segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Qualquer Lua

Por motivos desconhecidos, eu adoro a Lua.
É um baita clichê e certamente meu lado metido a fashion e vanguarda torce o nariz para meu hábito de olhar pro céu "só pra ver como a Lua tá hoje". Faço isso quase todas as noites.
Detesto essas coisas melosas que, de tanto ser romântico, vira brega.
Não tem nada de original gostar da Lua e eu adoro ser original. Que mico! Acabei aqui, escrevendo sobre o que qualquer um escreveria.
Mas o que eu posso fazer se uma Lua, seja qual for, me hipnotiza?
Já tentei entender o porquê disso: me lembro de algo? de alguém? Não, não me vem nenhuma memória especial à mente quando vejo a Lua.
Sendo bem honesta, só sei distinguir a Lua Cheia das demais e nunca tive paciência para aprender qual é a Nova, a Minguante ou a Crescente.
Um dia li um poema do Manuel Bandeira e desisti que encontrar sentido para o poder que este satélite tem sobre mim. Bandeira não era de ficar enfeitando as coisas, adoçando o que não tem doce.
Eu tinha uns 14 ou 15 anos e lembro que achei a coisa mais linda do mundo ele descrevê-la como "demissionária de atribuições românticas". No alvo!
Uma Lua sem frescura. Era essa a Lua que eu queria. É essa que me fascina porque adoro não precisar de explicações. Adoro os verbos intransitivos. Meus sentimentos são intransitivos.
Desde então, passei só a curtir o efeito da Lua em mim. Não quero explicações de onde vem essa atração, esse fascínio.
E mesmo que, num ataque de cafonice, eu já tenha quase morrido de nostalgia olhando da minha janela a Lua mais bonita do mundo, pra mim ela nunca é triste. Ela é só a Lua, minha grande paixão.

"(...)Ah Lua deste fim de tarde,
Demissionária de atribuições românticas,
Sem show para as disponibilidades sentimentais!

Fatigado de mais-valia,
Gosto de ti assim:
Coisa em si,
- Satélite."

- Manuel Bandeira