sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Frases kamikazes

Não gosto de rotina: fazer todo dia o mesmo trajeto pro trabalho, sair pra almoçar todos os dias no mesmo horário, no mesmo restaurante. Como não posso me dar ao luxo de mudar de emprego a cada 6 meses e assim conhecer um monte de gente nova, eu faço o que posso pra sair do piloto automático: tem dia que vou trabalhar de ônibus, tem dia que pego um taxi e peço para passarmos pela praia. Em vez de almoçar, pego um livro pra ler e por aí vai... tento não repetir as coisas, acho que é pra não morrer de tédio.
Meus amigos também são ecléticos: tenho o melhor amigo para falar besteira, outro pra pedir conselho, uma amiga certinha pra ir à exposições, outra meio porralouca pra ir pra Lapa. Assim, vou dando nuances diferentes pra minha vida não ser assim tão linear.
Só tem uma coisa que não muda: um instinto eterno (e secular) de acabar com as coisas antes que se tornem “sérias”, pra valer. To falando de relacionamentos, claro. Toda vez que a coisa parece estar no caminho certo, um bichinho auto-destrutivo ou super-protetor (depende do ponto de vista ou da linha de terapia de quem quiser analisar) dá um jeito de estragar tudo.
Adquiri um talento incrível para isso: estragar as coisas virou minha especialidade. Se por um lado parece coisa de gente doida (e não é?) ao mesmo tempo vejo como o melhor jeito de não sofrer. Faço isso pra enxergar logo qual é o tamanho do cérebro do cara e quão parecido ele é com todos os outros que já estiveram no meu caderninho de telefone.
Vou te falar uma coisa: chega a ser engraçado como os homens são mesmo todos iguais. Falo isso sem mágoa ou amargura. É quase científico: experimenta falar uma das minhas frases kamikazes que você vai me dar razão. Sim, eu falo sempre as mesmas frases, mostrando assim que aprendi alguma coisa com o sexo oposto. Falo as mesmas frases para os mais diferentes caras. E a reação é sempre muito parecida: o sujeito vira praticamente um maratonista. Corre trocentos quilômetros e depois desaparece do mapa. Nem no Google eu o encontro mais.
As tais frases não expressam, necessariamente o que sinto ou o que de verdade gostaria de dizer. Confesso que é um teste meio sádico de minha parte. Eles somem mas eu dou risada. E me livro de um bobão emocionalmente imaturo.
Que frases são essas que produzem efeito tão devastador? Alguns exemplos são “A gente combina pra caramba”, “Minha mâe vai adorar te conhecer” ou “Lá é lindo. No feriado da semana que vem a gente podia ir lá”.
Muitas vezes tenho certeza de que o cara (que é até gente boa e tem um papo legal) e eu somos totalmente diferentes e também jamais teria coragem de apresentar um “Zé-Ninguém-em-potencial-na-minha-vida-amorosa” para minha família. Mas eles sempre acreditam nisso e metem o pé.

Quando vejo que a figura não me liga há 3 dias, constato, numa felicidade amarga, porém esnobe, que eu estava certíssima. O cara não era nada daquilo que falava. Sinto um misto de alívio e preguiça, pois sei que vou ter de começar do zero com outro. E eu morro de preguiça de conhecer alguém, e contar as mesmas coisas sobre mim, e esconder as mesmas coisas sobre mim, e explicar que aquela não é minha prima de verdade, que a gente é amiga há muitos anos e por isso se considera prima e... nossa! Quanta trabalheira para, depois da 1ª ou 2ª frase “Ou dá ou desce” , o cara odiar o dia que me conheceu.
Gostaria muito de conseguir mudar esse meu comportamento-padrão, mas é mais forte do que eu, é um vício, eu diria. A sensação de constatar que eu estava certa, que ele não merecia ouvir coisas tão íntimas como “passei a tarde toda pensando em você” , parece uma medalha. Acertei de novo: o alvo era a maior furada! Mas aprendi a rir disso também.
Tem uns que fingem não ter ouvido aquilo e insistem em continuar na história. Aí eu vejo que ele é mais vivido, deve pensar “vou empurrar com a barriga”. Já cheguei a pensar que esses que não desistiam da 1ª bateria de testes eram mais maduros ou, quem sabe estão mesmo a fim. Deve ser meu lado pisciano insistindo em dar as caras e me fazendo ter uns surtos românticos.
A 2ª bateria de testes consiste em dizer “você prefere menino ou menina? Eu sempre quis ser mãe de menina”, “na minha família tem muitas pessoas de olhos azuis. Quem sabe nosso filhinho também não terá?” ou “deixa a chave da sua casa comigo?”. Mesmo sendo eu a protagonista e, portanto, a que acaba ouvindo "qualquer hora a gente se vê", dou risada.
O que me deixa pau da vida é homem que já encarou um monte de mulher carente e que pegou medo de compromisso. Esses são terríveis porque eu falo "tô morrendo de saudade" e o cara "eu quero casar com você”. Falo pra ele passar lá em casa e ele entende que é pra pedir a minha mão em casamento aos meus pais, que nem moram aqui.

Muitas vezes quem ta a fim de meter o pé sou eu mesma, e uso essas granadas faladas só pra ter a certeza de que ele nunca mais vai me ligar ou me atender. E que vai me bloquear no MSN. É o jeito que encontrei de me proteger de homem medroso ou machista. Porque eu acho que um sujeito que perde o interesse só porque sabe que ali a partida já ta ganha é um machista com cérebro de ervilha. E também acho que o cara que treme de pavor por saber que eu to ficando a fim dele é um medroso. “Ficar a fim” é ficar a fim de sair, de dormir junto, de sair pra jantar. Não é ficar a fim de escolher os padrinhos ou a Igreja.
Medroso ou machista, não importa, no fundo ele é um pretensioso. É muita pretensão achar que quero ter um filho dele só porque ele me despertou um sentimentozinho à toa. É um descaramento achar que tudo bem dormir na minha cama, fumar no meu quarto, mas andar de mãos dadas na orla requer mais intimidade. Vai se catar.
Como funciona a mente de uma criatura assim? Como ele pode me enxergar tão assustadora só porque falei que lembrei dele ontem à tarde? Caramba! É tão difícil sacar que eu também tenho vários medos, e o de me envolver demais é o maior deles? Será que ele não é inteligente o bastante pra sacar que mulher também tem medo de assumir compromisso? Acho uma sacanagem me incluir na lista daquelas que querem casar a todo custo: eu já casei uma vez, agora eu quero é amar e ser amada. E ser feliz, claro. Acho uma injustiça me ver como uma louca de “trinta e uns anos” cujo relógio biológico implora por um filho: eu não quero filho, cacete. Não percebeu?
E também não adianta você me perguntar o que eu quero. Não sei, droga.
Quem sabe um dia eu aprendo a conviver bem com a rotina? Quem sabe um dia eu não pare de estragar tudo? Ou, quem sabe, existe mesmo um carinha gostoso, gente boa e que também sinta saudade de mim sem pensar em casamento, só em ser feliz?

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

MOMENTO POESIA



Pode parecer promessa
mas eu sinto que você é a pessoa
mais parecida comigo
que eu conheço
só que do lado do avesso.
.
Pode ser que seja engano
bobagem ou ilusão
de ter você na minha
mas acho que com você eu me esqueço
e em seguida eu aconteço.
.
Por isso deixo aqui meu endereço
se você me procurar
eu apareço
se você me encontrar
te reconheço.
.
Alice Ruiz

DIA DO MESTRE

Hoje meu coração está em festa: passarei o dia inteirinho mandando beijos aos meus eternos professores.
Fica registrada aqui minha admiração e gratidão à Tia Marina e Tereza (Literatura), Adélia (Português), Maurício (Inglês), Marita e Copinho (História) e Pedro Macário (Oficina de texto). E também àqueles que não me deram aula mas me ensinaram muito: minha avó Cininha e a querida leitora Mônica.
Sou uma eterna apaixonada pelo assunto EDUCAÇÃO e por isso valorizo tanto estes Mestres que passaram por meu caminho e me fizeram uma pessoa um pouco mais culta.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

DIA DE FESTA II: ANIVERSÁRIO DA MINHA IRMÃ

Hoje, além de ser Dia de Nossa Senhora Aparecida, é também aniversário da minha amada irmã Gisele. Nada que eu escrevesse diria metade do amor e admiração por ela. Por isso, mais uma vez, recorro a uma canção do Rei Roberto Carlos, porque nem mesmo o céu ou as estrelas, nem o mar ou o infinito é maior que meu amor, nem mais bonito. Gi, te amo pra sempre e mais um dia.

DIA DE FESTA: SALVE NOSSA SENHORA APARECIDA



Senhora Aparecida, eu renovo, neste momento a minha consagração.Eu vos consagro os meus trabalhos, sofrimentos e alegrias, o meu corpo, a minha alma e toda a minha vida. Eu vos consagro a minha família! Ó Senhora Aparecida, livrai-nos de todo o mal, das doenças e do pecado. Abençoai as nossas famílias, os doentes, as criancinhas. Abençoai a Santa Igreja, o Papa e os bispos, os sacerdotes e ministros, religiosos e leigos. Abençoai a nossa paróquia, o nosso pároco. Senhora Aparecida, lembrai-vos que sois Padroeira poderosa da nossa Pátria! Abençoai o nosso governo. Abençoai, protegei, salvai o vosso Brasil! E dai-nos a vossa bênção.

domingo, 10 de outubro de 2010

A menina sem-vergonha



Era uma vez uma menina que gostava das letras e das palavras. Ela tinha bonecas, bichos de pelúcia e muitos outros brinquedos. Mas gostava mesmo era dos livros da estante.
Essa menina aprendeu a ler muito cedo e dizem que até hoje se sai muito melhor com as palavras escritas do que com as faladas. Deve ser porque ela escrevia muito, desde sempre. Mas não gostava tanto assim de falar.
Quando ela foi para a escola, já tinha lido todos os livros infantis e achava os colegas de classe meio burrinhos, afinal, nem sabiam escrever o nome direito. Enquanto eles aprendiam a ler um texto até o final, ela já escrevia suas próprias estórias. E coloria suas histórias, porque de vez em quando ela já achava a vida meio chata.
Uma coisa que eu não falei é que a menina sempre foi meio tímida e tinha muita vergonha de mostrar o que escrevia para outras pessoas. Às vezes ela mostrava para sua mãe, que dizia que eram as estórias mais belas do mundo. E o pai da menina achava tão bonito ver a menina lendo e escrevendo sem parar, que ele nunca mais parou de comprar livros e revistas em quadrinhos.
Um dia, a menina teve uma professora que adorava ler suas redações. Então, ela perdeu um pouco (mas só um pouco) da vergonha e escrevia bastante nas aulas dessa professora.
A menina cresceu e continuava achando lindas as palavras escritas. E por isso ela um dia criou um blog, que substituiu as folhas de papel. A menina, que já não é mais tão menina assim, continuou escrevendo e não mostrando pra ninguém. Mas um dia ela se descuidou e quando percebeu, várias pessoas viraram leitoras do blog, que era pra ser secreto.
De um dia para o outro, a menina passou a receber comentários nos textos. Na maioria das vezes eram elogios, mas ela ficava com tanta vergonha... Depois da vergonha veio a sensação de responsabilidade de agradar. Aí escrever ficou meio chato.
O que fazer, então, se a menina precisa escrever para não enlouquecer? A saída foi escrever fingindo que ninguém ia ler. Deu certo.
Escrever pra ninguém ler não é perda de tempo. Ou é? Depende do objetivo de quem escreve. Eu não escrevo pra ganhar prêmios. Pra mim, escrever é como respirar, é como tomar um remédio que faz bem pra alma.
Demorei a perder a vergonha de dividir meus textos com outras pessoas. Mas no dia que percebi que essas “outras pessoas” não eram só leitores e sim amigos, pois entraram na minha vida de um jeito especial, tudo ficou mais fácil. Exceto escrever. Porque escrever é dolorido, é solitário e muito revelador.
Ah! A menina sou eu, tá?
E a menina aqui tem aprendido muito ao dividir suas histórias, estórias e ideias. Não consigo imaginar viver mais sem isso.
Por isso, hoje, depois de 30 mil visitas em pouco mais de 1 ano, senti uma vontade imensa de mandar um beijo bem carinhoso pra você, que me ajudou a ser meio sem-vergonha e não ter vergonha disso.
Então, aos 80 e poucos seguidores, e também aqueles que passam por aqui em silêncio, mando um abraço bem apertado e cheio de carinho. Sem vergonha nenhuma.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

MENINO LINDO, ENTENDA MEU SILÊNCIO DE HOJE


Preciso do teu silêncio
cúmplice sobre minhas falhas.
Não fale.
Um sopro, a menor vogal
pode me desamparar.
E se eu abrir a boca
minha alma vai rachar.
O silêncio, aprendo,
pode construir.
É um modo denso/tenso - de coexistir.
Calar, às vezes, é fina forma de amar.

. Affonso Romano de Sant´Anna