Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa, mas dizei uma só palavra e minha alma será salva.
A gente repetia
sem entender
e via casinhas
de porta e janela,
com coqueirinho
e sol na montanha.
Ficava esperando
a palavra de Deus
vir lá de fora,
porque a casa
era indigna,
pequena,
escura -
e Deus era brilho,
grandeza,
dignidade.
Um belo dia,
a gente resolveu sair à janela
e viu
que não havia brilho,
nem grandeza,
nem nada
e que a casa
flutuava no espaço,
à deriva.
Foi assim que conseguimos entender
o sistema solar,
o poder das mãos,
e o pensamento
como imensas âncoras.
E foi impossível não me lembrar de quando eu era criança e ouvia na igreja o trechinho que falava que, por eu ser indigna, Deus não ia entrar na minha casa. Eu pensava "ué, mas Ele está lá em casa o tempo todo!". E sempre esteve mesmo. Porque lá reinavam o amor, a caridade, a alegria e, principalmente, lá havia meus pais, que sempre se trataram com muito amor e respeito. E também ensinavam a mim e a minha irmã o valor da bondade, do amor entre os nossos.
Hoje entendo que Deus jamais deixou de habitar nosso lar e olha que não éramos católicos fervorosos, mas porque praticávamos (e ainda hoje) aquilo que é a verdadeira essência de qualquer religião: o amor fraterno e incondicional.
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