Comecei a engordar com 10/ 11 anos e até os 15 anos não parei mais: cheguei aos 76 kg.
Passei a adolescência sendo a “gordinha legal”, engraçada, simpática... Nunca fui chamada de bonita. Todo minha família me repreendia por ser gorda. Eram palavras ou “simples” olhares, que magoavam tanto ou mais que as palavras.
Passei a adolescência sendo a “gordinha legal”, engraçada, simpática... Nunca fui chamada de bonita. Todo minha família me repreendia por ser gorda. Eram palavras ou “simples” olhares, que magoavam tanto ou mais que as palavras.
Não tenho fotos desta época: fugia das câmeras e, no fundo, acho que ninguém percebia minha ausência nas fotos.
Bem, este pensamento é fruto da minha auto-estima baixíssima, provocada por eu ser gorda. E quanto mais gorda, menos auto-estima; quanto menos auto-estima, mais gorda. Bola de neve total
Bem, este pensamento é fruto da minha auto-estima baixíssima, provocada por eu ser gorda. E quanto mais gorda, menos auto-estima; quanto menos auto-estima, mais gorda. Bola de neve total
Apesar de ter um rosto bonito, tinha uma espécie de “capa” me cobrindo. A gordura me recobria e me deformava. Para disfarçar minha impotência (impotência: é esse meu sentimento por ser gorda), tentava me convencer de que era bonita mesmo sendo gorda.
Durante o tempo que tentei me convencer de que podia ser feliz do jeito que era, travei uma espécie de luta contra todos o mundo: tornei-me agressiva e arredia. Se alguém tocasse no assunto dieta, eu dava logo um fora e fingia que não tinha vontade de emagrecer.
Na família do meu pai havia muitos gordinhos e gordões. Mas a família de minha mãe (minhas tias e primos)eram todos magros. Para mim, afrontadoramente magros.
Definitivamente não é fácil ser gorda quando se tem tantos primos “normais”. Se uma ou outra brincadeira acabasse em discussão, era aquele monte de desaforo: “Olívia Palito” para a magricela; “Ferrugem” para a sardenta e para mim o mais cruel de todos os xingamentos (aquele que até hoje ainda arde em meus ouvidos): “GORDA!”, "BALEIA"...
Na família do meu pai havia muitos gordinhos e gordões. Mas a família de minha mãe (minhas tias e primos)eram todos magros. Para mim, afrontadoramente magros.
Definitivamente não é fácil ser gorda quando se tem tantos primos “normais”. Se uma ou outra brincadeira acabasse em discussão, era aquele monte de desaforo: “Olívia Palito” para a magricela; “Ferrugem” para a sardenta e para mim o mais cruel de todos os xingamentos (aquele que até hoje ainda arde em meus ouvidos): “GORDA!”, "BALEIA"...
Durante muito tempo não sabia o motivo para ter começado a engordar. Achava mesmo que foram os maus hábitos aliados a uma herança genética e talvez alguma ansiedade típica da adolescência. Hoje, depois de fazer terapia, sei o que me levou a engordar. É muito pessoal, logo, não vou dividir.
Mas tenho lembranças dos “sutis” conselhos para comer menos. Uma vez ou outra percebia que alguns parentes se preocupavam/ assustavam com meu peso, mas nunca ninguém tocou direto no assunto do jeito, ao meu ver, correto: sem punição, mas sim para me ajudar.
Sem querer achar culpados, acho que alguém deveria ter me perguntado “Você está feliz? Posso lhe ajudar?”. A repreensão só aumentava a raiva: de mim, por ser gorda; pelos outros, por não me ajudarem.
Minha auto-estima foi toda construída (ou destruída) com base no meu peso.
Mas tenho lembranças dos “sutis” conselhos para comer menos. Uma vez ou outra percebia que alguns parentes se preocupavam/ assustavam com meu peso, mas nunca ninguém tocou direto no assunto do jeito, ao meu ver, correto: sem punição, mas sim para me ajudar.
Sem querer achar culpados, acho que alguém deveria ter me perguntado “Você está feliz? Posso lhe ajudar?”. A repreensão só aumentava a raiva: de mim, por ser gorda; pelos outros, por não me ajudarem.
Minha auto-estima foi toda construída (ou destruída) com base no meu peso.
Aos 15 anos,a mãe de uma grande amiga me levou a um médico que estava “conseguindo emagrecer” um monte de gente na minha cidade. Fui à consulta feliz da vida. Saí de lá confiante. Todos me perguntavam quanto pesava e, pela 1a vez na vida, falei para alguém o meu peso: 74 kg. Mas falei porque sabia que perderia muitos deles.
E perdi mesmo! Em menos de 1 mês já pesava 64 kg. Eu, pela 1a vez na minha vida, era “magra”. Era a primeira vez que usava um biquíni, tomava sol sem vergonha e... podia pegar roupas emprestadas de amigas. Não dá para descrever nada do que senti naqueles dias de descoberta.
Podia, enfim, vestir um short da minha irmã... ai, que delícia!!! Eu era normal, gente, eu era normal! Não precisava usar camisa preta; não precisava usar saia com elástico; não tinha vergonha de comprar roupa: tudo me servia. E ficava lindo.
Passei alguns meses nessa felicidade: mais do que simpática ou inteligente, eu agora era muito GOSTOSA! Pela 1a vez eu era igual às minhas primas. Deus do céu, eu era magra, tinha rapazes me olhando, tinha prazer em sair para comprar roupas... eu era magra!
Mas foi tudo passageiro: emagreci a base de remédios fortíssimos e (todo mundo conhece esse filme) quando parei de tomar aqueles “remedinhos” é claro que voltei a comer tudo de gostoso.
Mas foi tudo passageiro: emagreci a base de remédios fortíssimos e (todo mundo conhece esse filme) quando parei de tomar aqueles “remedinhos” é claro que voltei a comer tudo de gostoso.
Mas agora era pior: eu já sabia onde era o céu e não tinha mais a chave daquele paraíso, não podia entrar naquela terra da felicidade onde só os magros moram.
Em 91, mudei de cidade. Em março procurei outro médico “daqueles” e que receitou outra “bomba”. Emagreci e fiquei pesando 68 kg. Era mais do que já havia pesado na primeira dieta, mas “dava pro gasto”. Passei o ano oscilando entre 67 a 69 kg mas nas férias... relaxei geral: 72/ 74 kg. Passei o ano seguinte infeliz e deprimida, sem conseguir levar dieta alguma em frente. Tinha duas amigas na escola que eram lindas, magras, gostosas,namoradeiras... Eu? Eu era a “amigona” (em todos os sentidos: grande amiga e amiga grande. Enorme. Imensa).
Passava um ar de séria, desapegada das coisas “fúteis” como ginástica, praia, roupas da moda... Namorados? De jeito nenhum, “às vésperas de prestar Vestibular não dá pra namorar”. Nem gostava de passear. Fotos? continuava a fugir. Não queria registrar aquele horror que eu era.
Uma ou outra fotografia que tenho naquela época, fui quase que obrigada a tirar. E quando via as fotos, passava a semana deprimida: só o que conseguia ver na frente era aquela imagem horrorosa, deformada pela gordura. Quando falo "depressão" não é aquela tristeza comum a todos, era depressão de verdade, que me paralisava e fazia sofrer.
Se algum amigo me falava que eu precisava emagrecer, ficava com raiva - porque sabia que era verdade. Se diziam que estava “bem”, sentia raiva porque sabia que era mentira.
Passei mais de dois anos assim: insatisfeita, tentava emagrecer, como não conseguia, sentia nojo de mim. (E essa era a palavra perfeita para descrever o meu sentimento em relação a mim mesma: nojo. É muito triste sentir isso).
Voltei a um dos médicos (na verdade, conheci a maioria dos médicos estilo "Dr. Caveirinha" - famosos ou não - do Rio). Queria emagrecer a todo custo. Na minha cabeça ainda assombrava a velha história de que tudo o que não conseguia, não tinha ou não podia era por causa da gordura. Principalmente os rapazes que não olhavam para mim. E eu dava razão a eles. Eu era imensa! Minha auto-estima diminuía na inversa proporção que engordava e isso me impedia de ser, um pouquinho que fosse, atraente.
Aos 23 anos, após diversas consultas com endocrinologistas (que constatavam não haver problema hormonal algum), me considerava um caso perdido. Tinha medo de perder minha juventude por causa desse imenso sofrimento.
Quem nunca teve problema com peso nem sequer imagina o que estou falando, pode até achar que meu sofrimento era futilidade ou exagero. Não dá para saber o constrangimento que sempre passei por ser gorda. É como se eu tivesse constantemente infringindo uma lei, cometendo um erro grave.
Quando mudei de emprego, resolvi começar (de uma vez por todas) uma nova etapa da minha vida. E a mudança iniciaria por trocar o manequim. Voltei ao médico. Mais “bolas” para conter a gulodice e a ansiedade. Mas eu jurei que era para valer daquela vez. O clima de mudança me animava: ao deixar meu primeiro emprego (de quatro anos) me sentia confiante; cortei o cabelo; aos poucos esquecia um amor não correspondido – que me dava a eterna ideia de ser inadequada. Eu tinha uma enorme certeza de que não merecia ser amada por causa do meu peso. Amada por um homem, por amigos e também pela família.
Dessa vez, focada nas mudanças, foi fácil perder 8 kg. Fiquei fascinada: era de novo GOSTOSA. Palmas para mim. O astral não podia ser melhor. Ainda faltavam muitas conquistas na vida, mas só por saber o meu poder de transformação, minha coragem já crescia.
Arrumei namorado; terminei namoro; arrumei outro ... Além de estar ótima comigo, fazia sucesso com os outros. Decidi não ir mais ao médico, pois além de ser muito cara a consulta, me achava forte o suficiente para continuar minha jornada sozinha. Eu ainda não entedia como funciona a doença chamada obesidade. Sequer desconfiava que era doente.
Procurei os Vigilantes do peso e emagreci quase 4 kg em 1 mês. UAU: pesava 62 kg! Descobri novamente que tinha um rosto bonito demais para ficar recheado de gordura. “Vai ser fácil manter-me assim”, dizia para mim mesma. Mas aí vem a fase mais difícil: todos estavam acostumados a me ver “gordinha” e quando a viam “magrinha”, diziam que se eu emagrecesse mais ficaria com cara de doente.
Começaram, então, os deslizes: um sorvete aqui (afinal, “eu estava bem”), uma pizza ali, uma lasagna “só hoje”. Claro que os 62 kg não duraram nem um mês. E eu no Vigilantes? Saí correndo, morrendo de vergonha de não conseguir manter o peso nem por duas semanas.
Estacionei por uns tempos nos 67 kg. Comecei a namorar um cara maravilhoso e que gostava de mim do jeito que era. Mas EU nunca estava bem comigo. Como pode? Realizei o sonho de toda mulher: encontrar um cara doce, amoroso, paciente e que não sabe a diferença entre estar com 70 ou 60 kg...
Um dos desastrosos efeitos da baixa auto-estima é depender da aprovação do outro para nos sentir bem e o desconforto de ser gorda por tantos anos fez eu ter uma ideia muito errada de mim mesma. Foi quando descobri que tenho uma doença muito séria chamada obesidade, uma doença cada vez mais presente na vida da população. Essa doença é muito mais séria do que pode parecer: ela deforma, machuca, enlouquece. Exclui.
Em 2001 concretizei um velho sonho: fiz plástica no abdômen e lipoaspiração (me livrei de 2,5 lt. de gordura). Virei outra pessoa. Emagreci 7 kg e passei a vestir roupas que sempre morri de vontade. Meu manequim diminuiu do 42 (apertado) para 40 (LARGO!). Foi uma transformação gigante.
Mesmo assim, voltei a brigar comigo mesma para não engordar, porque tenho a impressão de que se ganhar 500 gr. estarei assinando o atestado de incompetente.
Eu me cobro muito, eu sei, mas é assim que vivo. Já fiz terapia e tentei me convencer de que eu não sou só um corpo, sou muito mais. E percebi que nas épocas que estive magra, os problemas continuavam. Estar magra não era certeza de felicidade. Mas é difícil: são anos e anos de sofrimento. Repito:para quem não sabe o que é ser gorda pode parecer loucura isso, mas só quem sofreu ou sofre de obesidade entende.
Há uns 5 anos passei por momentos bem difíceis na vida profissional e pessoal e cheguei aos 77kg. Por mais esforço (dieta e exercício) não conseguia perder 100gr. De tanto tentar e falhar, tentei me convencer de que posso ser bonita gordinha. Mas recentemente na terapia descobri o seguinte: estar magra não me garante estar feliz, mas estar gorda, definitivamente, me deixa infeliz. Infeliz e medrosa, a ponto de sequer conseguir dar em cima de ninguém. Acho que nunca serei correspondida enquanto estiver gorda.
É por isso que continuo lutando contra a balança. E esse é um desafio muito particular, muito íntimo, por ser muito intenso e nem sempre as pessoas à minha volta entendem. Mas estou na luta ainda: pela perda de peso e pelo aumento de minha auto-estima.
Em 91, mudei de cidade. Em março procurei outro médico “daqueles” e que receitou outra “bomba”. Emagreci e fiquei pesando 68 kg. Era mais do que já havia pesado na primeira dieta, mas “dava pro gasto”. Passei o ano oscilando entre 67 a 69 kg mas nas férias... relaxei geral: 72/ 74 kg. Passei o ano seguinte infeliz e deprimida, sem conseguir levar dieta alguma em frente. Tinha duas amigas na escola que eram lindas, magras, gostosas,namoradeiras... Eu? Eu era a “amigona” (em todos os sentidos: grande amiga e amiga grande. Enorme. Imensa).
Passava um ar de séria, desapegada das coisas “fúteis” como ginástica, praia, roupas da moda... Namorados? De jeito nenhum, “às vésperas de prestar Vestibular não dá pra namorar”. Nem gostava de passear. Fotos? continuava a fugir. Não queria registrar aquele horror que eu era.
Uma ou outra fotografia que tenho naquela época, fui quase que obrigada a tirar. E quando via as fotos, passava a semana deprimida: só o que conseguia ver na frente era aquela imagem horrorosa, deformada pela gordura. Quando falo "depressão" não é aquela tristeza comum a todos, era depressão de verdade, que me paralisava e fazia sofrer.
Se algum amigo me falava que eu precisava emagrecer, ficava com raiva - porque sabia que era verdade. Se diziam que estava “bem”, sentia raiva porque sabia que era mentira.
Passei mais de dois anos assim: insatisfeita, tentava emagrecer, como não conseguia, sentia nojo de mim. (E essa era a palavra perfeita para descrever o meu sentimento em relação a mim mesma: nojo. É muito triste sentir isso).
Voltei a um dos médicos (na verdade, conheci a maioria dos médicos estilo "Dr. Caveirinha" - famosos ou não - do Rio). Queria emagrecer a todo custo. Na minha cabeça ainda assombrava a velha história de que tudo o que não conseguia, não tinha ou não podia era por causa da gordura. Principalmente os rapazes que não olhavam para mim. E eu dava razão a eles. Eu era imensa! Minha auto-estima diminuía na inversa proporção que engordava e isso me impedia de ser, um pouquinho que fosse, atraente.
Aos 23 anos, após diversas consultas com endocrinologistas (que constatavam não haver problema hormonal algum), me considerava um caso perdido. Tinha medo de perder minha juventude por causa desse imenso sofrimento.
Quem nunca teve problema com peso nem sequer imagina o que estou falando, pode até achar que meu sofrimento era futilidade ou exagero. Não dá para saber o constrangimento que sempre passei por ser gorda. É como se eu tivesse constantemente infringindo uma lei, cometendo um erro grave.
Quando mudei de emprego, resolvi começar (de uma vez por todas) uma nova etapa da minha vida. E a mudança iniciaria por trocar o manequim. Voltei ao médico. Mais “bolas” para conter a gulodice e a ansiedade. Mas eu jurei que era para valer daquela vez. O clima de mudança me animava: ao deixar meu primeiro emprego (de quatro anos) me sentia confiante; cortei o cabelo; aos poucos esquecia um amor não correspondido – que me dava a eterna ideia de ser inadequada. Eu tinha uma enorme certeza de que não merecia ser amada por causa do meu peso. Amada por um homem, por amigos e também pela família.
Dessa vez, focada nas mudanças, foi fácil perder 8 kg. Fiquei fascinada: era de novo GOSTOSA. Palmas para mim. O astral não podia ser melhor. Ainda faltavam muitas conquistas na vida, mas só por saber o meu poder de transformação, minha coragem já crescia.
Arrumei namorado; terminei namoro; arrumei outro ... Além de estar ótima comigo, fazia sucesso com os outros. Decidi não ir mais ao médico, pois além de ser muito cara a consulta, me achava forte o suficiente para continuar minha jornada sozinha. Eu ainda não entedia como funciona a doença chamada obesidade. Sequer desconfiava que era doente.
Procurei os Vigilantes do peso e emagreci quase 4 kg em 1 mês. UAU: pesava 62 kg! Descobri novamente que tinha um rosto bonito demais para ficar recheado de gordura. “Vai ser fácil manter-me assim”, dizia para mim mesma. Mas aí vem a fase mais difícil: todos estavam acostumados a me ver “gordinha” e quando a viam “magrinha”, diziam que se eu emagrecesse mais ficaria com cara de doente.
Começaram, então, os deslizes: um sorvete aqui (afinal, “eu estava bem”), uma pizza ali, uma lasagna “só hoje”. Claro que os 62 kg não duraram nem um mês. E eu no Vigilantes? Saí correndo, morrendo de vergonha de não conseguir manter o peso nem por duas semanas.
Estacionei por uns tempos nos 67 kg. Comecei a namorar um cara maravilhoso e que gostava de mim do jeito que era. Mas EU nunca estava bem comigo. Como pode? Realizei o sonho de toda mulher: encontrar um cara doce, amoroso, paciente e que não sabe a diferença entre estar com 70 ou 60 kg...
Um dos desastrosos efeitos da baixa auto-estima é depender da aprovação do outro para nos sentir bem e o desconforto de ser gorda por tantos anos fez eu ter uma ideia muito errada de mim mesma. Foi quando descobri que tenho uma doença muito séria chamada obesidade, uma doença cada vez mais presente na vida da população. Essa doença é muito mais séria do que pode parecer: ela deforma, machuca, enlouquece. Exclui.
Em 2001 concretizei um velho sonho: fiz plástica no abdômen e lipoaspiração (me livrei de 2,5 lt. de gordura). Virei outra pessoa. Emagreci 7 kg e passei a vestir roupas que sempre morri de vontade. Meu manequim diminuiu do 42 (apertado) para 40 (LARGO!). Foi uma transformação gigante.
Mesmo assim, voltei a brigar comigo mesma para não engordar, porque tenho a impressão de que se ganhar 500 gr. estarei assinando o atestado de incompetente.
Eu me cobro muito, eu sei, mas é assim que vivo. Já fiz terapia e tentei me convencer de que eu não sou só um corpo, sou muito mais. E percebi que nas épocas que estive magra, os problemas continuavam. Estar magra não era certeza de felicidade. Mas é difícil: são anos e anos de sofrimento. Repito:para quem não sabe o que é ser gorda pode parecer loucura isso, mas só quem sofreu ou sofre de obesidade entende.
Há uns 5 anos passei por momentos bem difíceis na vida profissional e pessoal e cheguei aos 77kg. Por mais esforço (dieta e exercício) não conseguia perder 100gr. De tanto tentar e falhar, tentei me convencer de que posso ser bonita gordinha. Mas recentemente na terapia descobri o seguinte: estar magra não me garante estar feliz, mas estar gorda, definitivamente, me deixa infeliz. Infeliz e medrosa, a ponto de sequer conseguir dar em cima de ninguém. Acho que nunca serei correspondida enquanto estiver gorda.
É por isso que continuo lutando contra a balança. E esse é um desafio muito particular, muito íntimo, por ser muito intenso e nem sempre as pessoas à minha volta entendem. Mas estou na luta ainda: pela perda de peso e pelo aumento de minha auto-estima.
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