitura) onde ela garante que "todo mundo é capaz de encontrar sua alma gêmea, basta procurar no lugar certo." Gente, será que ela falou isso mesmo ou a repórter fez confusão? Será que sou só eu que fiquei sem a minha? Pô! Eu também quero o chinelão pro meu pé descalço!
Ano Novo, idade nova... uma boa hora de conhecer meu príncipe. Viva a Dra. Clauddia (ou seria Cllaudhia? ou Claudiia? sei lá...)! Segundo ela, nós, mulheres lindas , que estamos sem namorados, devemos parar de esperar e temos de ir à luta, temos de procurar um amor do mesmo jeito que procuramos um apartamento pra alugar ou um emprego novo. Nada de ficar esperando o acaso. E também devemos ser mais sensíveis e menos independentes, pois isso é o que mais atrapalha os relacionamentos. Ela chama isso de "Síndrome da Mulher-Cabeça", pois estamos muito fortes, mentais, pouco sensíveis e femininas.
Pelo que entendi, o lance é o seguinte:
* em vez de trabalhar pra me sustentar, eu tenho de arrumar um emprego bem xinfrim, que me pague uma miséria: ser independente é o pior pecado que uma mulher à caça de um marido pode cometer;
* tenho de parar com mania de estudar-ler-aprender . Se a vontade de ler um livro ou fazer um curso for irresistível, há opções: a Dra.Cupida é autora do "Manual da cara-metade" e ministra cursos como o "Um Dia de Deusa", aula criada para despertar o poder de sedução feminina; Acho que devo jogar fora a listinha dos livros que anotei para ler este ano e decorar esse manual. E quem é que precisa de Mestrado em Literatura Contemporânea? Deve ser muito mais proveitoso aprender a despertar meu poder de sedução (eu tenho isso?).
* preciso esquecer tudo o que aprendi sobre mim mesma em longas sessões de terapia e que me fizeram ser mais centrada, menos emocional e mais objetiva, porque o lance é ser bem sensível, daquelas que choram porque o cara disse que ainda é cedo pra apresentar a família.
A dura conclusão a que cheguei foi : de acordo com as dicas da "Dotôra Clláudhyah", minhas chances de encontrar a cara-metade são perto de zero.
E a culpa é dessa minha mania de gostar de ser eu mesma, de achar que existem outros objetivos na vida, a não ser casar, ter filhos e cuidar da casa.
Eu nunca - nunquinha! vou arrumar um namorado que goste de mim de verdade e a culpa é toda minha, que aprendi mais sobre as teorias de Benjamim e não sei fazer um arroz soltinho. A culpa é minha por não andar por aí com decotão, salto alto e vocabulário reduzido, mostrando que sou uma fêmea à procura de um homem pra chamar de meu. Mereço viver sozinha o resto dos meus dias. Como pude ser tão burra, meu Deus?
Foi dureza constatar que nesses "trinta e poucos" anos eu só fiz merda e por isso não vou ter um cobertor de orelha quando o inverno chegar.
A culpa é minha, claro: como é que eu leio até o fim uma entrevista com uma psicóloga se auto-intitula "a maior cupido do país"? E isso depois de ter visitado o site da cidadã e me deparado com uma foto RIDÍCULA . Que raiva de mim...
Eu só espero que você não deixe de acessar meu blog depois dessa demonstração de estupidez. Juro que não sou sempre assim tão burra.
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