Por motivos desconhecidos, eu adoro a Lua.
É um baita clichê e certamente meu lado metido a fashion e vanguarda torce o nariz para meu hábito de olhar pro céu "só pra ver como a Lua tá hoje". Faço isso quase todas as noites.
Detesto essas coisas melosas que, de tanto ser romântico, vira brega.
Não tem nada de original gostar da Lua e eu adoro ser original. Que mico! Acabei aqui, escrevendo sobre o que qualquer um escreveria.
Mas o que eu posso fazer se uma Lua, seja qual for, me hipnotiza?
Já tentei entender o porquê disso: me lembro de algo? de alguém? Não, não me vem nenhuma memória especial à mente quando vejo a Lua.
Sendo bem honesta, só sei distinguir a Lua Cheia das demais e nunca tive paciência para aprender qual é a Nova, a Minguante ou a Crescente.
Um dia li um poema do Manuel Bandeira e desisti que encontrar sentido para o poder que este satélite tem sobre mim. Bandeira não era de ficar enfeitando as coisas, adoçando o que não tem doce.
Eu tinha uns 14 ou 15 anos e lembro que achei a coisa mais linda do mundo ele descrevê-la como "demissionária de atribuições românticas". No alvo!
Uma Lua sem frescura. Era essa a Lua que eu queria. É essa que me fascina porque adoro não precisar de explicações. Adoro os verbos intransitivos. Meus sentimentos são intransitivos.
Desde então, passei só a curtir o efeito da Lua em mim. Não quero explicações de onde vem essa atração, esse fascínio.
E mesmo que, num ataque de cafonice, eu já tenha quase morrido de nostalgia olhando da minha janela a Lua mais bonita do mundo, pra mim ela nunca é triste. Ela é só a Lua, minha grande paixão.
"(...)Ah Lua deste fim de tarde,
Demissionária de atribuições românticas,
Sem show para as disponibilidades sentimentais!
Fatigado de mais-valia,
Gosto de ti assim:
Coisa em si,
- Satélite."
- Manuel Bandeira
Aline, como as pessoas são diferentes, não é mesmo. Graças a Deus, pois como diz o ditado: "o que seria do amarelo se todos gostassem do vermelho". Pois eu ao contrário de você, tive um probleminha coma lua. Quando era pequena tinha horror de olhar pro céu. Não gostava mesmo, tinha o maior medo de disco voador. Rídiculo isso hoje, mas era isso mesmo, tinha pavor de ver um e ser levada por ele. Conclusão: não olhava para o céu a noite por nada desse mundo. E com isso, "custei" a apreciar a beleza da lua. Teve uma vez que fomos acampar todos os primos, na fazenda, e eu dei um show a noite não deixando ninguém sair da barraca pque estava apavorada com medo de disco voador. Todo mundo querendo ver as estrelas cadentes, a lua o céu e eu chorando.
ResponderExcluirNessa época alguém deveria ter me apresentado os poemas de Manoel Bandeira. Quem sabe assim eu ficaria fascinada pela lua de uma forma gostosa.
Ainda bem que hoje não sou mais uma criança. Mas trauma fica,....