segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Racismo no futebol



Este recente caso de xingamento ao jogador Aranha, me fez lembrar de um episódio que aconteceu há poucos dias:


Estava sentada num banco numa praça perto do meu trampo, lendo. Olhei para o relógio e vi que o horário de almoço estava no fim. Fiz menção de levantar e naquele exato momento um rapaz negro estava se sentando perto. Quando me viu levantando, falou bem alto "Você é racista!". Fiquei tão chocada e só consegui falar "Racista? Logo eu? O que você sabe de mim?". Ele falou que só por que ele ia se sentar eu me apressei a levantar.

Recomposta da injustiça, apenas falei "Pois saiba que sou descendente de Teixeira de Gouvêa e se eu cometer qualquer ato racista, mereço uma surra". O rapaz não entendeu nada e ficou me olhando assustado. Falei para ele que, da mesma maneira que ele se sentia ofendido quando sofria algum tipo de discriminação, eu também muito me ofendera naquele momento, ao ser xingada de racista. Sim, porque se algumas pessoas "xingam" um negro de negro, macaco ou sei lá mais o quê, para mim, ser chamada de racista era um xingamento com igual intensidade.

E para explicar : Teixeira de Gouvêa foi um fazendeiro em Macaé e na época pós libertação dos escravos, ele, que havia muito já não tinha mais escravos e sim funcionários, mandou que todas as tardes houvesse uma mesa na fazenda com comidas, frutas e água. Era para os "negros forros", que deixaram de ser escravos e nem por isso viraram cidadãos, poderem se alimentar. Os ex escravos perambulavam pelas estradas, famintos, mas ao final do dia sabiam que havia um lugar onde poderiam matar a fome e a sede. E este lugar era uma fazendo do tio de meu avô.


Em justíssima homenagem, foi inaugurada uma rua com seu nome. E nós da família Gouvêa temos muito orgulho de nosso ancestral e trazemos conosco a responsabilidade de honrá-lo e a forma de fazermos isso é uma só: repudiar toda e qualquer manifestação de ignorância ao repúdio pela cor da pele.

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