Parei de sentir dor por um tempo e minha vida ficou cinza, árida. Fiquei um tempo sem perceber um monte de coisa da vida e fazia isso consciente. Eu tinha (e tenho e vou ter sempre!) um grande medo de sofrer. E pra não sofrer, eu parei de querer ver sentido em tudo.
Mas aí vieram aqueles fantasmas de sempre, o romantismo descarado e sem talento pra ficar na dele: voltei a pensar, a questionar e aí fodeu de vez. Meu grande inimigo mora em mim. Uns chamam de vocação, dom, talento. Eu chamo de fodição. Eu odeio saber escrever, saber pensar, saber sentir o mundo todo desse jeito que eu sinto.
Eu odeio saber como transformar uma quase-tragédia num texto engraçadinho só pra não dizer que sou uma azarada e tudo na minha vida chega de um jeito, digamos, mais difícil. Se pudesse escolher, não floreava minha dor e nem a transformava numa historinha bonitinha.
Já tentei fugir dessa mania que nasceu comigo de pensar minha história com olhos de quem está de fora e fazer de mim mesma uma personagem mais legal, mais interessante. Só que manias são mais fortes do que eu. Meus vícios são mais fortes do que eu e quando fico muito tempo sem escrever, fico chata.
Eu não gosto de escrever, acredite você ou não. Eu preciso escrever. É diferente, não acha? E não escrevo pra ninguém ler, não. Escrevo pra me aturar, porque eu mesma não me aturo.
Desde que assumi que meu coração não pode viver vazio, passei a sentir mais. E isso faz acender a luzinha vermelha: CUIDADO, SOFRIMENTO A VISTA.
Tenho medo desse sofrimento que pode embarcar em qualquer estação. Tenho medo do sofrimento que se sentou ao meu lado. E tenho medo, muito medo, de pensar no sofrimento disfarçado, que está logo ali.
Ouço de vez em quando "você é corajosa, se expõe tanto. Não tem medo?". Tenho, tenho medo de tudo. E mais ainda de me confundir com as personagens. Pensando bem, melhor que seja assim, porque meu maior medo é o de perceber que minha vida é chata, entediante. Por isso, nas minhas estórias serei sempre a personagem que vive todas as emoções. E que fica com o mocinho no final.
Aline
ResponderExcluirO bonito é que voce faz do medo algo maravilhoso. Escreve e escrevendo faz a gente te conhecer e gostar de voce e de seus escritos.
Pode ser que um dia o medo acabe.
Eu tenho muitos medos e não tenho para onde escapar. Feliz voce que tem o dominio da escrita.
Com carinho Monica
Lendo sobre o post do ET fiquei fã de cara...medo? o que é o medo? o medo leva não fazer algo e ficar na eterna dúvida com duas vertentes acontece ou não? coragem também leva a duas vertentes: aconteceu ou não, quando há escolha...faça.
ResponderExcluirAline
ResponderExcluirEu estou admirada!
Fui eu que fiz aquele comentário?
Acho que estou ficando menos inteligente!
Estou feliz de estar aqui mas acho que as crianças meus ex alunos me faz falta para pensar!
com carinho Monica
Meu tio já está no quarto e começando a perceber a situação!