Saí da casa dos meus pais cedo. Dividi apartamento com amigas, voltei a morar com meus pais e depois "brinquei de casamento", morando com um namorado. Sozinha, sozinha eu nunca tinha morado.
Passei a morar quando ele jogou a toalha e disse "A brincadeira de casinha acabou". Sofri pra cacete, claro. Eu gostava dele. Mas demorei bem uns 10 dias pra chorar.
Lembro até hoje o que desencadeou a crise de choro: eu não alcancei a lata de molho de tomate no armário da cozinha. Naquele momento entendi que eu estava morando sozinha.
Em vez de pegar uma escada, corri para o telefone e liguei para uma grande amiga: "Tô péssima! Ele tá fazendo muita falta", desabafei em meio a muitos soluços e lágrimas. Essa minha amiga é a "levantadora oficial do astral da galera" e, começou a dizer que é normal sentir saudade, ficar triste, mas isso iria passar. Quem sabe até nós dois não voltaríamos e tal? Ou, melhor ainda, ela tinha certeza de que eu iria conhecer um cara muito mais legal do que ele. E então a interrompi: isso não vai passar nunca, tenho certeza. E ela, muito carinhosa, perguntou se eu gostava ainda tanto dele assim. Falei que não, mas que era uma merda eu ter de cuidar sozinha de uma casa. E que aquele filho da mãe não teve nem a consideração de tirar as coisas dos lugares altos, antes de ir embora. Ele sabe muito bem que eu não alcanço.
Começou lá a minha vida de morar sozinha. A lista das coisas boas é imensa e eu amo: chegar em casa depois de um dia longo de trabalho e não precisar falar com ninguém; receber as amigas, no melhor estilo "Luluzinha´s", deixar calcinha pendurada no box.
Mas como na vida nem tudo são flores, há a parte chata: sou eu pra tudo. Eu que tenho de lembrar de pagar o gás, se eu não comprar requeijão, tenho de comer pão seco. Sou eu que tenho de esperar o cara da Net, negociar o orçamento do conserto da máquina de lavar (essas coisas sempre me dão a impressão de que estão me roubando). E encarar a louça com a unha recém-pintada. Ninguém merece isso...
Cólica de madrugada? Tenho que eu mesma ir lá e procurar o remédio, esquentar a água pra por na bolsa de água quente... e todo mundo sabe que bolsa de água quente, esquentada por nós mesmas, não faz efeito: isso é coisa de mãe, de amiga ou de namorado fazer pra gente. O que cura cólica é remédio, o resto só tem valor sentimental.
Dia de supermercado é um martírio: não dá pra falar "leva essa aqui que tá mais pesada". Outro dia, o vaso sanitário entupiu e lá fui eu comprar "Diabo Verde" para dar um jeito, porque o cara do conserto não trabalha aos sábados.
É muito, muito grande a lista de coisas ruins, mas a gente sempre se acostuma. E aí quando percebe, dá uma satisfação danada saber que não é uma lata no armário alto que derruba a gente.
Aline
ResponderExcluirEu estou adorando morar com Andrea e mamãe. Mas eu saí de varginha, com 18 anos . Morei em um pensionato em BH. Depois morei com os meus irmãos em BH.Depois morei em Santo Antonio com mamae e papai. E mais tarde só com mamae. E dois anos sozinha. E agora outra vez com mamae e Andrea.
Eu gostei de morar sozinha.Mas a Tonha dormia no quarto ao lado.Eu nunca fui boa dona de casa. Lá em SA a casa é imensa. Eu podia deixar uma roupa em cima da cama que ninguem via. Só eu, a Tonha e a Luciana ou Adriana( antiga secretária)
Agora eu tenho que me policiar. Porque sou muito bagunceira. E não sei cozinhar. Mas adoro o que a Andrea faz. E o que a Valéria ( a secretária )faz.
Para pagar as contas é custoso mesmo, mas dividimos, sem muita lereia.
Agora sozinha, sozinha e Deus nunca fiquei. Pois tinha sempre alguma babá dormindo comigo no quarto ao lado.
Deve ser muito ruim, mesmo.Mas não deve ser horrivel.
Eu gostava do pensionato porque não precisava falar a hora que eu chegava em casa. Apesar de ter um horario de chegada e era cumprido rigorosamente. Mas meus pais em Varginha, não ficavam sabendo onde eu estava e com quem.E eu achava isto o maximo.
Com amizade Monica